Tudo que é Bonito um
dia Vira Bosta
A música (Tudo Vira Bosta, gravada por Rita Lee),
surpreendentemente para mim, é de Moacyr Franco.
Cada coisa deliciosa
deve estar representada por grandes cartazes de um metro e oitenta ou dois
metros, para serem maiores que a maioria das pessoas, em volta do teatro
inteiro, um em cada coluna, no chão, e cada pessoa recebendo ao entrar um
“peloto” (como diz o povo; deve ser de pelota) de bosta, uma cagada danada de
plástico.
TUDO VIRA BOSTA (são os retratos das ilusões da vida)
·
Ovo
frito
·
Caviar
·
Cozido
·
Buchada
·
Cabrito
·
Cinzento
·
Collor
·
Prometido
(das campanhas)
·
Programas
dos partidos
·
Vinhos
brancos deliciosos
·
Cachaças
famosas
·
Fantástico
chope escuro
·
Os
heróis de nossa civilização
·
Os
dedos ditaduros
·
A
implicância dos grafites do muro
·
Os
cartões de débito (pelo lado de quem paga)
·
O
passado e o futuro (duas setas cravadas nos corações)
·
Filés
perfeitos
·
Cogumelos
alucinantes
·
Os
dons do perignon
·
A
Grande Salsicha
·
Arroz
de montão
·
Aquele
feijão
·
Muçul-manos
também, e também cristãos
·
A
Mercedes orgulhosa e o Fuscão, aumentativo de pobreza
·
A
puta do putão
·
Nosso
(mínimo) salário
·
Até
o meu T-são
·
O
pão de lá
·
A
brevi-idade da Vó
·
O
tô fun/dido
·
O
mocotó do Pavarotti
·
O
pocotó da eguinha pocotó
·
Ninguém,
ninguém mesmo vai escapar do pó
·
Nem
sua preciosa boca, nem seu útil loló
·
A
rabada gordurosa
·
O
adorado TUTU
·
A
posição de frango assado
·
O
detestado jiló
·
O
delicioso quiabo
·
O
prostituto deputado
·
A
virtude dos corolas
·
O
pecado das coroas
·
Este
governo puro, tudo vira, vira mesmo, bosta.
MAKTUB, tudo passará.
Vitória, sábado, 17 de janeiro de
2004.
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