Caverna Aconchegante
Em termos de
proximidade e aconchego-do-lar as cavernas eram muito melhores que as nossas
casas atuais, DE LONGE; sentimos, em nossos inconscientes, saudades incuráveis
delas.
Elas não eram coisas
sujas, emporcalhadas – não podiam ser. Pelo contrário, deviam ser cheirosas e
limpinhas, muito intimistas, com as mulheres limpando-as continuamente, centena
de ano após centena de anos, nos dez milhões de anos em que estiveram em poder
dos hominídeos. Só quando os sapiens surgiram há 100, 50 ou 35 mil anos atrás é
que elas se tornaram pequenas e acanhadas, sendo a muito custo e com grande
sofrimento abandonadas; depois disso a Natureza voltou a destruí-las, a
arrasá-las, a sujá-las, como casas que ficassem 10 mil séculos abandonadas –
ninguém estranharia.
Pela lógica as
cavernas (eram uma espécie de herança grupal) tinham de ser bem limpinhas,
cheirosas (com todo tipo de cheiros coletados nas redondezas), com muitos
milhares de objetos (depois levados para as novas casas construídas nas migrações),
todo tipo de beleza. Na realidade estamos sempre tentando fazer nossas casas
ficarem parecidas com as cavernas e acredito agora que a grande saudade é a de
viver comunitariamente, em grande coletividade. Pelo menos é o que tentamos conseguir
durante muito tempo em nossa família ampla, com grande desgosto tendo perdido
aquele tempo.
Ora, se aquelas
cavernas forem buscadas serão achadas – as mulheres devem ter arredondado as
pontas de tanto varrer dentro e nas imediações, o que será ainda parcialmente
visível, mesmo com a degeneração promovida pela Natureza. Os 100 mil anos
sapiens não podem ter destruído os 10.000 mil dos hominídeos, 100 vezes tanto
quanto. Então, se procurarem com diligência acharão, sem dúvida alguma.
É claro que a
produçãorganização ou socioeconomia mundial deverão re-programar nossas casas
para se parecerem mais com as antigas cavernas.
Vitória, sábado, 17
de janeiro de 2004.
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