terça-feira, 24 de janeiro de 2017


Diálogo Humano

 

                            Seria interessantíssimo colocar microfones, com o conhecimento e consentimento das pessoas (em indivíduos, em família, em grupo, na empresa – para todas as idades e combinações de raças, de sexo, etc.), evidentemente, pedindo-se que falassem naturalmente, sem restrições, como o fariam sempre, gravando-se e transcrevendo-se as falas com as pausas, os risos, as interrupções, tudo, para ver a rápida mutação dos assuntos, a provocação ou aparecimentos de linhas novas de diálogo, os saltos no espectro dos interesses.

                          De onde vêm os assuntos que as pessoas falam? Como eles emergem? Quantos assuntos novos surgem por unidade de tempo? Quem “puxa” mais assuntos? Existe dependência em relação à formação escolar? A quantidade é a mesma quer se esteja trabalho quer não? Como é que o diálogo humano se dá? Quando existem mais de duas pessoas como são trocados os direitos de fala? Existe socioeconomia de palavras por sexo?

                            Ora, os seres humanos dialogam há milênios, mas não vemos transcrições, exceto nos livros, ou não podemos ouvir as conversas, a menos que sejam construídas na TV, na Rádio, onde for. Claro que não se pode publicar os nomes surgidos, porque as pessoas tenderiam a castrar-se na liberdade de abordar qualquer assunto.

Se antes era proibitivo projeto de tal envergadura, porque não haveria papel no qual coubessem tantas palavras, agora temos a Internet para instituir um canal bilateral. Agora temos base para desenvolver a observação do vasto falar humano mundial nos quatro mundos, no Norte e no Sul, entre os latinos e não-latinos, no Oriente e no Ocidente, etc., uma amplíssima variedade, que em si só é fascinante, tanto para lingüistas como para psicólogos, para sociólogos e economistas e outros teóricos, até para os leigos.

                            Vitória, terça-feira, 14 de janeiro de 2003.

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