As Chagas Expostas da
América Latina
Publicado pela
primeira vez em 1970 As Veias Abertas da
América Latina é um livro excepcional de Eduardo Galeano (Uruguai, 1940 -)
que tem corrido o mundo e feito sucesso. Expõe como a Europa predou a América
Latina impiedosamente. É certo que não concordo com as teses dele, porque as
acredito unilaterais; como a soma é zero no modelo a Europa tanto deu quanto
tirou, ou irá fazê-lo, até que sem intenção, mas acontecendo de fato.
Agora o Brasil vem
de se inscrever novamente para o Oscar (um sonho nacional idiota, dentre
tantos) com Carandiru, mais uma chaga exposta no pior sentido, daquele mendigo
que fica nas calçadas da vida ganhando a existência exibindo suas mazelas à
piedade dos passantes, sem lutar para GANHAR A VIDA, porque pela natureza das
propostas ela deve ser ganha na raça, não her/dada nem simplesmente dada como
esmola. É vergonhoso, porque só mostram as condições de pobreza, como esse
episódico e triste Cinema Novo/Velho vem de fazer desde a década dos 1950,
pedindo ao mundo doações para nossa pobreza-miserável.
As elites
cinematográficas não mostram os podres das elites financeiras e econômicas
(agropecuárias/extrativistas, industriais, comerciais, dos serviços e
bancárias), só divulgam a pobreza dos pobres, as chagas, o pus, o carnegão, as
feridas abertas, a dor, a destruição, a favelização, a prostração; não expõe,
não arreganham a revolta, a resistência efetiva dos quilombos, o novo Brasil
que está se fazendo nos subterrâneos – nunca apontam CONDIÇÕES DE EMANCIPAÇÃO,
de vitória. Sempre divulgam os revolucionários caçados, a população pisoteada,
sempre o lado ruim.
As elites do Cinema
geral nacional não disputam com as elites da riqueza, do TER, do superter
brasileiro. São franguinhas, são mulherzinhas, não agüentam uma briga, estão
sempre acovardadas. Expõe o povo em condições subumanas, em situações de
estraçalhamento, de redução, de diminuição até o nível animal (os estrangeiros
festejam e aplaudem! - o que Isso me deixa furioso).
Esses cineastas são umas
merdinhas.
Vitória,
quarta-feira, 28 de janeiro de 2004.
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