quarta-feira, 11 de janeiro de 2017


O Motor Mulher

 

Quando você anda no calçadão, é difícil acompanhar mulher, pois ela tem o andar compassado e constante, preparado para ir devagar e longe. O mesmo se dá pedalando bicicleta, não é fácil acompanha-las. Porém, devemos esperar constatar, nas caçadas os homens seriam invencíveis, com corridas ligeiras, intensas e de curta duração movidas a adrenalina. Pensando bem, é isso que deveríamos esperar delas na formação pela caverna-terreirão e deles na preparação para caça-pesca.

Ficando com aqueles 80 a 90 % de todos, enquanto 20 a 10 % saíam em busca da grande proteína, elas cumpririam tarefas cíclicas durante todo o dia (daí o texto A Estranha Instituição das Férias Femininas), durante toda a curta vida em que a partir da menstruação teriam filhos todo ano (o resguardo foi proteção revolucionária) por 10 a 15 anos, sempre sujeitas a morrer (a autoproteção pediria que rapidamente elas se especializassem em cuidados antissépticos) nos constantes partos. Muitos gêmeos e trigêmeos, visando produzir maior contingente no mais curto tempo, elas viviam empencadas de guris – grandes e valentes companheiras.

Andavam para lá e para cá como formiguinhas ligeiras, fazendo mil tarefas, conversando a torto e a direito em vários níveis, com suas cinco memórias (de que já falei), com o fogo feminino controlado (diferente do fogo masculino arrasador), obrigadas a pacificar a fúria masculina no retorno, controlando as menininhas que queriam transar logo, afastando as velhas debochadas, cuidando dos velhos ranzinzas e reclamões, curando os guerreiros em processo de recuperação, atentas aos roubos de crianças pelas inférteis, constantemente operando as coletas, administrando os BIF, bioinstrumentos femininos, afastando pássaros e cobras, cuidadosas quanto a predadores (que poderiam, em um segundo, levar os bebês) – enfim, tinham centenas de tarefas diárias, além de satisfazer aos homens sexualmente quando voltavam, produzindo mais bebês, dos quais provavelmente metade morria. Sempre embuchadas, grávidas. Eram companheiras extraordinárias.

Então, com toda certeza, a natureza na Terra produziu um motorzinho muito esperto e trabalhador, especialmente naquela fase do supervulcão em Toba há 70 ou 75 mil anos, quando restaram somente 500 a dois mil casais, ou depois, no fim da Glaciação de Wisconsin, por volta de 15 a 12 mil anos.

Formidável.

E ficam esses falsos homens, cavalos de crista, batendo em várias, o que muito me irrita – não fazem a mínima ideia.

Ah! Que criaturas maravilhosas.

Vitória, quarta-feira, 11 de janeiro de 2017.

GAVA.

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