segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


(1/40) n

 

                            Pensei que 2,5 % estão na extrema esquerda, 47,5 % no centro-esquerda, 47,5 % no centro-direita e 2,5 % na extrema direita, por conta da margem estatística de erro de 5,0 %. Se for assim, esses 2,5 % ou 1/40 são de grande utilidade.

                            Podemos contar que apenas 2,5 % nunca mintam, uma em cada quarenta pessoas num ônibus, cuja lotação gira em torno de 46 pessoas. Segundo a Veja ouvimos por dia 200 mentiras, o que eu não acredito, porque acho que nem falamos 200 frases por dia. Mas são muitas, e se for verdade o modelo então apenas 150 milhões de seres humanos não mentem.

                           Ora, o Dicionário geral se divide em duas partes, uma boa e uma ruim, com listas de pares polares opostos/complementares (mas, veja, o par fundamental homulher não tem de um lado só coisas boas e do outro só coisas ruins, deve ser equilibrada a distribuição). Assim, pensemos em doce e amargo; quem não mente e é AO MESMO TEMPO perfeitamente doce? A resposta é (1/40)2 = 1/1.600, ou 3,75 milhões de seres humanos. Se juntarmos justo e injusto, perfeitamente VERDADEIRO/DOCE/JUSTO (1/40)3 = 1/64.000, e dividindo os de cima obtemos 93.750, menos de 100 mil numa população de mais de seis bilhões. Como (1/40)6 torna-se menor que zero, nenhum ser humano pode encarnar PERFEITAMENTE seis ou mais qualidades, o que serve para medir a divindade, diga-se de passagem. Evidentemente num instantinho esgota-se e chega-se à divindade.

                            Seria útil para ver quantos se aproximam dessa extremidade perfeita, através dos 47,5 %, o que seria muito útil para ensinar à humanidade, vamos e venhamos. Não são as extremidades que nos interessam enquanto utilidade (embora fosse maravilhoso ver um iluminado, como Cristo e Buda, digamos, em ação, de perto), mas sim o centro, tanto o centro-esquerda quanto o centro-direita, em termos de trabalho e outras oportunidades, digamos os condutores de lazer. Perfeitamente bem-humorado é raro, mas bem-humorado não é, dentro de uma partição estabelecida por programáquina extrator do tipo 1.0 em evolução. Veja só que os P/M desse tipo serão construídos no futuro e poderemos ter professores em faixas dentro dos 47,5 % do centro-direita (só porque lemos da esquerda para a direita; no Japão colocariam o que é bom no centro-esquerda – chegue-se a um acordo, talvez colocando para cima).

                            Com tal P/M extrator poderemos colocar os mal-humorados noutras tarefas e eles mesmos compreenderão. E o lado ruim do Dicionário, querendo viver também, aprenderá a aceitar as tarefas em que TODOS não sejam ofendidos, pois uma pessoa mal-humorada pode ser justamente a pessoa valente de que precisamos para outra coisa.

                            Vitória, domingo, 01 de dezembro de 2002.

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