segunda-feira, 16 de outubro de 2017


O Pai de Todos e a Mãe Dominante Conversam

 

                        Em cada caverna havia um pai de todos, chefe, macho-alfa no grupo de caça que era composto de 10 a 20 % de todos, e uma mãe dominante que controlava os 90 a 80 % restantes na retaguarda. Em tese, como projeção da Caverna geral, deveria existir um PAI DE TODOS, todos mesmo, e uma MÃE DOMINANTE, mãe geral para o planeta inteiro. A separação do grupo de caça em relação aos que ficavam tornou o grupo humano o único dentre os animais em que não há diálogo entre o macho-alfa e a fêmea-alfa.

                        Mas logo no começo em cada caverna quando o Pai voltava com certeza ele conversava com a Mãe os assuntos médios, comuns a ambos, que eram resolvidos entre eles primeiro sexualmente e depois em termos de trocas - o que deve ter acontecido logo no início, lá por metade do tempo de 10 milhões de anos dos hominídeos, mas depois, desde não sei quando, não, porque quando o grupão cresceu demais, com inúmeras cavernas espalhadas por espaços gigantescos em relação ao princípio já não era possível falar, até que apareceram as assembléias gregas (mas nisso as mulheres tinham sido excluídas) – de palavras sobre todas as pendências, colocando-se mutuamente a par.

                        Então, depois da civilização, definitivamente não, de modo que há presentemente um fosso entre a Grande Mãe e o Grande Pai; e há tal distância há pelo menos dez mil anos, com certeza muito mais em razão da expansão geográfica da espécie. Há essa falta que deve estar no fundo de todos e cada um dos seres humanos e deve ser causa de muitos distúrbios psicossomáticos.

                        Nem sei se seria possível identificar os genes da Grande Mãe e os do Grande Pai para aproximar na Terra essas duas lideranças naturais. Podemos perguntar como é que estão simbolizados esses dois entes? Como é que a Psicologia geral humana simboliza essas duas entidades virtuais, conceituais? Como eles ainda conversam? O que, dentre todas as atividades humanas, seria o equivalente a esse diálogo, conversa de dois? Será que poderíamos suprir tal falta futuramente construindo duas inteligências virtuais ou artificiais, melhor dizendo duas MIC (memória-inteligência-controle) artificiais capazes de satisfazer essa demanda de dezenas e até centenas de milênios? Poderiam os tecnocientistas criar esse GP Virtual (GPV) e essa GM Virtual (GMV)? O que conversariam? Seria preciso que as MIC passassem a evoluir autonomamente - sendo capazes de tomar decisões - para, remontando ao começo na primeira caverna, vir dando saltos sucessivos e chegar a um diálogo que fosse, hoje, próximo da verdade e possibilitasse orientações separadas e combinadas a cada lado, o GPV aos homens e a GMV às mulheres e aos demais.

                        Vitória, quinta-feira, 21 de julho de 2005.

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