Laranja Brasileira
Estava reassistindo
parte do violentíssimo filme de Stanley Kubrick, Inglaterra, 1971, Laranja Mecânica, nome em português de
A Clockwork Oranje), onde logo no começo um grupo de rapazes sai pela cidade
espancando velhos e outras gangues, e me lembrei do que os rapazes fizeram em
Brasília com o índio, batendo nele e tocando fogo com gasolina, coisa terrível
até de se pensar.
Não é apenas o caso
de raciocinarmos sobre o que os meliantezinhos da pequena e da grande burguesia
estão fazendo com a sobra de tempo que os pais e as mães lhes proporcionam,
como principalmente sobre a educação que estamos nos dando, em nossas mentes
terríveis, Deus nos salve.
Da Academia espero
um levantamento qualificado e comparado internacionalmente de todas essas
coisas que ultrapassam o mínimo de ensinamentos de Cristo e nos reconduzem à
mais brutal animalidade (ou humanidade), denúncia dos erros que estamos
cometendo, tanto por inação quanto com exemplos manifestos.
Quais os extremos a
que chegamos? Como podemos lidar com eles? No que nossa
sociedade/civilização/cultura errou tanto assim a ponto de admitir e até
incentivar nas entrelinhas essas monstruosidades? Como é que a bela mensagem de
Cristo desandou nessas perversidades? Como o Brasil, que tantas dádivas
naturais recebeu, que foi deitado em berço esplêndido, pôde mergulhar na
iniqüidade? É assustador.
Em vez de esconder
nossas cabeças na areia, devemos enfrentar os danos de nossa monstruosidade,
expondo todas as feridas ao pedido de cura e dignidade, Deus salve nossas
almas.
Vitória,
quinta-feira, 26 de junho de 2003.