sábado, 6 de maio de 2017


Deixando as Coisas para a Frente

 

Desde quando meu pai morreu em 1978, quando tinha 24 anos, venho pensando em suicídio; desde quando passei os apertos dos aumentos constantes de pressão quando tinha 47 ou desde a operação aos 49, penso na morte diariamente.

Isso é motivo para reflexão.

Já adiantei muitas coisas sobre Deus-i-Natureza, sobre a morte, sobre uma quantidade bastante extensa de facetas da essência divina e da existência natural.

Agora devemos pensar na frase “deixando as coisas para trás”, como dizem os populares sem aprofundar, pois não existe passado, os objetos não podem ser deixados ao que não existe e só existe e é o agoraqui, agora/tempo da Natureza, aqui/espaço de Deus. Em resumo, os elementos não podem ser deixados ao acontecido, já que o passado, todo ontem, encontra-se no agora-presente, vai deteriorando instante a instante: todo antes está no presente, desaparecendo pouco a pouco, desconstruindo-se, apagando-se, esfumaçando.

Deixamos as coisas para adiante, para frente.

É claro que, como vimos, o futuro também não existe; contudo, deixado tudo no presente, o presente continuará presente, 06/05/17 se transformará eventualmente em 07/05/17, sábado em domingo – ainda será hoje, nunca amanhã, que é somente um nome para o possível hoje de depois de hoje.

Então, quando a pessoa morre, ela deixa todos os prezadíssimos objetos (tapetes, televisores, piscinas, terras, montanhas, navios, casas belíssimas, pedras preciosas, ouro, prata, platina, carros) para os herdeiros, por defeito de construção socioeconômicas os filhos e mais ao largo a humanidade, como já coloquei num conto.

Tudo aquilo de material escorrerá do corpomente e suas travas, a pessoa ficará no presente-morto, o passado, e começará a derreter, a desaparecer, a sumir, a apagar, a desmilinguir, a rebentar em pedacinhos - para grande desespero dos avaros. Outros se apoderarão delas. Os do orgulho (poder, fama, beleza, riqueza) passarão pela grande tristeza de ver todas as coisas serem arrebatadas pelos demais. Tudo amealhado com grande ou pequeno esforço deixará de ser deles.

Não é engraçadíssimo?

Eu acho.

Vitória, sábado, 6 de maio de 2017.

GAVA.

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