sábado, 4 de fevereiro de 2017


Consequências Benéficas da Guerra

 

                            As pessoas não gostam de admitir, mas tratando o par polar oposto/complementar paz/guerra como soma zero 50/50, o lado da guerra também contribui, como dialética do oposto do oposto, não do não.

                            Uma das contribuições mais notáveis vem justamente da negação subseqüente da monogamia. Em razão da imposição universal da paridade 50/50 entre homens em mulheres, em todos os conjuntos (PESSOAIS: indivíduos, famílias, grupos, empresas; AMBIENTAIS: municípios/cidades, estados, nações e mundo) com números suficientemente grandes, quando falta uma quantidade de homens abrem-se os costumes – mulheres que nunca seriam notadas e teriam seus genes rejeitados tornam-se cobiçáveis, os costumes afrouxam a monogamia, os jovens transam mais cedo, na Segunda Guerra as mulheres foram às fábricas, há um rebaixamento da moralização forçada, uma certa licenciosidade temporária. Mulheres casadas têm filhos com outros, viúvas e viúvos voltam a casar em tempo mais breve e assim por diante, a investigar.

                            Há mais estímulo geral à sexualidade, como forma de proteger a espécie. Seria interessante procurar saber quanto da liberação pós-guerra deveu-se imediatamente ao fim dela e quanto ao terror nuclear, que pela primeira vez prometia extinguir a espécie humana. Como ficam os países em relação à moral anterior depois de um conflito?

                            As perguntas inversas também são cabíveis: se há liberação sexual e bastante uniões PRODUTIVAS (homossexuais não contam) o impulso para a guerra diminui e dá-se o fechamento moralizante?

                            Vitória, segunda-feira, 10 de março de 2003.

Congresso da Qualidade

 

                            Há os quatro mundos e dentro de cada um representante dos outros três, de modo que no primeiro mundo estão presentes o segundo, o terceiro e o quarto, e assim a mais extrema qualidade não está em todo o espaçotempo do primeiro mundo. Certa vez li que das empresas japonesas só 30 mil estavam mesmo na linha de frente, as demais se arrastando atrás em diferentes níveis de dificuldade e ineficiência.

                            Na Suécia também há os outros mundos, só que ao modo de lá. O terceiro mundo da Suécia não se assemelha ao terceiro mundo, porque o primeiro mundo da Suécia o arrasta.

                            Pensando assim, um Congresso Mundial da Qualidade pode não somente arrastar os mundos suecos mais atrasados para a frente de ondas de lá, como pode arrastar os outros mundos, realizando em cada país uma seção ou congresso, a cada ano, não financiado por aquele país atrasado e sim por um consórcio universal, que tratará da cidade, da sala, dos papéis, dos computadores, das apresentações, das divulgações, do chamado aos governempresas locais, da disseminação do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) e de sua efetiva aplicação, por exemplo, nos pontos terminais que seriam os escritórios das empresas e as repartições governamentais. Um Fundo Planetário da Qualificação, ato permanente de qualificar, com um dólar por pessoa por ano, US$ seis bilhões/ano, proporcional à riqueza das nações, 30 % para o NAFTA (EUA, Canadá, México), 25 % para a Europa e 15 % para o Japão, formando aí 70 % para 19 nações. O critério de alocação poderia ser o das maiores populações e áreas, e dos menores PIB’s, uma multiplicação qualquer dessas.

                            E aí QUALIDADE deveria pegar todos os itens do Dicionário, alguns sendo prioritários, e o conceito mesmo de qualidade, que está coligado ao de rendimento maximizado, ao de compreensão ou civilização, ao de conservação e de desenvolvimento natural, ao de desenvolvimento socioeconômico sustentável.

                            Vitória, quarta-feira, 05 de março de 2003.

Colhendo as Lendas e os Mitos

 

                            Com a Rede Cognata passei a fazer as traduções, o que me deu muitos motivos para acreditar que os mitos = MODELOS = ESTUDOS = ESCULTURAS = ESTÁTUAS = EXERCÍCIOS = MÍSTICAS, etc. tenham um núcleo verdadeiro, como alguns de fato sugeriram.

                            Evidentemente os antropólogos têm recolhido dos povos politicamente periféricos o repositório de fundo, das muito velhas memórias, ao passo que os povos centrais puderam transferir suas pré-históricas concepções diretamente, grafando-as em suas línguas. Muita coisa dos povos pré-colombianos foi destruída, mas os descendentes indígenas e mestiços em todas as Américas podem ser sondados.

                            Deve ser constituído um FUNDO MUNDIAL DE RECUPERAÇÃO TOTAL DAS LENDAS E MITOS, a cargo da ONU, com verbas de pelo menos um dólar por ano por indivíduo, mais as doações das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações ao mundo, representando pela Organização das Nações Unidas), para em 30 anos, com 180 bilhões de dólares ou mais, a cifra obrigatória à base de 33 % para o NAFTA, 25 % para a Europa dos 15, 15 % para o Japão, arrancar TODAS as lendas e TODOS os mitos, colocando-os em bibliotecas multiplicadas, com um Museu Universal dos Mitos e das Lendas. Então tudo isso deve ser posto na Internet, portal próprio.

                            Segue em anexo algo que peguei sobre a EDDA, uma das lendas nórdicas. Esta e as demais do mundo devem ser desenhadas, filmadas, espalhadas por toda parte, para evocar nas criaturas as memórias perdidas, as lembranças do passado que as formas porventura possam trazer. Então, psicólogos treinados ao modo do modelo devem realizar conferências de mitologia comparada e publicar os resultados de suas observações.

                            Vitória, quinta-feira, 13 de março de 2003.

Briga de Bar

 

                            Sabe aquela coisa de briga de bar, quando um começa e outros que nem estavam associados ao olho do furacão vão sendo atingidos, a seguir mais, e depois todos estão na refrega? Pois bar = TERRA, na Rede Cognata, de modo que vamos analisar a Primeira Guerra Mundial, com dados da enciclopédia Conhecer Universal, São Paulo, Abril Cultural, tomo 13, p. 2606:

·        Apesar de cumprir todas as exigências da Áustria, menos uma, ela declarou guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914;

·        Em 1º de agosto a Alemanha, aliada da Áustria, declarou guerra à Rússia;

·        Em 2 de agosto, com base em falsa notícia, a Alemanha declarou guerra à França;

·        No dia 6 o império Austro-Húngaro formalizou sua declaração de guerra à Rússia;

·        Como no dia 4 a Alemanha invadira a Belga, sendo ela protegida da Grã-Bretanha, esta entrou no conflito a 23 de agosto;

·        No dia seguinte o Japão, do outro lado do mundo e sem mais nada a fazer, declarou guerra à Alemanha;

·        A 29 de novembro a Turquia aliou-se ao império Austro-Húngaro;

·        Mais adiante, em 1915, o transatlântico Lusitânia foi torpedeado e afundou, fazendo os EUA entrarem na disputa em 1917;

·        A Itália, até então à parte da belicosidade geral, firmou um acordo secreto com o Reino Unido, oferecendo-se para declarar guerra ao império Austro-Húngaro, o que fez a 24 de maio de 1915.

Assim a coisa prosseguiu, é geo-história, vá ler.

Como começam os conflitos de bar?

Alguém sem querer pisa no calo de outrem, que dá um soco no suposto ofensor, erra, bate em outro e tudo vai caindo como um dominó.

Não foi ainda estudado o cenário geral das guerras e o papel destas como desobstrutoras dos canais de circulação de info-controle, até então travados com simbolismos capilares e obstrutores demais. Tudo estava congelado, empedrado, cristalizado, endurecido e a guerra vem como uma tesoura que rompe os antigos vínculos, estabelecendo outras ligações e dando novo ímpeto aos fluxos de info-controle ou comunicação, fundindo velhas memórias que estavam impossivelmente separadas no modo antigo. Os motivos mais fúteis são levantados para principiar os choques. Creio que isso merece investigação a fundo por parte da Academia. Que gêneros de trivialidades foram avocados para fazer jus geo-histórico a esses enfrentamentos que a razão não sustenta?

Porque, racionalmente, seria possível resolver. Então, o apelo não é à razão, é ao sentimento, ao brio, à dignidade, ao amor próprio, a todas essas coisas que depois podemos ver claramente ser irracionais enquanto artifícios para forçar a guerra generalizada.

Qual o motivo de a Natureza agir assim, de tempos em tempos? Quais os pretextos colocados por ela para promover essas “limpezas” de tempos em tempos, num ciclo que parece bem definido?

Vitória, segunda-feira, 10 de março de 2003.

Atrás dos 4A

 

                            O modelo nos diz que existem quatro classes (A, B, C e D: ricos, médios-altos, pobres e miseráveis), fora um centro, O. A se subdivide em AA, AB, AC e AD, depois AA em AAA ..., até chegar em AAAA, 4A, onde ficam somente 2,5 mil (dos quais metade são crianças em formação) seres humanos em seis bilhões. Estamos atrás dos 4A e se não os pudemos obter dos AAAB, AAAC e AAAD, depois AAA, AAB, AAC e AAD, e assim por diante, descendo a pirâmide.

                            TUDO deve ser feito para obter esses talentos nas 6,5 mil profissões, no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) e em tudo que o ser humano faça. Em especial a questão da divulgação tecnocientífica, das dotações à T/C pelas PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo), criação de museus e bibliotecas, realização de feiras tecnocientíficas, implantação de aquários e terrários, de observatórios astronômicos, de espaços para debates, de salas de aula com professores visitantes, todo tipo de iniciativa.

                            Peguei na Internet o texto em anexo como exemplo. Os bairros e distritos são, na minha estimativa, coisa de dois ou três milhões no mundo inteiro, e a pressa pede que TODOS tenham sua iniciativa de passar à humanidade, mesmo quando os avanços se dêem, o conhecimento tecnocientífico da espécie. Uma quermesse, uma festa, um carnaval de acontecimentos em toda parte.

                            Vitória, quinta-feira, 13 de março de 2003.

Abertura de Constantinopla e de Alexandria

 

                            Também do Singh, p. 64/5: “Até mesmo os viajantes que chegavam em Alexandria não escapavam do apetite voraz da Biblioteca. Quando chegavam na cidade, seus livros eram confiscados e levados para os escribas. Os livros eram copiados de modo que, enquanto o original ia para o acervo da biblioteca, uma duplicata era dada ao dono. Esse meticuloso serviço de duplicação para viajantes dá aos historiadores de hoje a esperança de que algum grande texto perdido vá aparecer um dia em algum lugar do mundo, no sótão de uma casa. Em 1906, J. L. Heilberg descobriu um manuscrito assim em Constantinopla. Tratava-se de O método, volume contendo alguns dos escritos originais de Arquimedes”.

                            Os livros da Biblioteca foram queimados acidentalmente em 47 a.C., quando Júlio César atacou Cleópatra e o Egito.  Foi queimada novamente pelos bispos cristãos e finalmente em 642, “quando lhe perguntaram o que devia ser feito com a biblioteca, o califa Omar, vitorioso, declarou que os livros que fossem contrários ao Corão deveriam ser destruídos. E os livros que apoiassem o Corão seriam supérfluos e, portanto, também deviam ser destruídos”, Singh, 72. Fico perplexo com a estupidez de alguns seres humanos (ou desumanos – neste caso ele apagou boa parte da existência humana, atrasando o mundo em séculos – e o mundo árabe também, provavelmente levando-o ao declínio final).

                            O mesmo trabalho de compilação e compra de manuscritos foi continuado em Constantinopla (Constantino-pólis, a Cidade de Constantino, fundada em 324, quase simetricamente em relação a Alexandria, que é de 332 a.C., sobre a base de Bizâncio, que é de lá por 800 a.C., antes de Roma). Teodósio II (408-450), imperador do Oriente, criou em 425 a Escola Superior de Constantinopla, irmã daquela Universidade criada antes em Alexandria. Naturalmente ela tinha uma biblioteca anexa, que também prosperou. A Biblioteca de Pérgamo (do Reino de Pérgamo, mesma região da Dodecápolis grega, as doze cidades), na costa ocidental da Anatólia (que constitui hoje a porção oriental da Turquia), já possuía 200 mil pergaminhos no século I a.C. Constantinopla, capital do império Romano do Oriente, não poderia ficar atrás.

                            Tudo isso exige que Constantinopla, em mãos dos turcos desde 1453, e Alexandria, em posse dos árabes desde a conquista do Egito em 642, sejam abertas para escavações e procura de documentos, num trabalho exaustivo, levado a cabo por um Consórcio Mundial financiado pelos países todos, especialmente, de forma proporcional pelo NAFTA (talvez 33 %), a Europa dos 15 (uns 25 %) e o Japão (uns 15 %), na base de um dólar por pessoa por ano, durante os próximos 30 anos (US$ 1 por pessoa x 6 bilhões de pessoas x 30 anos = US$ 180 bilhões, dos quais 73 % cabendo a esses 19 países (3 + 15 + 1), pouco mais de US$ 131 bilhões.

                            Isso é urgente, é para ontem.

                            Claro, o Egito e a Turguia, que não tem reservas manifestadas de petróleo, tanto quanto alguns países árabes, devem ter compensações pelos estragos, na forma de escolas básicas, hospitais, estradas, computação, tecnociência, universidades, bibliotecas, melhoramento do atendimento burocrático, o que for preciso, e isenção de suas contribuições, ficando com 50 % do valor do que for apurado com vendas e 50 % das peças autenticadas cada um.

                            Habitantes desses países devem ser instados por seus governos a fornecer qualquer documento que esteja guardado, contra pagamento conveniente, e a realizar busca esmiuçadora em toda parte, nos dois países e no mundo inteiro.

                            Vitória, quarta-feira, 12 de março de 2003.

A Tensão dos Contrários

 

                            No livro de Will Durant, já citado no artigo deste Livro 25 Não se Deprecie, Homem, p. 91, ele diz: “No devido tempo, no fluxo universal, todas as coisas se transformam nos seus contrários: o bem pode se transformar no mal, o mal pode se transformar no bem, a vida se transforma em morte, a morte se transforma em vida. Os contrários são dois aspectos da mesma coisa; a força é a tensão dos contrários”, coloridos meus.

                            Como já mostrei, a dialética grega e o TAO chinês surgiram mais ou mesmo na mesma época, por volta dos séculos VII a V, de forma que isso não é propriamente novidade, o que também foi expresso no modelo, com certas alterações. Contudo, A FORÇA É A TENSÃO DOS CONTRÁRIOS é uma surpresa genuína, maravilhosa, porque nos permite avançar bastante, rumo a uma consolidação de superior nível.

                            Vejamos, há os pares polares opostos/complementares.

                            Eles lutam um contra e a favor do outro e, como é demonstrado no diagrama oriental do Yin/Yang, ocupam o lugar um do outro, o que Hegel e Engels (este depois do primeiro, o primeiro muito depois dos gregos) colocaram em suas três leis. Complementam-se, mais do que apenas migram um para o outro, como está expresso na transformação do sim no não. Eles abraçam-se num amor cósmico e eterno, subterrâneo, por baixo das afirmações evidentes de ódio e rejeição. São aspectos do SIM-NÃO, da ESQUERDIREITA, do NORTESSUL, da VERDADEMENTIRA, do LESTOESTE, do QUERONÃO, do HOMULHER, etc.

                            Entretanto, como mediremos os pólos, a distância entre eles, a forçapoder de sua futura reaproximação, o tempo de duração da rejeição, a quantidade de armadilhas que um preparará para o outro, toda a classe de disputas no Filme da Vida no Cinema da Criação?

                            Veja, Durant forneceu o metro, o padrão, o instrumento de comparação: a tensão do contrário pode ser medida justamente pela força empregada. Agora, concordemos que o poder é a força focada, dirigida, centrada, organizada, estruturada, afunilada para a meta ou propósito, enquanto a força é o poder desfocado, diluído, descentrado, desorganizado, desestruturado, emocional, explosivo, em todas as direções e sentido aplicado, ineficaz.

                            Há uma tensão dos contrários (a própria palavra o diz). SE são contrários, se se opõe, há por definição uma tensão, que dirige do centro para a periferia dois raios, em extremo sendo do mesmo diâmetro, em qualquer outro caso fazendo um ângulo de oposição (aqui haveria um componente que é pura oposição e uma angulação que aproxima para o encontro). O que Durant está dizendo é que essa oposição não é poder, ou raramente o seria, dado que como poder seria racional e inultrapassável – há possibilidade de reunião, em primeiro lugar. Não é oposição diametral.

                            Daí que a força e o exercício da força sejam um pedido de aproximação. A oposição completa é a indiferença, a aceitação implícita de que jamais voltará a haver reunião. A força não é negação completa, é negação parcial que prenuncia a reaproximação em algum futuro. E ela mensura, naquele ângulo das retaliações, a potência da congregação e os demais índices. É um “jogo de comadres”, por assim dizer, como fala o povo: é pancada que não dói, é bater simbolicamente nas mulheres com flor (embora a própria palavra “bater” já me provoque asco).

                            Eis um anúncio maravilhoso numa única frase.
                            Vitória, terça-feira, 11 de março de 2003.