terça-feira, 30 de maio de 2017


Morro Nesse Investimento

 

                            Os morros, especialmente os do Rio de Janeiro, capital, comportam milhões de moradores, que através do tráfico abrigado e complacente de drogas vem fazendo oposição à burguesia. Como anarco-comunista eu deveria estar feliz que a burguesia se desse mal, mas no caso há projetos mais elevados, porisso vou intervir.

                            É evidente que aonde chegam os lucros cessam nas almas de quase todos as oposições, porque vão se realizando os sonhos próprios e não os dos outros: piscinas em lugar da educação geral, viagens à Europa em lugar do projeto de igualdade e assim por diante. Há os resistentes, os que não se dobram nunca, que permanecem fiéis à revolução para sempre, mas são poucos. Para a grande maioria os desejos, exacerbação das vontades mínimas, ocupam o horizonte quando podem ser satisfeitos e tudo que é coletivo é deixado de lado.

                            Assim sendo, até para limpar a área dessa grande massa de inúteis para a verdadeira revolução é preciso diminuir sua excitação dinâmica, ou seja, sua temperatura de promessas vãs, dando-lhes aquelas satisfações que os aquietarão. Ora, basta levar ao morro investimentos e os de dentro calarão os traficantes.

                            INVESTINDO NO MORRO (como se faz nas baixadas)

1.       Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos);

2.      Sociologia (muitas, muitas organizações: divididas em PARA HOMENS e PARA MULHERES; com organizações comunitárias de ponta, voltadas, digamos, para os laços com a África);

3.      Ligações com os governempresas e pessoambientes (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; AMBIENTES: cidades/municípios, estados, nações e mundo).

Pode-se criar um Departamento das Favelas com um ministro sem pasta ligado diretamente ao presidente. Com uma Caixa de Sugestões aberta ao mundo inteiro, com endereços reais e virtuais, com uma Mesa de Telefonia com inúmeros PABX, com gente podendo realizar palestras – enfim, uma coisa revolucionária. Há tantas oportunidades que às vezes não sei o que essa gente andou pensando (para não dizer não-fazendo, porque muito pouco fizeram).

Vitória, terça-feira, 16 de março de 2004.

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