quinta-feira, 4 de maio de 2017


Tudo que é Bonito um dia Vira Bosta

 

                            A música (Tudo Vira Bosta, gravada por Rita Lee), surpreendentemente para mim, é de Moacyr Franco.

                            Cada coisa deliciosa deve estar representada por grandes cartazes de um metro e oitenta ou dois metros, para serem maiores que a maioria das pessoas, em volta do teatro inteiro, um em cada coluna, no chão, e cada pessoa recebendo ao entrar um “peloto” (como diz o povo; deve ser de pelota) de bosta, uma cagada danada de plástico.

                            TUDO VIRA BOSTA (são os retratos das ilusões da vida)

·        Ovo frito

·        Caviar

·        Cozido

·        Buchada

·        Cabrito

·        Cinzento

·        Collor

·        Prometido (das campanhas)

·        Programas dos partidos

·        Vinhos brancos deliciosos

·        Cachaças famosas

·        Fantástico chope escuro

·        Os heróis de nossa civilização

·        Os dedos ditaduros

·        A implicância dos grafites do muro

·        Os cartões de débito (pelo lado de quem paga)

·        O passado e o futuro (duas setas cravadas nos corações)

·        Filés perfeitos

·        Cogumelos alucinantes

·        Os dons do perignon

·        A Grande Salsicha

·        Arroz de montão

·        Aquele feijão

·        Muçul-manos também, e também cristãos

·        A Mercedes orgulhosa e o Fuscão, aumentativo de pobreza

·        A puta do putão

·        Nosso (mínimo) salário

·        Até o meu T-são

·        O pão de lá

·        A brevi-idade da Vó

·        O tô fun/dido

·        O mocotó do Pavarotti

·        O pocotó da eguinha pocotó

·        Ninguém, ninguém mesmo vai escapar do pó

·        Nem sua preciosa boca, nem seu útil loló

·        A rabada gordurosa

·        O adorado TUTU

·        A posição de frango assado

·        O detestado jiló

·        O delicioso quiabo

·        O prostituto deputado

·        A virtude dos corolas

·        O pecado das coroas

·        Este governo puro, tudo vira, vira mesmo, bosta.

MAKTUB, tudo passará.

Vitória, sábado, 17 de janeiro de 2004.

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