O Pai de
Todos e o Sentido de Grupo
O equivalente da mãe
dominante é o pai de todos, o macho-alfa entre os caçadores, o líder dos grupos
de caça da caverna particular e da Caverna geral (em tese haveria um agora para
todo o planeta; Deus é até hoje chamado Deus Pai e a Natureza Grande Mãe, quer
dizer, a mãe dominante de todo o universo).
Devemos
ver os grupos de 10 a 20 % de todos saindo para caçar por dias, semanas e até meses
em longas e longuíssimas distâncias. Ficavam juntos, se protegiam uns aos outros,
adquiriam respeito interno e mais que tudo se defendiam mutuamente contra tudo
e contra todos, inclusive as mulheres e as mães e todos que ficavam nas
cavernas. Isso criou um sentido-de-corpo, um sentido-de-grupo para o qual não
existe similar.
O GRUPINHO E O GRUPÃO

Eles não se misturavam e quem perdia o status desejava
morrer, naqueles casos em que eram obrigados a ficar na caverna para o processo
de cura. Porisso os homens devem até hoje ter o reflexo de ocultar as doenças
quanto podem, no sentido de não serem excluídos do corpo de caçadores. E para
os jovens de 13 anos, imediatamente antes da passagem e de seu rito, a
aspiração de fazê-la, de passar ao grupo de guerreiros devia doer de tão
intensa. É um sentimento que não conhecemos mais, porque não existe esse salto
ou transição entre o não das mães e o sim dos homens.
As mulheres
não conhecem esse sentimento, pois não há solução de continuidade para elas;
para eles havia o salto, o abismal salto entre estar superprotegido como
queridinho e estar na guerra por conta própria – se vacilassem seriam engolidos
pelo predador e os guerreiros nem se voltariam para chorar. Assim era a vida e
eles sentiam imenso prazer em ser assim, dado ser o destaque natural na
proporção de 90/10 (9/1) até 80/20 (4/1). Ser guerreiro era POR NATUREZA estar
entre os festejados, os adulados, bastando dar prova de coragem (pois os covardes
eram enxotados como se mulheres fossem, caíam no ostracismo e viviam à margem
do grupo até que dessem prova convincente de coragem). Havia espírito-de-corpo
(como dizem os franceses), sensação de ser exclusivo, distinto, alvo das
atenções - o que a civilização matou.
No centro de
todos estava o macho-alfa, o pai-de-todos (conservou-se em português esse
sentido para o dedo médio, que é o maior da mão), o que tinha a atenção da mãe
dominante e, quando ela desejasse, das mães do seu grupinho e das mulheres
todas que iam chegando à condição de transar. O pai-de-todos era o super-herói,
mas era uma condição muito visada, sempre disputada pelos mais jovens que iam
chegando atrevidamente. Porisso o chefe era sempre desafiado pelos jovens
guerreiros que desejavam chegar a essa condição especialíssima, o que
certamente gerava muitas mortes, abrindo processo seletivo todo especial que
levou o PDT ao cume.
Vitória,
terça-feira, 19 de julho de 2005.