Pesquisador de
Poltrona
Há uma birra entre
os práticos que vão ao campo e lá mourejam por dez ou trinta anos para
descobrir mínima coisa e os que ficam sentados em cadeira em frente de mesa nos
escritórios de universidade ou refestelados em poltrona.
No fundo TODOS são
hoje em dia pesquisadores de poltrona, PORQUE já estamos bem avançados na
constituição dos níveis da mesopirâmide, tendo passado pelas PESSOAS
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) e pelos AMBIENTES
(cidades/municípios, estados, nações e mundo em processo de globalização).
Ninguém mais é um indivíduo puro situado sozinho lá na pré-geo-história
considerando as coisas pela primeira vez em toda a sua brutalidade e
virgindade. Todos nós estamos no vértice de uma pirâmide de Conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral.
Todos vivemos de uma
grande maioria de dados acumulados. Só uma parte pequeníssima das novidades vem
do campo; de fato, os práticos também são teóricos que antes de ir ao campo
foram longamente treinados em universidades e em escolas gerais. É o medo do
bizantinismo, de ficar raciocinando no vazio, sem retroalimentação, que nos faz
fugir da teoria, pelos excessos que já foram cometidos. Entrementes, agora a
maioria das novidades vem de dentro das mentes humanas, de pensar e repensar os
pensamentos alheios. Quanto vem do campo, agora? Seria até interessante obter
um mapeamento mais ou menos preciso. Essa pesquisa (sobre dados de outros) será
feita sobre números. A prática pura é apenas a do povo, que não interessa a
ninguém, porque não tem novidade nenhuma, é a mesma há seis mil anos.
Vitória,
segunda-feira, 19 de janeiro de 2004.
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