Jogo e
Trabalho
Há gente que se
orgulha de ter jogado durante quase a vida toda na Loteria Esportiva e nas
demais loterias, ou na maioria, até no Jogo do Bicho. Alguns jogaram muito, eu
joguei pouquíssimo, umas 20 vezes, se tanto. Todas essas pessoas, inclusive eu,
daquelas vezes em que aceitei participar, pensavam o quê?
As
loterias patrocinadas pelo Estado brasileiro (contra os fervorosos votos da
Constituição) logo de cara tiram 66 % a vários títulos (Imposto de Renda,
destinações aos esportes e cultura, etc.). Restam 34 % ou o que for. Até
milhões jogam a cada vez, mormente quando acumula. A loteria La Gorda,
espanhola, parece que paga centenas de milhões, enquanto as brasileiras chegam
a uns 15 milhões de dólares, quando acumuladas. É tirado de milhões de
indivíduos e colocado nas mãos de um ou de alguns, não muitos, tremenda
concentração de renda.
Além
de os governos já nos tirarem os tributos (no Brasil são 58), sendo oito
federais, quatro estaduais e quatro municipais/urbanos, nos tiram também através
dos jogos. E não devolvem sob a forma de excelentes obras. Uma parte dos
tributos é desviada, uma parte paga obras de má qualidade, uma parte paga juros
e uma parte os gastos necessários e desnecessários com o funcionalismo e
custeio.
As
pessoas pensavam no enriquecimento, mas os jogos são: 1) cobrança indevida de
tributos, 2) concentração de renda, 3) treinamento para o vício. Isso e outras
coisas horrorosas são os jogos patrocinados pelo Estado, que, no entanto,
deveria dar o exemplo. Porque em vez de mirarmos o trabalho nos divertimos com
o vício. Em vez de valorizar o trabalho, valorizamos os subterfúgios, o
enriquecimento lícito, mas não legal através da jogatina desenfreada.
Esse
é o Brasil que vai para frente, rumo ao precipício.
Vitória,
quarta-feira, 25 de dezembro de 2002.
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