quinta-feira, 4 de maio de 2017


Pesquisador de Poltrona

 

                            Há uma birra entre os práticos que vão ao campo e lá mourejam por dez ou trinta anos para descobrir mínima coisa e os que ficam sentados em cadeira em frente de mesa nos escritórios de universidade ou refestelados em poltrona.

                            No fundo TODOS são hoje em dia pesquisadores de poltrona, PORQUE já estamos bem avançados na constituição dos níveis da mesopirâmide, tendo passado pelas PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e pelos AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundo em processo de globalização). Ninguém mais é um indivíduo puro situado sozinho lá na pré-geo-história considerando as coisas pela primeira vez em toda a sua brutalidade e virgindade. Todos nós estamos no vértice de uma pirâmide de Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral.

                            Todos vivemos de uma grande maioria de dados acumulados. Só uma parte pequeníssima das novidades vem do campo; de fato, os práticos também são teóricos que antes de ir ao campo foram longamente treinados em universidades e em escolas gerais. É o medo do bizantinismo, de ficar raciocinando no vazio, sem retroalimentação, que nos faz fugir da teoria, pelos excessos que já foram cometidos. Entrementes, agora a maioria das novidades vem de dentro das mentes humanas, de pensar e repensar os pensamentos alheios. Quanto vem do campo, agora? Seria até interessante obter um mapeamento mais ou menos preciso. Essa pesquisa (sobre dados de outros) será feita sobre números. A prática pura é apenas a do povo, que não interessa a ninguém, porque não tem novidade nenhuma, é a mesma há seis mil anos.

                            Vitória, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004.

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