quarta-feira, 3 de maio de 2017


Onde Começa o Infinito?

 

                            O infinito tem a estranha propriedade de começar em todo lugar e a propriedade ainda mais extraordinária de não terminar nunca, que nos dá a estranha condição de todo ponto ser também centro, sendo no mínimo a fantástica afirmação da importância de todos e cada um (na realidade, como Deus é o não-finito, o que está eternamente mergulhando no não-finito, TODOS são e cada um dos seres é, NECESSARIAMENTE, Deus).

                            Estava eu deitado à beira da poça no pé do meu prédio quando tive essa compreensão de que o não-finito começa em nós, em cada um e em todos. Isso quer dizer também que TODA iniciativa é sempre o começo do infinito, que todas as pessoas estão começando o infinito com cada ato seu, por menor que seja, e que qualquer ato, por maior que seja não contribui mais que qualquer outro para o infinito, por mais estranho que pareça a afirmação. Os atos de Einstein não contribuem mais para o não-finito que o de qualquer Zé-Mané (mas o mesmo não se dá no finito – neste, evidentemente, as descobertas de Einstein são MUITO MAIS importantes que as da maioria das pessoas).

                            Então, como representação na geometria, o infinito é o ponto todo no ponto; na reta começa nalgum lugar e não termina jamais (é um segmento orientado de reta); no plano tem um limite reto escolhido qualquer e segue dali; no espaço tem um plano delimitador; no tempo tem um zero que é espaço. Agora, aquele ponto inicial de uma reta já é apenas ponto por que passa outra reta não-finita, porque o não-finito engloba todos os pontos.

                            Enfim, o não-finito é uma das coisas mais esquisitas que há e a relação dele com o finito também é estranha a bessa.

                            Vitória, domingo, 18 de janeiro de 2004.

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