A Cozinha
do Olimpo
Quem é que cuida de
limpar a Mansão dos Deuses (deve ser enorme), servir os pratos aos desocupados,
cozinhar, limpar as roupas? Sempre vimos o Olimpo, morada dos deuses pagãos dos
gregos antigos, pelo lado da festa da burguesia de lá, nunca pelo lado dos
trabalhadores.
Seria
divertido criar um roteiro mirando a rapaziada que entra no Olimpo pelo
“elevador de serviço”, a turma dos fundos, que cuida para que a sujeira dos
brilhantes deuses nunca transpareça e eles possam se vestir de seda e linho
para aparecer nas infindáveis festas.
Evidente
que é uma metáfora dos tempos modernos, porque, veja, no Brasil a FIBGE
(Fundação IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou do
Censo 2000 que o um por cento de brasileiros mais ricos reduziu-se a 0,6 % e
aumentou muito sua fortuna. Estão com mais para menos gente – enfim, os ricos
estão cada vez mais ricos à custa dos outros. Nos EUA as décadas dos 1980 e dos
1990, desde Reagan, foram concentradoras de riqueza, em proporção ainda maior.
Deve ter acontecido no mundo inteiro, que se mira sempre nos exemplos dos
americanos sacanas.
Com
isso os cineastas poderão mostrar que a vida e prazer dos Os-Limpos faz-se à
custa de Os-Sujos, os de trás, que garantem a permanente alegria dos da frente.
É possível fazer um roteiro consistente, mostrando os deuses falando de ações
de planetas, de fábricas, de turismo nos mundos, abordando algumas questões bem
marcantes e visíveis de alguns países, fazendo paralelo com a geo-história
recente da Terra.
Vitória,
terça-feira, 24 de dezembro de 2002.
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