domingo, 1 de janeiro de 2017


A Outra Leitura Estatística

 

                            Faz mais de dez anos os que têm religião citavam satisfeitos que 85 % das pessoas do mundo tinham algum gênero de crença, ao passo que agora li que 80 % se encontram nessa situação. Quem não é estatístico ou não pensa pode se deixar enganar pela massividade de 85 ou 80 %. Pensemos que 15 % de seis bilhões correspondem a 900 milhões de pessoas, quase uma população da Índia, quando há um século podiam ser contados aos milhares ou no máximo centenas de milhares os ateus. Mais ainda, cresceu cinco porcento em dez anos, ou o que seja, estou citando de cabeça, é preciso pesquisar. Parece pouco, mas é 1/3, 33 % do que já estava antes. Nesse ritmo em poucas décadas todos seriam descrentes.

                            Ainda agora está passando uma propaganda na TV dizendo que “oito em cada dez brasileiros não precisam de drogas para viver”. Lendo do outro lado, dois em cada dez, sim, o que quer dizer em 170 milhões que éramos há pouco 1/5, 20 %, 34 milhões, uma em cada cinco famílias, com concentrações, o que é um problema assustador. Ora, cada um desses comunica-se com uns tantos, o que avulta ainda mais o problema, porque para consumir drogas não é necessária coragem, como é preciso para ser ateu. E ser ateu hoje é diferente de tê-lo sido há 100 anos, porque então era extremamente mal visto, ao passo que agora existe tolerância de crença ou de descrença. Entrementes, ser ateu é acreditar que a vida termina mesmo, não há continuidade, não há vida depois da morte, nenhum Deus para nos salvar da completa extinção, o que é uma coragem extraordinária, ao passo que consumir drogas é sempre a favor, pelo menos enquanto durar o “caro” (pois não é barato) ou enquanto houver dinheiro para comprar.

                            Num mundo sem solução para a solidão e a falta de propósito de vida de tantos, de desintegração estimulada das famílias e dos valores de união, de supersexualização, de prostituição via Internet, etc., “cair nas drogas” é daqui para ali, ainda mais a propaganda do proibido estando sendo tão financiada pelos governempresas.

                            Em resumo, as pessoas não sabem ler as informações disponíveis. E, veja, elas estão em toda parte.

                            Vitória, sexta-feira, 25 de outubro de 2002.

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