terça-feira, 10 de outubro de 2017


Pai num Instante e Pai por Toda a Vida


 

                            Um boboca num programa nordestino tarde da noite, que assisti obrigado no posto fiscal, fez força para ridicularizar o apresentador Luciano Huck, casado com a também apresentadora da Globo Angélica; de que ele seria “corno”, quer dizer, que a mulher dele transava antes com outro e o filho registrado por ambos seria de outro.

                            Se é mesmo verdadeira essa insinuação supermaldosa eu não sei nem quero saber. Em todo caso, isso coloca a questão do chamado “pai biológico” versus o “pai de criação”, aquele que cria (ou a mãe); no meu modo de entender o que se dispôs a criar tem milhões de méritos, enquanto o pai biológico não tem nenhum, é um canalha, porquanto cumpriu apenas o gesto animal de satisfazer a própria ânsia. Qualquer um sabe defecar, urinar, se alimentar ou qualquer ato biológico essencial; até há muitos que sabem escovar os dentes, dar nó nos cadarços e praticar outros atos aprendidos. Um é pai um minuto (até porque depois do gozo – sempre único – quem gera no útero é a mãe) e o outro é por toda a vida. Evidentemente o pai adotivo é o verdadeiro pai, enquanto o outro não passa de um fecundador, uma besta qualquer, covarde que abandonou o próprio filho. Não passa de um animal peçonhento. Como uma pessoa pode viver 70 anos (x 365,25 dias/ano x 24 horas/dia x 60 minutos/hora, pouco menos de 37 milhões de minutos), a relação é de 37 milhões para um entre o pai que cria e o pai biológico. Quem apostaria no pai biológico nestas condições?

                            Tenho 37 milhões de aplausos para o Luciano e zero para o outro, no caso de a acusação ser verdadeira. Mais, porque ele não cria apenas o filho, cria também a mãe abandonada (como ela a ambos, a ele e ao filho), a Angélica (embora ela ganhe muito dinheiro).

                            Eis (no caso de ser verdadeira a pérfida acusação) que o Luciano tornou-se um direto candidato ao Céu.

                            Vitória, sexta-feira, 01 de julho de 2005.

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