A Soma Zero e a
Exportação de Problemas
No modelo a soma é
zero: você realmente não está jogando lixo fora, está colocando-o no dentro de alguém, nem que seja no
dentro de seu futuro – você pode estar apenas alocando conflitos ao futuro. Por
exemplo, se a cidade de Vitória colocava um lixão dentro dos 80 km2
da Ilha criava um grande problema para si; quando não deu mais e ela passou a
colocar nos municípios das redondezas, maiores em área, porém mais pobres,
transferiu o problema para outros. Já que ele fica ainda na Grande Vitória,
região metropolitana em que Vitória se insere, evidentemente Vitória partilhará
da solução (provavelmente mais cara) no futuro. Como já mostrei há bastante
tempo atrás, as flechas ou vetores químicos se interconectam entre si e com o
ambiente físico/químico, biológico/p.2, psicológico/p.3 e os outros, para
transformar tudo numa imensa porcaria.
E assim é com os
desejos.
Tomando as classes
do TER (ricos, médios-altos, médios, pobres ou médios-baixos e miseráveis) as
duas primeiras exportam e as duas últimas absorvem problemas alheios, enquanto
a soma da média é nula, tanto proporciona problemas quanto soluções. Na medida
em que um rico deseje certo carro que custa 1,2 milhão de dólares e tem oito
litros de cilindrada (enquanto os comuns de 2.0 ou dois mil mililitros) está
exportando problemas, embora pague o dinheiro; é porque a solução dos ricos
sempre vale mais que o dinheiro pago. Além de ser rico significar diferença ou
separação, significa também exportar dificuldades, que vão fazer parte do
patrimônio alheio. Ser rico, no final das contas é achar natural QUE OS OUTROS
PAGUEM POR SUAS FACILIDADES DE VIDA.
Isso nos permitirá
fazer contas de quem está resolvendo e de quem está sendo resolvido, para quem
sobram os problemas e para quem sobram as soluções. Como nós sabemos, a grande
maioria dos seres humanos aprecia mais as soluções que os problemas, inclusive
os pobres e os miseráveis. Então, quem está re-solvendo os problemas? São os
iluminados, os santos/sábios e os estadistas, de cima para baixo, enquanto os
pesquisadores tanto põem quanto retiram, e os de baixo só somam, quer dizer,
profissionais, lideranças e povo. Ainda que os ricos sejam elites do TER, em se
tratando dos níveis eles podem bem constituir o povo.
Vitória, sábado, 31
de janeiro de 2004.
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