O
que Aprendi no Laboratório Bioquímico de Mamãe
Hoje em dia os homens cozinham, alguns são
grandes cozinheiros, fazem coisas extraordinárias, segundo tenho ouvido dizer,
sempre para os ricos e os médio-altos, raramente para os outros. Custa caro,
custa caríssimo o trabalho dos chefs.
Ora, como já disse no outro texto, O Laboratório Bioquímico de Mamãe, isso
vem dos 300 mil anos dos NEMAY (neandertais de Eva Mitocondrial e Adão Y), mais
recentemente dos 100 mil anos dos CROM (cro-magnons), mais perto dos 12 mil
anos de Jericó e das receitas guardadas (ninguém fez livro sobre essa
psicologia) desde a invenção da escrita há 5,5 mil anos. Chamo em geral de
lar-boratório, o laboratório do lar, a cozinha ancestral.
Isso é herança, 300 mil de trabalho feminino
em prol da humanidade. Como visto, as mulheres têm cinco memórias,
diferentemente de nós, que temos só uma – tudo que elas pensaram e memorizaram
foi dar na tecnarte de cozinhar e em tudo mais. Em particular, na cozinha,
preparar os pratos, lembrar da faixa de aparecimento de cada alimento, como
entregar as porções (tendo em vista o passado, o estoque do presente, as
necessidades futuras) para cada membro familiar, como aproveitar os resto, modificando-os
para continuar a interessar aos comensais, como aproveitar os restos dos restos
na compostagem para adubo, como dar o que for aproveitável aos animais de
criação.
Fenômeno!
Grandeza com a qual ainda não lidamos, a Psicologia
geral está atrasadíssima, como venho retratando, não vê a grande alma das
mulheres.
Em particular, sou, somos herdeiros dessa
longa tradição que vem passando de mãe a filha durante 300 mil anos. O LBM
(laboratório bioquímico de mamãe) me treinou de certo modo, cada mãe a seus
filhos; e através desse treinamento prossegui durante certo tempo, me desviando
por ter ido a restaurantes que me envenenaram durante 25 anos, lendo livros que
me desviaram da base, tomando os venenos para os quais não fui treinado na
infância.
Deveria ter permanecido fiel.
Cada qual (filho) com cada qual (sua mãe).
Comida caseira.
Não era apenas comida, era defesa, mas não
atinei com isso senão nestes tempos em que tenho sofrido de tremendas dores
abdominais.
Vitória, sexta-feira, 5 de maio de 2017.
GAVA.
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