domingo, 28 de maio de 2017


Leitura do Modelo

 

                            Por vezes, tendo trabalhado durante tanto tempo no modelo, nas posteridades e nas ulterioridades, me esqueço de que ele não é trivial para as pessoas que estão de fora, que não fizeram o esforço de entendimento. Ele é simples, mas, como tudo, depende de as pessoas estarem convivendo simplesmente com ele. Se elas têm travas oriundas da antiga visão-de-mundo, percepção-de-mundo, irão ressentir-se disso ao reolhar através das lentes do modelo, de modo que seria preciso criar essas classes de leitura onde o modelo pudesse ser compactamente exposto, de modo que ao ler os 252 textos maiores do modelo e os 316 menores das posteridades e ulterioridades, sem falar dos até agora 70 livros de 50 artigos (3,5 mil). São muitos milhares de páginas que devem ser explicadas.

                            A pessoa explicando de viva voz fica muito mais fácil de entender porque o diálogo, a fala retroalimentar de duas vias permite sanar as falhas de compreensão, que não prosperam. É nitidamente mais fácil aprender com professor que sozinho lendo um livro, de modo que tenho de arranjar disposição para essa explicitação, para conversar com as pessoas sobre o modelo e sua possível explicação. Isso toma tempo e se as tarefas forem muitas será preciso treinar os intermediários, os que, lendo os livros do modelo possam explicá-los a contento. Isso também toma tempo. É bem um círculo: para diminuir o tempo gasto com explicações é preciso gastar tempo com explicações. Muitas vezes os que escrevem se perguntam em nome de quê começaram tudo isso, porque é fácil manter-se como quase todos ao nível de subsistência, de mínimo contato com o mundo, que é, todavia, muito chato.

                            Vitória, sábado, 13 de março de 2004.

                     José Augusto Gava.

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