Re-Partição
Pública
Na Agência da Receita
Estadual (ARE) de Vitória onde trabalho agora a moça que fica na parte da
manhã, L, chega às oito, fica atoa até as 10, atende daí até as 13 e vai
embora, para um regime que em geral aceita dos administrativos seis horas
diárias (isso vem do ex-presidente Geisel - entrou em março/1974, saiu em
março/1979 -, que adotou o sistema quando tomou posse depois da primeira crise
do petróleo em 1973. A partir de 1976, salvo engano, os funcionários passaram a
fazer 30 horas semanais e devem ter sido os precursores no mundo. Como o
brasileiro é “jeitoso”, como todos dão nó até em pingo d’água, logo deram jeito
de reduzir ainda mais.
No meu caso, pretendendo
freqüentar o curso de matemática pedi para trabalhar de 12 às 20, mas foi
negado, contra a constituição estadual. Não obstante, a administrativa R chega
às 13:30 e atende até às 16:00 - quando fecham as portas que abriram às 10:00 – ou até o último residual ir embora, ficando
depois até as 18. Há ainda N, outra oficial administrativa, que tem horário
flexiível para ajudar essas duas.
Segundo
contagem do colega W há na ARE 13 fiscais - custando cada um bastante dinheiro
ao estado - quando somos no todo na ativa pouco mais de 400, no máximo 450; é
que aqui colocam os de “castigo”, ou porque fazem corpo mole ou porque, como
eu, discutem e brigam com as chefias. No setor de notas fiscais avulsas ficam
três colegas: JMCO, EP e DL, que decidiram por conta própria dividir sua rotina
de seis horas em três partes de duas cada das 10 às 12, das 12 às 14 e das 14
às 16 ou o que convir. Eu mesmo faço apenas seis horas, de 10 às 16, com
horário de almoço de 10 minutos, porque foi o jeito que acharam de matar meu
curso de matemática.
A
agência toda tem mais de 30 pessoas em vários graus de desocupação, exceto a
administrativa G, que trabalha muito e ganha pouco. Trabalhando de 8 às 20, com
duas horas de almoço, estão apenas J e P, ela chefe de agência e ele
supervisor, porque ganham três mil pontos a mais, com o valor do ponto a R$ 0,44
chegando por mês a mais 1.320,00, que com as vantagens característias de 70 %
em 20 anos de serviço vão a 2.244,00 a mais, com a agregação montando até a
morte a mais de um milhão de reais. São dedicados, dez horas diárias de
serviço, mas são regiamente pagos.
As
análises mostrariam as coisas mais extraordinárias no serviço público, causando
tanto espanto que deixaria qualquer um chocado: como o Brasil vai mudar para
ser primeiro mundo?
Vitória,
terça-feira, 19 de julho de 2005.
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