sexta-feira, 3 de março de 2017


Laranja Brasileira

 

                            Estava reassistindo parte do violentíssimo filme de Stanley Kubrick, Inglaterra, 1971, Laranja Mecânica, nome em português de A Clockwork Oranje), onde logo no começo um grupo de rapazes sai pela cidade espancando velhos e outras gangues, e me lembrei do que os rapazes fizeram em Brasília com o índio, batendo nele e tocando fogo com gasolina, coisa terrível até de se pensar.

                            Não é apenas o caso de raciocinarmos sobre o que os meliantezinhos da pequena e da grande burguesia estão fazendo com a sobra de tempo que os pais e as mães lhes proporcionam, como principalmente sobre a educação que estamos nos dando, em nossas mentes terríveis, Deus nos salve.

                            Da Academia espero um levantamento qualificado e comparado internacionalmente de todas essas coisas que ultrapassam o mínimo de ensinamentos de Cristo e nos reconduzem à mais brutal animalidade (ou humanidade), denúncia dos erros que estamos cometendo, tanto por inação quanto com exemplos manifestos.

                            Quais os extremos a que chegamos? Como podemos lidar com eles? No que nossa sociedade/civilização/cultura errou tanto assim a ponto de admitir e até incentivar nas entrelinhas essas monstruosidades? Como é que a bela mensagem de Cristo desandou nessas perversidades? Como o Brasil, que tantas dádivas naturais recebeu, que foi deitado em berço esplêndido, pôde mergulhar na iniqüidade? É assustador.

                            Em vez de esconder nossas cabeças na areia, devemos enfrentar os danos de nossa monstruosidade, expondo todas as feridas ao pedido de cura e dignidade, Deus salve nossas almas.

                            Vitória, quinta-feira, 26 de junho de 2003.

Grande!

 

                            Em seu livro As 100 Maiores Personalidades da História, 5ª. Edição, Rio de Janeiro, Difel, 2002, Michael H. Hart não fala de Gandhi, colocando-o entre as exceções honrosas.

                            Mohandas K Gandhi, hindu, viveu de 1869 a 1948, 79 anos entre datas, e participou do processo de libertação da Índia, que se deu um ano antes do seu assassinato por um fanático. Ligando-o apenas à independência a Besta Hart diminui seu valor.

                            Em primeiro lugar é preciso fazer biografias (já é errado listar por ordem de importância, mas se for feito que se siga o modelo:) observando os sete níveis (iluminados, santos/sábios, estadistas, pesquisadores, profissionais, lideranças e povo), colocando acima de todos os iluminados, que devem ser uns 13, digamos, seguindo-se os santos e sábios, entre os quais estaria Newton, que ele coloca em 2º, logo atrás de Maomé em 1º, ficando absurdamente Jesus em 3º.

                            Depois, é preciso pensar.

                            Gandhi viveu num país que tem agora mais de um bilhão de habitantes e tinha então uns 300 milhões, estando unido ainda ao Paquistão (que depois se separou em dois, Paquistão e Bangladesh). É uma área antiga e conflituosa, com muçulmanos, hinduístas, budistas, jainistas, mais uns poucos cristãos, entre as separações religiosas, e povos aguerridos, com muitas línguas.

                            Jorge Luis Borges e Alicia Jurado retratam em seu livro Buda, 3ª edição, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1987 (original argentino de 1977, “Que és el Budismo? ”, p. 45: “Citemos, a título de curiosidade a hipótese dietética de Voltaire. Segundo ele, os brâmanes julgaram que um regime carnívoro pode ser perigoso na Índia, e, para que as pessoas se abstivessem de comer carne, inventaram que as almas humanas costumam alojar-se em corpos de animais”, mas acrescenta: “Outra conjetura é que a vaca tem maior rendimento como produtora de leite do que como animal de carne”.

                            Supôs Voltaire que os brâmanes proibiram os hindus de comer carne para que estes não se tornassem violentos. Talvez seja verdade, talvez não. Deve ser parcialmente verdadeiro, mas de vez em quando grassam epidêmicas revoltas na Índia, com massacres de milhares. Por quê elas acontecem? Ou porque os brâmanes ordenam ou porque as toleram.

                            Ora, Gandhi era um brâmane, uma autoridade, e não fosse ele adepto da política da não-violência (ahimsa), poderia ter orientado os hindus para o massacre dos ingleses, que teriam revidado com seus canhões, armas muito mais poderosas. A Índia não é um país qualquer, lá estão os arianos, dos quais também somos descendentes. Eles são competentes, quando querem, sabem fazer as coisas, tanto assim que tem bombas atômicas, foguetes, toda a tecnociência de ponta, especialmente informática, no qual são um dos países líderes.

                            Certamente a Índia teria entrado em guerra contra a Inglaterra, o que duraria décadas.

                            Veja-se, então, a importância de Gandhi orientar o fim do ódio, como Jesus fez antes, o que no futuro certamente gerará uma civilização diferente na Índia, após a tradução dos séculos. E veja também o pequeno alcance de Hart, que não consegue acessar as grandezas.

                            Não é à toa que o chamo de Besta Hart.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de julho de 2003.

Flutuação Estatística das Constantes

 

                            Observe que há, para cima, nos 15 bilhões de anos-luz do diâmetro presumido do universo, 26 ordens de grandeza a partir do metro, e para baixo, até as distâncias de Planck, como mostradas por Stephen Hawking, 36 ordens de grandeza a partir do metro, somando 61 delas. A constante “c”, da velocidade da luz no vácuo, foi determinada como 2,99792458 (melhor valor de 1986), que podemos rever como 299.782,348x10n qualquer que seja “n”, portanto, com nove casas decimais, havendo dúvida sobre a última, podendo estar entre 7,5 e 8,5.

                            De nove para 61 há falta de 52 ordens de grandeza.

                            Não só esta, mas para todas as demais há insuficiência, por a medição é difícil. Para as outras há até mais, e as constantes são OS LIMITES DE DEFINIÇÃO DO PLURIVERSO, ou seja, elas dizem até onde o universo modulado pode operar, e como o faz, nas trocas de influências, por exemplo, influências eletromagnéticas, gravitacionais, fracas e fortes.

                            Evidentemente as constantes não flutuam nos primeiros números, porque notaríamos isso INSISTENTEMENTE, o tempo todo, e não vemos. Não vemos a luz mudar EM NOVE ORDENS DE GRANDEZA. No macrocosmo ela não muda, mas nada garante que não se altere na rabeira da fita de herança característica dela, lá para dentro. De modo algum há garantia. Pelo contrário, o modelo pede que flutue, que haja LIBERDADE DE PAR, quer dizer, liberdade do lado da ordem, liberdade do lado da desordem.

                            Conseqüentemente, não há como ser diferente - lá para dentro flutua, irremediavelmente. Agora, qual o significado dessa flutuação? No mínimo é que, CONSOANTE TODA INALTERAÇÃO VISÍVEL MACROSCOPICAMENTE a luz não pode ser realmente constante, nem mesmo em Uo, o universo onde estamos, fora não ser no pluriverso, onde ela por necessidade deve ser uma variável (isto é, A DEFINIÇÃO DE CONSTÂNCIA DIZ RESPEITO À CONSTÂNCIA DE Uo). Seria zero a flutuação se a massa do fóton fosse zero, efetivamente (o que é absurdo) e não não-denotada (se ele for o campartícula fundamental), PORQUE, provavelmente, o fóton deve ser o próprio gráviton, ou tê-lo incorporado. O resultado deve ser que lá para dentro há um certo “bruxuleamento”: as cores não são firmes, as imagens são borradas.

                            Uma vez que é provável essa flutuação (flutuação probabilística), ela deve poder ser prevista estatisticamente, para grandes populações de eventos, e indicada sua ordem de grandeza. Embora ela mesma não possa ser vista, porque, por natureza da definição, aconteça residualmente na rabeira da fita, o produto dela por “o” ordens de grandeza se manifestará à nossa vista.

                            Vitória, segunda-feira, 30 de junho de 2003.

Exclusão da Natureza

 

                            No mesmo livro de Henneman, p. 9/10, ele diz:

                            “Descartes negava que os animais tivessem mente, considerando-os como máquinas intrincadas capazes de comportamento muito complexo, é verdade, mas incapazes de raciocinar como o homem. (...). Nem poderia estudar devidamente o comportamento animal, uma vez que os animais não possuem mente. Na verdade, o psicólogo não teria necessidade de laboratórios, pois como poderia observar e medir entidades físicas que não têm extensão nem localização? ”

                            Como vimos no artigo deste Livro 36, Descartes e Einstein, Descartes teve meio de vida lá pelo começo do século XVII, há quase 400 anos, e durante esse tempo o pensamento dele contaminou toda a Filosofia/Ideologia e a Ciência/Técnica, com alguma resistência na Teologia/Religião e mais na Magia/Arte. O resultado palpável foi que tal tipo de raciocínio, juntando-se ao mandamento bíblico que manda a humanidade multiplicar-se e dominar as feras, causou dano extraordinário à Natureza e à humanidade mesma, na medida em que esta se insere numa rede extraordinariamente complexa de direitos e deveres biológicos.

                            Com tal autorização os animais foram considerados seres à parte, que é possível maltratar e matar. Se nós, humanos, já fazemos mal aos nossos semelhantes (inclusive filhos e filhas, as mulheres aos maridos, e muito mais vice-versa), que dirá aos dessemelhantes? Tivéssemos considerado os animais dotados de mente (que sejam programas menos complexos que os humanos, ainda estão lá, em diferentes patamares expressivos), teríamos lhes dado considerável atenção a mais, e consideração, atores de um mesmo drama e comédia cósmicos. Seríamos como que irmãos mais velhos e mais novos, mais espertos e menos sabidos, mas irmãos filhos do mesmo Pai, Deus, e da mesma Mãe, Natureza. Como toleramos muito mais de nossos irmãos e irmãs, assim teríamos procedido com os primatas e os animais, e até com as plantas e os fungos.

                            Essa exclusão cartesiana da Natureza fez um mal considerável tanto aos seres pré-humanos quanto à humanidade, e tornou o mundo muito feio, haja vista nossa liberdade ampliada de causar danos, sem qualquer remorso (dado que os animais não possuíam mente, segundo o raciocínio falho dele). Só que o modelo diz que a soma é zero – agora mesmo estamos pagando o negativo daquela autorização pérfida.

                            Vitória, quarta-feira, 02 de julho de 2003.

Exagero da Forma

 

                            Como já disse lá nos textos em que comentei a camuflagem, ela tem valor de sobrevivência, isto é, dá sobrevida a quem usa o artifício. A Natureza se espalha em (2,5 + 47,5 + 47,5 + 2,5) %, segundo o modelo, de modo que metade usará o artifício e metade não. Um lado necessita do outro, a forma vivendo da estrutura, parasitando-a – dizendo de outra maneira, as belas usam os feios como suporte de vida, os sem beleza usam as bonitas como amparo do gozo.

                            Evidentemente, se a formestrutura segue vivendo em acordo coerente há 2,5 % de cada lado que é exagero, sobreafirmação, doença do infocontrole, agoraqui a humanidade. Há o formalismo, excesso de forma, e há o estruturalismo ou conceitualismo ou concepcionalismo ou idealismo, superafirmação da estrutura, do conceito, da concepção, da idéia.

                            Do lado do formalismo, do excesso de forma ou superfície ou imagem, há os que como os travestis (agora chamados no exagero do exagero de DRAG QUEENS) - e todos os que superimpõe-na como “forçamento de barra”, como diz o povo, o que por vezes é constrangedor, para além da liberdade própria - precisam dessa insistente presença na tela de apresentação, essa angústia de sobremostrar-se. Muitos gestos, muitos brilhos, muitos sons, muitos abraços, muitas adulações, muito de tudo, demasiado de tudo.

                            Esse é mais um dos fenômenos que não foram estudados pela Academia. Por quê alguns são compulsivamente superformalistas? De onde vem a necessidade de hiperformalizar? Por quê esses acham que a superpresença da forma garantirá sobrevivência? É claro que garante, pois, os gestos continuam exagerados, superlativos, mas não para toda a metade, pois de outro modo metade faria, e não faz, são poucos. Mas do lado daqueles 2,5 % os outros 47,5 % sustentam. As populações não foram entrevistadas e não foram triadas as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) hiperformais. Qual o papel que cumpre nas fitas de heranças psicológicas a superafirmação formal? Por quê a Natureza psicológica/p.3 precisa dela? Os programas racionais não vêm à tona a troco de nada, há sempre uma razão. As perguntas que vinham sendo feitas são tolas, infantis, pouco profundas.

                            Vitória, segunda-feira, 30 de junho de 2003.

Estudando os Sonhos Públicos

 

                            Alguém já notou, escrevi sobre isso, que os romances são sonhos públicos, do que derivei muita coisa, e muito mais pode ser pensado.

                            Não apenas os romances, TODAS AS TECNARTES (são 22 as até agoraqui identificadas). As DA VISÃO (poesia, prosa, fotografias, desenhos, pinturas, danças, moda, etc.), as DO PALADAR (comidas, bebidas, temperos, pastas, etc.), as DO OLFATO (perfumaria, etc.), as DA AUDIÇÃO (músicas, discursos, etc.) e as DO TATO (urbanismo, arquiengenharia, cinema, teatro, decoração, esculturação, paisagismo/jardinagem, tapeçaria, etc.) para AS PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e OS AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos).

                            Há as manifestações externa e a interna.

                            Na MENTE COLETIVA podemos supor três níveis, como Freud fez para a mente individual:

a)     ID COLETIVO (o inconsciente coletivo de que falava Jung, mas aqui noutros termos), inconsciente;

b)    EGO COLETIVO, consciente;

c)     SUPERERGO COLETIVO, superconsciente.

Para a família os indivíduos constituem as frações do ID e o grupo é o SUPERGO, o supereu que controla e administra as ações, e assim por diante. Ora, o coletivo SONHA PARA SUAS FRAÇÕES, e vice-versa. O mundo sonha para as nações e todo conjunto que esteja abaixo, e vice-versa.

O Cinema geral é um sonho, assim como a Fotografia, o Paisagismo e o resto todo. Acontece que a Academia não estudou os sonhos dos conjuntos, nem sequer viu isso, passou ao largo, desastradamente. Pelo contrário, seria fundamental estudá-los, especialmente os pesadelos. Com que sonham os conjuntos? Quais suas expectativas? Dado que os sonhos são planos de ação e de inação, é importantíssimo, é fundamental estudá-los atentamente.

Vitória, segunda-feira, 30 de junho de 2003.

Ensinaprendizado no Atlas de Toque

 

                            O Atlas de Toque já foi descrito enquanto proposta: é um Atlas estaticodinâmico, oferecendo as paisagens ao toque em tela, com digitação paralela. Seria mais um Atlas Psicológico (de figuras ou psicanálises, de objetivos ou psico-sínteses, de produções ou economias, de organizações ou sociologias, de espaçotempos ou geo-histórias) e não apenas geográfico. Na Economia veríamos as produções agropecuárias/extrativistas, as produções industriais, as produções comerciais, as produções de serviços, as produções bancárias. Apertando sobre uma cidade, digitando BANCOS, estes apareceriam e as pessoas poderiam entrar dentro deles em virtual, em 3DRV (3D, três dimensões, e RV, realidade virtual), fazendo as operações, aprendendo sobre, obtendo estatísticas, etc.

                            Seria dimensionado para as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos), na mesopirâmide pessoambiental. A coisa é grande, grande mesmo, ocuparia várias Microsoft durante décadas até atingir a potência tal que os avanços fossem diminutos por unidade de tempo, digamos o ano.

                            A capacidade de ensinar de tal Atlas seria enorme e a de aprender maior ainda, mesmo sem real MIC (memória/inteligência/controle) artificial, apenas com programas espertos que fossem selecionando os dados entrados. Pois de casa as pessoas poderiam percorrer quaisquer ambientes, em qualquer tempo virtual (passado, presente e futuro), assistindo a filmes sob demanda, fazendo de tudo, mesmo, segundo as sugestões do modelo, posteridades, ulterioridades, patentes, idéias e livros escritos (este é o 36º x 50 artigos). Constituiria um dos maiores projetos disponíveis para os governempresas investirem em conjunto, pois nenhum, nem mesmo o dos EUA poderia fazer sozinho, pois de fato esse tenderia a ser o primeiro dicionárienciclopédico mundial.

                            Poderia mostrar todos os museus do mundo; onde estão as obras de determinados artistas; quantas delas estão fora deles; em que residências ou empresas; quando foram feitas; quanto se pagou sucessivamente por determinada peça, e assim por diante. De fato, os Atlas atuais são muito primitivos e o uso dos computadores também – está só nos primórdios, quando estendemos nossas mentes às possibilidades maiores.

                            Vitória, quarta-feira, 02 de julho de 2003.