Ânsia
da Coleta
Já vimos no MCES, Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens, que os homens
iam caçar ou pescar, as mulheres ficavam na caverna-terreirão. A situação mais
evidente era a proximidade do terreirão em relação à caverna, quer dizer, o
espaçotempo de coleta era contíguo ao de vivência noturna.
As mulheres não poderiam ir longe, empencadas
de filhos (um de peito, um agarrado às pernas, onde encostado, outros fazendo
peripécias nas redondezas, verdadeira pilha, pois elas começavam muito cedo,
pouco mais que crianças, oito ou nove anos, prosseguindo até os 25 anos ou mais
tarde. Iam colher muito apreensivas, vigiando os filhos (eles morriam aos
montes até o primeiro ano, outros tantos até o quinto ano, mais grandinhos nas
valentias), sem falar nas mortes delas nos partos, poucas sobreviviam –
acredito até que a Natureza tentou defende-las de algum modo ainda não
conhecido.
Podemos ver centenas de crianças brincando,
algumas tentando ajudar as mães, vigilantes diligentes – ajudadas pelos velhos,
os guerreiros (que pediam para morrer) em processo de cura, anãos e anãs,
pseudo-machos que ficavam e outros. Com toda certeza o terreirão era despido de
árvores, sem grama, sem mato, sem qualquer coisa que impedisse de retornar
correndo à caverna, cuja boca devia ter vários obstáculos e fogo ardendo,
podendo ser expandido a qualquer momento; na circunferência, no limite do
círculo, a linha das árvores de onde poderia vir o perigo (dentões – dentes de
sabre -, hienas, leões, ursos, tigres, cobras, todo tipo de predador quando os
homens estavam fora) tinha de ser cerrada. Elas viviam apreensivas, muito
assustadas (e, veja só, tratava-se de gravidez de nove meses, uma após a outra,
pense só o que é isso: dores de rejeição nos primeiros três meses, dificuldades
de andar nos seis restantes).
Como resultado transformado em restrições
moleculares introjetadas, interiorizadas e consagradas no corpo feminino, elas
são permanentemente ansiosas e não gostam de se afastar da casa/caverna: melhor
seria se, em nossos dias, os supermercados e as lojas ficassem nas proximidades
das residências – casas e apartamentos. Não muito longe, de outro modo elas se
sentirão inquietas, o que é mais uma razão para reprogramar COMPLETAMENTE as
cidades (além dos outros motivos); a grande maioria terá de ser desconstruída
no mundo inteiro para tornar saudáveis os seres humanos (com certeza os ricos e
médio-altos farão primeiro e financiarão os outros, baixando os preços com as
alterações, sempre precoces em relação aos demais).
Por conseguinte, o mundo remodelado espelhará
o mundo antigo caverna-terreirão sociológico-organizativo, com as rotas de caça
ligadas à economia produtiva masculina. Quase tudo terá de ser posto abaixo e
reprogramado, o que é horrível, todo aquele trabalho insano perdido. Por outro
lado, será também motivo de grandes alegrias, de transbordamento.
Vitória, segunda-feira, 1 de maio de 2017.
GAVA.
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