A Culpa é do Eleitor
No livro de Chico de
Gois, Os Ben$ que os Políticos Fazem (Histórias de quem enriqueceu
durante o exercício dos mandatos), Rio de Janeiro, LeYa, 2013, na página 27 ele
coloca: “A culpa, em última instância, de haver corruptos no poder é do próprio
povo”.
DISCORDO RAIVOSAMENTE
e aponto vários motivos (poderia ficar horas discorrendo ou você mesmo pode
fazer um livro muito legal contestando) para tal:
1. “O eleitor” aí se
divide nas cinco classes sociais de riqueza, de A até E; os do povo mal
conseguem sobreviver, ficar acima da linha abaixo da qual está a morte, e assim
mesmo sofrendo bastante com todas as perebas possíveis e imagináveis, como o
povo mesmo gosta de dizer, com as sequelas; não dá tempo para ler, se instruir,
pesquisar, nada além de batalhar duramente pela existência;
2. Nenhum político vai
chegar ao eleitor contando seus maus-feitos, apontando a roubalheira em que
porventura esteja metido, os achaques que comete;
3. Eles, os políticos,
se protegem mutuamente, inclusive distorcendo o anteprojeto de lei das 10
medidas contra a corrupção, apesar de ele estar sendo vigiado de perto;
4. Eles, os políticos,
queriam passar lei perdoando os crimes de caixa dois;
5. Mesmo quando saem do
Congresso (Câmara e Senado), das Assembleias estaduais, das câmaras de
vereadores, continuam interessados em se proteger e aos outros nos postos em
que foram colocados (como se sabe, o deputado que perdeu vai ser secretário da
prefeitura e assim por diante, é um troca-troca vergonhoso);
6. Procuram corromper
toda a coletividade, visando a impunidade (mesmo estando no presídio de Bangu
8, Gericinó, Sérgio Cabral continua apelando a Pezão, governador do RJ), mantém
laços de afinidade e conhecem os segredos uns dos outros;
7. E por aí vai, indefinidamente
até as minúcias. Como o objetivo aqui é só assinalar, não vale a pena eu
prosseguir no apontamento (mas faria todo sentido qualquer pesquisador
avançar).
Esse Gois é uma negação total, não atina com
o mundo, não possui visão de mundo, sentido de mundo. Só para dar ideia, ele
cita que na década dos 1990 o então deputado João Alves alegou ter acumulado
fortuna roubada ganhando na loteria (foi o meio de lavar o dinheiro sujo),
página 24: “Deus me ajudou e eu acertei duzentas vezes na loteria”. Veja só que
trapalhão! Se ganhar uma vez corresponde a uma vez em milhões, ganhar 200 corresponderia
a 1/g200, menor que um infinitésimo.
Nenhum juiz, político, governante, jornal se
incomodou com isso – o povo deveria fazer o quê?
Vitória, quinta-feira, 26 de janeiro de 2017.
GAVA.
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