quinta-feira, 8 de novembro de 2018


Mané Pelé

 

Neste século 35, depois de 1.500 anos de avanços em arquiengenharia genética biológica-p.2 e psicológica-p.3 os tecnocientistas-matemáticos acharam-se capazes de replicar Pelé e Mané Garrinha, a genialidade (racional) de Pelé e a emocionalidade (emocional) de Mané Garrincha. Não poderiam chamar Pelé Mané, porque iria parecer ofensivo, pois “mané” em brasileiro é um bunda mole qualquer, daí colocarem o Mané na frente.

MANÉ E PELÉ

EDSON ARANTES DO NASCIMENTO
Descrição: http://user.img.todaoferta.uol.com.br/N/B/N0/MS4CA6/bigPhoto_0.jpg
MANOEL FRANCISCO DOS SANTOS
Descrição: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/89/Pelee_1902_2.jpg
MONTE PELÉE
GARRINCHA

O problema todo não era apenas a replicação dos corpos, o corpo negro de Pelé com as pernas tortas do Mané, a questão era a da genial-emocionalidade combinada, aquela competência lendária que acompanhara o crescimento do futuro e que fizera tantos sonhar através dos séculos, vendo e revendo em 3D simulado (em todos os ângulos possíveis e imagináveis) as jogadas celebérrimas deles, que emoção!

O jeito foi fazer um andróide.

A imitação foi tão boa quanto a que se poderia obter sem os moldes originais. Foi preciso estudar as fotografias, que ainda eram 2D em cores, bem pobres, insuficientes, com elas enquadrando os elementos todos. Os omnicomputadores debruçaram-se sobre os trejeitos, os dribles, as fintas, os maneios, as torções, tudo que eles fizeram.

A estréia foi hoje.

Claro que os demais criadores também levaram seus robôs, com toda liberdade de fazer isso e aquilo para tentar parar o Mané Pelé (já vimos jogar o Mané e o Pelé, mas neste caso foi especial a conjunção), mas fosse por que fosse, o fato é que o robô-andróide MP REALMENTE esmagou a concorrência. Ficamos pasmados: não é possível. Mas era, era sim, parecia que os dois tinham incorporado no andróide, foi entontecedor.

Eu mesmo, que participei do grupo de criação, fiquei assombrado, não parecia possível que aquilo tivesse saído de nossas mãos.

É claro que hoje em dia não existe mais nenhum ser humano original, só os novos-seres, porque se houvesse eu diria que meus cabelos ficaram arrepiados. Saí de lá rouco de tanto gritar. NUNCA, está ouvindo, NUNCA mesmo Alfa Centauro Quatro vai ver algo assim de novo. Não tem jeito. Recolhemos o Mané Pelé e o enclausuramos, não vamos dizer aonde; queimamos o projeto, vai tomar banho.

Quem gravou, gravou, que não gravou não grava mais.

Já assisti minha cópia mais de 200 vezes.

Serra, sexta-feira, 13 de julho de 2012.

Lobisomens: o Terror


 

- Samuca?

- Que é?

- Agora bateu uma coisa ruim no fundo do coração...

- Tá com taquicardia?

- Não, cara, é emocional, uma coisa ruim, uma sensação de que algo tá errado...

- Porra, Felipe, fala logo, cê tá me deixando nervoso. Tá passando mal, fala logo, caralho.

- Não, não, tô bem, é só o sentimento de que tem algo esquisito.

- Mas, o que é? Se você não disser não vamos poder conversar, vamos ficar o tempo todo aqui nessa melação?

- Você sabe, nós temos trabalhado demais controlando os vampiros para eles não proliferarem e agora existem mais do que nunca nas repartições públicas, nos consultórios, nos escritórios de empresas, nas escolas, no Fisco, no Judiciário então nem se fala, tudo chupando sangue, a quantidade de trabalho está crescendo, uma sufocação danada, estresse puro, você sabe.

- Tô cansado de saber, a gente nem dorme direito. Tá todo mundo do mesmo jeito. E dos quarenta pra frente é essa luta, você tá ciente.

- Claro. Então...

- Então o quê? Desembucha logo.

- Onde estão as lobis-mulheres?

- Pô, cara, você tem razão, cadê elas?

- Tô a seco há MUITO tempo.

- Eu também, agora que você falou foi que reparei. Cadê elas?

- Sei lá, pensei que você tava faturando, porque eu não tou.

- Cara, fiquei com todos os meus milhões de pelos arrepiados. Tô ficando bravo. Será que os vampiros traçaram elas?

- Você fala, no sentido sexual?

- Claro que não.

- Pode ser, faz tempo que não vejo.

- Eu te disse que isso de trabalhar muito não leva a nada. Esquecemos as coisas essenciais.

- É mesmo, sou uma besta.

- Também sou. E o mais difícil nem é escovar os pelos, é fazer chapinha.

VOCÊ VIU LOBIS-MULHERES POR AÍ?

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lobisomen
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http://jornale.com.br/wicca/wp-content/uploads/2009/02/lov.jpg

- E ir ao dentista também não é fácil, nem de longe. Teve aquela vez que perdi o canino direito e foi preciso implantar, lembra? O dentista ficou cheio de lanhadas no braço, cheio de escoriações, nem queria tratar mais, tá lembrado?

- Bom, vamos voltar ao assunto. Será que elas foram trabalhar em Hollywood? Tem muita coisa ruim acontecendo por lá.

- Se foram, como é que ninguém falou nada com a gente?

- Você é socialista utópico? Acredita em oportunidades iguais para todos os lobos?

- Não, mas se for assim, essa preferência, vou começar a gritar por cotas.

Serra, domingo, 08 de julho de 2012.

Língua à Mineira

 

PIADIM

Dois carros bateram, um era do mineirim, outro do americano que trabalhando no Brasil ainda não falava a língua portuguesa direito.
O americano, acostumado à realidade dos EUA, já saiu do carro com todos os dentes à mostra, a mão direita estendida, na mão esquerda o cartão da seguradora.
- Helou!
- RELOU O CARAI, MASSÔ TUDIM.

LÍNGUA À MINEIRA

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VARIASONS

I - Declaração Mineira de Amor aos Amigos...
Declaração Mineira de Amor aos Amigos... Amo ocê ! Ocê é o colírio du meu ôiu. É o chicrete garrado na minha carça dins. É a mairionese du meu pão. É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu - tenho dois). O rechei du meu biscoito. A masstumate du meu macarrão. Nossinhora! Gosto dimais DA conta docê, uai. Ocê é tamém:
O videperfume DA minha pintiadêra. O dentifriço DA minha iscovdidente. Óiprocevê, Quem tem amigossim, tem um tisôru! Ieu guárdêsse tisouro, com todu carinho, Du Lado isquerdupeito !!! Dentro do meu Coração!!! AMO Ocê, uai!!!
 
II – Tipos de assaltantes
 
Assaltante Paraibano: Ei bichin...Isso é um assalto!Arriba os braços e não se bula Num se cague e não faça mungança...Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a pexera no teu bucho e boto teu fato prá fora...
 
Assaltante Baiano: Ô meu rei... ( pausa )Isso é um assalto...( longa pausa )Levanta os braços, mas não se avexe não...( outra pausa )Se não quiser nem precisa levantar pra não ficar cansado...Vai passando a grana bem devagarinho... (pausa pra pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado, Não esquenta meu irmãozinho...( pausa )
Vou deixar teus documentos na encruzilhada...
 
Assaltante Mineiro: Ô sô, prestensão...Isso é um assarto uai! Levanta os braço e fica quetim Quessê trem na minha mão tá cheidibala... Mió passa logo os trocado que não tô bão hoje Vai andando uai!
 
Assaltante de São Paulo: Ôrra, meu... Isso é um assalto, meu... Alevanta os braços, meu... Passa a grana logo,meu... Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do CORINTHIANS, meu... Pô se manda, meu...
 
Assaltante Carioca:
Seguiiiinte bicho....Tu se ferrô. Isso é um assalto!
Passa a grana e levanta os braços rapá... Não fica de bobeira, vai andando e se olhar pra trás vira presunto.
 
Assaltante Gaúcho: O gurí, ficas atento...Báh, isso é um assalto! Levanta os braços e te aquieta tchê! Não tentes nada, e cuidado que este facão corta uma barbaridade. Passa os pila prá cá!
E te manda a lá cria, se não o quarenta e quatro fala...
 
Assaltante de Brasília: Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer para pedir seu voto de confiança. Prometo se eleito for te representar com responsabilidade e que por exigência do FMI ao final de todo mês aumentaremos as seguintes tarifas para dar uma ajuda aos pobres políticos do nosso país: Energia, água, passagens aéreas e de ônibus, gás, Imposto de renda, licenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, IPTU, ICMS, PIS, COFINS. Mas meu povo não se esqueça: somos uma nação feliz! O Brasil é penta e em fevereiro tem carnaval!!!
Variação linguística A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme. Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua. Ao trabalhar com o conceito de variação linguística, estamos pretendendo demonstrar: que a língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro; que a variação linguística manifesta-se em todos os níveis de funcionamento da linguagem ;que a variação da língua se dá em função do emissor e em função do receptor ; que diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profissão, são responsáveis pela variação da língua; que não há hierarquia entre os usos variados da língua, assim como não há uso linguisticamente melhor que outro. Em uma mesma comunidade linguística, portanto, coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação concreta de comunicação; que a possibilidade de variação da língua expressa a variedade cultural existente em qualquer grupo. Basta observar, por exemplo, no Brasil, que, dependendo do tipo de colonização a que uma determinada região foi exposta, os reflexos dessa colonização aí estarão presentes de maneira indiscutível.Descrição: http://htmlimg1.scribdassets.com/36lmjgow5c125es3/images/5-eb8402742c.pngDescrição: http://htmlimg1.scribdassets.com/36lmjgow5c125es3/images/5-eb8402742c.pngDescrição: http://htmlimg1.scribdassets.com/36lmjgow5c125es3/images/5-eb8402742c.png
 

Antão (que é uma anta grande), mermão (que é um mermo grande), se você soa (badala) muito com o calor, compre um ar condicionado.

O CÉREBRO COMPREENDE EM QUALQUER SITUAÇÃO (ele se adapta; não compreende letra por letra, pega as palavras e compara com as pré-armazenadas, o que quer dizer que dentro do nosso cérebro existem centenas de milhares delas, verdadeiro exercício de fixação)

Descrição: http://entrenessa.com.br/wp-content/uploads/2010/01/texto-com-letras-trocadas.bmp
Descrição: http://entrenessa.com.br/wp-content/uploads/2010/01/texto-com-letras-trocadasuu1.bmp

Finalmente as pessoas entenderam que vivemos dentro de uma tempestade uniforme-catastrófica e isso mudou tudo na educação.
Serra, sexta-feira, 27 de julho de 2012.

Leviatã

 

Rapaz, Jorginho ficou chato demais da conta.

Somos amigos há mais de 18 anos, não dava para evitar, tive de ouvir dia após dia. Não sei o que o levou a ficar contra os governos todos, ele passou a odiar, não queria contar por quê. Bom, amizade é isso, é para sempre, não dá para divorciar.

E toca falar mal dos governos.

Não era um ou dois, eram todos, todo dia no bar.

Perguntei a ele se falava assim para a mulher, ele disse que sim, depois soube que ela pediu o divórcio.

As pessoas do bar quando viam o Jorginho cortavam volta, achavam assunto noutra mesa ou até saíam dele, me deixavam sozinho, os canalhas, até alguns amigos antigos desavergonhados.

Tive que ouvir, dia após dia.

E de tanto ouvir fui olhar na Internet.

Primeiro foi o ES.

Olhei só para achar argumentos contra os dele. Vi que o GEES gastava mal mesmo, todos os poderes. Comecei a prestar atenção, fui investigar, era aquilo mesmo que ele falava, até pior. Puta merda! Que coisa escandalosa! Isso quando não escondiam as informações. Por acaso sou contador e apareciam as coisas mais ridículas, o que chamaram de “parafuso pentágono”, o parafuso que para o Pentágono americano custava 100 podia ser encontrado a 30 no mercado.

Fiquei espantadíssimo.

Aprofundei.

Rapaz, o que existe por aí você não consegue imaginar.

Passei a prestar atenção na mídia (TV, Revista, Jornal, Livro-Editoria, Internet, Rádio, Cinema), mas somente nas notícias sobre os governos, donos dos nossos tributos que vão alimentar aquela bocarra insaciável. As aplicações são as mais disparatadas, sem qualquer justificativa racional.

Olhei para os outros estados.

Fiquei tão fascinado que não fazia outra coisa. Diferentemente do Jorginho, minha esposa acompanhava, pois era advogada e nossos filhos já estavam fora nas faculdades. Ficávamos ansiosos para chegar a casa e sempre que sobrava um tempinho nos nossos escritórios, olhávamos também.

Fui aos países, falo três línguas, fora o português.

Pôrra, cara, quase caí da cadeira.

Não há nenhuma explicação. Uma quantidade de aplicações aquieta o povo, há a roubalheira e há tudo aquilo desnecessário.

Comecei a falar com as pessoas.

O Jorginho é nosso guia.

A ideia dele é que devemos rediscutir a razão de ser do Estado geral, com todos os seus desdobramentos. Antigamente, diz, as pessoas não podiam ter acesso nem às cidades vizinhas, quando mais aos estados vizinhos e a distantes continentes, mas agora tudo está ao alcance com a telefonia universal e a Internet; seria em tese possível “despedir” o governo inteiro e substituí-lo por formas pós-contemporâneas de políticadministrar.

O ESTADO-LEVIATÃ

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Hobbes
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O Estado.

Não é tão simples assim, pelo contrário, é complicadíssimo, contudo vale a pena discutir, levantar a peteca, revolver o lodo, oxigenar o fundo, desalojar os vermes, dar um susto nas criaturas escondidas, provocar a Grande Revolução: será que estamos pagando cem quando deveríamos pagar trinta? Caso estejamos pagando 70 a mais, não poderíamos – ao enxugar o Estado – gastar mais conosco mesmos?

A pergunta do Jorginho (que meses antes eu taxava de idiota) soa completamente necessária agora.

Tornei-me adepto.

Fã de carteirinha do Jorginho.

Agora que o Jorginho está por cima da carne seca e aparece na mídia a mulher dele voltou, finalmente descobriu o valor do Jorge. Quem não vê que ele é um cara supimpa?

Serra, sexta-feira, 13 de julho de 2012.

Levando na Flauta

 

POBRE VELHINHA

Quando dão aulas pra gente no curso de fiscalização citam esse exemplo clássico da velhinha que passava na Ponte da Amizade entre Brasil e Paraguai para lá e para cá com a trouxa de roupas, levando-as sujas e trazendo-as limpas, o que os fiscais federais sempre constatavam: definitivamente não havia muambas.
Os federais ficavam encafifados, com aquela desconfiança de fiscal coçando atrás da orelha. Paravam a velhinha, nem um rádio de pilha, nem um celular, nem um computador, nada mesmo ano após ano.
Até que um deles se aposentou, parou a velha e perguntou o que ela estava traficando e ela disse “motos”.

LEVANDO NA FLAUTA (flautas de todo tipo)

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Então, decidi “levar na flauta”, achei um esquema de colocar as pedrinhas de diamantes dentro do tubo da flauta doce, quando chegava ao destino soltava a cola. Inscrevi-me no curso de flauta e freqüentei seriamente, de modo a não ser pego por não saber tocar nada. Quando me pediam, eu tocava, dizia “estou aprendendo” (o que era verdade), saía meio-desafinado, o pessoal me dava um olhar cúmplice-piedoso e dizia “precisa treinar mais” e eu, modesto, “é mesmo, mas lutando eu chego lá”, as pessoas desconversavam e faziam sinal de que não queriam que eu tentasse ali, todos riam, era uma beleza de congraçamento.

Até achar um filho da puta de policial no aeroporto que era aprendiz também, achou estranho o som e foi olhar pelo interior do tubo se tinha algo atrapalhando...

Safado.

Serra, sexta-feira, 20 de julho de 2012.

Investigando o Átomo


 

FÓRMULA DE PRESSÃO


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- Seu Átomo, antes de tudo obrigado por conceder essa entrevista.

-...

- A senhor poderia falar mais alto?

O Átomo cresce até ficar do tamanho de gente.

- De nada.

- Do nada, né, o senhor estava tão pequenininho! Bom, voltando ao assunto. Aquele menino é foto de quando o senhor era pequeno, quer dizer, quando era criança?

- Era, sim, mamãe já fazia essas capas.

- Seu Átomo, há uma curiosidade: a fórmula de pressão é aquela, força sobre área. Por outro lado, a fórmula de Newton para força é F = G.m1m2/d2, que depende da massa, basicamente, e da distância do centro da Terra ao objeto, no caso o senhor. G é a constante. Então, se o senhor pesa...

- 85 kg (FALA BAIXINHO: pôrra, mandaram logo um físico desempregado).

- O quê?

- Nada, nada.

- Então, 85. Esses 85 se conservam e agora incidem numa área muito menor, dos seus pés reduzidos, isso não furaria a terra? Ou o senhor perde e ganha massa. Se perder, para onde ela vai? Se ganhar, ganha de quê? Sem falar na organização biológica-p.2 e psicológica-p.3.

- Puta merda, só pergunta difícil!

- Sim, porque se o senhor diminuir para um milímetro, fator de 1.000 (1 m para 0,001 m), a área reduz 1.000.000 para os mesmos 85.

- Olha, meu filho, você poderia conversar com nosso relações públicas na Liga da Justiça?

JORNALISTA (meio decepcionado) - Posso, sim, senhor. E isso de entrar em telefones antigos, havia certamente muita sujeira: o senhor deparava com muita sujeira antigamente em todos os estados, inclusive no DF, distrito federal, Brasília?

- Ah, claro, sujeira por toda parte.

- E agora, com os celulares, que não tem mais fio para o senhor andar, como ficou?

ÁTOMO (virando a cara para o jornalista não ouvir) – Cacete, quem mandou esse cara?

 JORNALISTA (esperando vários minutos sem qualquer resposta) – Certo, e o Fóton, o Elétron, o Nuclear?

ÁTOMO (enraivecido) – Tudo imitador! E mau humorados, a coisa está degenerando a olhos vistos. Nêutron, por exemplo, só quer saber de acabar com tudo, ainda usa o latim para os motes, Nihil (de onde vem niilista, você sabe), nada.

O jornalista balança a cabeça, concordando.

- Quem usa o latim hoje em dia? Só os padres. Agora tem o Molécula e apareceu uma cambada nova aí, os Irmãos Quarks, que conseguem ir mais para baixo, estão contratando eles para várias tarefas novas. E o sindicato? Não diz nada? E a antiguidade no posto, não vale nada? Onde está a Liga, que não se pronuncia, usa o átomo e depois joga o bagaço fora? Não há honra nisso, não?

JORNALISTA (embaraçado) – Seu Átomo, e essas revistas e livros que estão saindo explicando a tecnociência a partir de seriados como os Simpson, devemos prestar atenção?

ÁTOMO (nitidamente aborrecido ainda, mas grato por poder abandonar uma fonte de nervosismo) – certo, meu filho, ali está a Grande Compreensão, entende? É preciso ler a fonte, quem sabe das coisas.

Serra, terça-feira, 17 de julho de 2012.

 

Incógnitas

 

E os incógnitos.

James Bond deu com a mão, as incógnitas responderam alegremente, aquele bonitão, sempre mudando de face e de altura, que disface!

O pessoal do FBI, que formava um grupinho, estava espionando o pessoal da CIA com a ajuda do MI6 e do Mossad. Os arapongas brasileiros, desprestigiados, tentavam chamar atenção grampeando-se uns aos outros.

Joa Quim, o espião português mostrava a carteirinha de espião para todo mundo, de tão alegre que estava por ter sido admitido no serviço secreto.

As incógnitas não davam bola pra eles.

Tinha havido um engano, o cara que pintara a faixa do Congresso tinha feito um A parecido com O, como pode isso? Agora já estava feito, não tinha jeito, o lugar estava entupido de incógnitos, quando deveria ser reservado exclusivamente às incógnitas.

Ô saco!

Os jornalistas matemáticos tinham sido enviados para entrevistar, dado que estando afeitos a lidar com os matemáticos e a Matemática tinham mais chance de conseguir vazar a barreira da incompreensibilidade.

- Você é o X?

- Isso é uma incógnita.

- Um dos três você deve ser: X ou Y ou Z.

- Pode ser que sim, pode ser que não. Você tem 33,333... % de chance de acertar.

O jornalista ficou cabreiro, será que havia uma mensagem oculta ali?

- A menos que você seja uma constante infiltrada.

- Quem sabe?

- Se bem que constantes não mudam, vou ficar observando, se você mudar é incógnita.

- Muitos usam R, S, T, W, V e outras letras do final como incógnitas: aí está, você se enganou logo à partida, posso ser uma delas. Sem falar que há toda uma famílias de X: Xi, por exemplo, X1, como você vai saber qual é?

- Esse servicinho que peguei não está parecendo mais tão fácil.

- Servicinho, você disse? Foi contratado para apagar alguém?

- Não, não, fique tranqüilo.

- Tem mais, há Matrix a 100 mil equações e 100 mil incógnitas e só damos informações a quem é do ramo. Quem é de fora fica por fora mesmo.

- Não precisa ser rude.
Serra, quarta-feira, 18 de julho de 2012.