A Outra Leitura Estatística
Faz
mais de dez anos os que têm religião citavam satisfeitos que 85 % das pessoas
do mundo tinham algum gênero de crença, ao passo que agora li que 80 % se
encontram nessa situação. Quem não é estatístico ou não pensa pode se deixar
enganar pela massividade de 85 ou 80 %. Pensemos que 15 % de seis bilhões
correspondem a 900 milhões de pessoas, quase uma população da Índia, quando há
um século podiam ser contados aos milhares ou no máximo centenas de milhares os
ateus. Mais ainda, cresceu cinco porcento em dez anos, ou o que seja, estou
citando de cabeça, é preciso pesquisar. Parece pouco, mas é 1/3, 33 % do que já
estava antes. Nesse ritmo em poucas décadas todos seriam descrentes.
Ainda
agora está passando uma propaganda na TV dizendo que “oito em cada dez
brasileiros não precisam de drogas para viver”. Lendo do outro lado, dois em cada
dez, sim, o que quer dizer em 170 milhões que éramos há pouco 1/5, 20 %, 34
milhões, uma em cada cinco famílias, com concentrações, o que é um problema
assustador. Ora, cada um desses comunica-se com uns tantos, o que avulta ainda
mais o problema, porque para consumir drogas não é necessária coragem, como é
preciso para ser ateu. E ser ateu hoje é diferente de tê-lo sido há 100 anos,
porque então era extremamente mal visto, ao passo que agora existe tolerância
de crença ou de descrença. Entrementes, ser ateu é acreditar que a vida termina
mesmo, não há continuidade, não há vida depois da morte, nenhum Deus para nos
salvar da completa extinção, o que é uma coragem extraordinária, ao passo que
consumir drogas é sempre a favor, pelo menos enquanto durar o “caro” (pois não
é barato) ou enquanto houver dinheiro para comprar.
Num
mundo sem solução para a solidão e a falta de propósito de vida de tantos, de
desintegração estimulada das famílias e dos valores de união, de
supersexualização, de prostituição via Internet, etc., “cair nas drogas” é
daqui para ali, ainda mais a propaganda do proibido estando sendo tão
financiada pelos governempresas.
Em
resumo, as pessoas não sabem ler as informações disponíveis. E, veja, elas
estão em toda parte.
Vitória,
sexta-feira, 25 de outubro de 2002.
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