Livro Popular de Construção
Foi
uma iniciativa extremamente louvável do nosso amigo RCS no Instituto Jones dos
Santos Neves, Vitória, ES, vinte anos atrás, algo precursor, porém não atingiu
realmente o povo, em parte porque não foram impressos suficientes livretos, não
houve divulgação bastante, e em parte porque teria sido preciso que assumisse
as dimensões que vou postular a seguir.
Seria
preciso periodicidade, por exemplo, que fosse mensal e persistente, até ser um
referencial na cabeça dos populares. Frisando a coisa por meses, anos até,
haveria uma referência, até lançamento em banca de revista, com as pessoas,
mostrando os exemplares em sua posse, assumindo assim integralmente o projeto
contínuo.
Em
segundo lugar, deveria ser biunívoco, das elites para o povo e vice-versa;
bilateral, de dois lados, com consulta através de enquetes, perguntando ao povo
o que ele deseja saber, como se faz nas pesquisas políticas. Por aí vemos que
não pode ser um projeto de pequena monta, nem de curto fôlego, nem de parcos
recursos. Mas isso não quer dizer imprimir em papel “nobre”, cuchê ou como
chame. É fundamental imprimir em papel de jornal, porque o que se busca são os
conteúdos, não as formas.
Depois,
deve ser minucioso, colocar as vistas explodidas e ampliadas de cada objeto, o
custo de cada coisa (em relação ao salário mínimo), onde comprar (lojas de
material de construção, todo um catálogo anexo), como pedir e receber ajuda dos
filhos que estão nas escolas e sabem lidar com computação, bancos que financiam
material, estudo dos juros, prazo de construção, redes de água e esgoto, fossas
sépticas, instalação elétrica, projeto gratuito de arquiengenharia, CREA
(Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), Prefeitura, Corpo de Bombeiros.
Em
quarto lugar, há que ter interesse real na prosperidade do povo, é preciso ter
uma visão de fim da segregação entre os dois brasis. É preciso adotar toda uma
percepção de mundo que fale de unidade, de uma nação unida, sem divisões, em
que todos são cidadãos e respeitáveis. É preciso filosófica e ideologicamente
vê-lo crescendo, melhorando de vida, feliz, amistoso, ou seja, os pensadores e
os políticos devem pensar e agir PARA CONTÍNUO PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO
popular, como está posto no lema na bandeira do Brasil.
Mais
ainda, é fundamental construir com os melhores materiais, para não termos que
fazer de novo. Como dizia meu pai, “quando a cabeça não pensa, o corpo paga”.
Se não fizermos bem feito “de prima”, como diz o povo, teremos de fazer outras
vez, com sobregasto de recursos financeiros e pessoais, que estariam orientados
a outras construções. Devemos colocar árvores, grama, flores em volta, como
seria feito para os médios-altos e ricos. Tranqüilidade popular significa
sossego geral.
E
assim por diante.
O
livreto, ou mesmo livro mais alentado, não seria uma “coisa dada”, algo que vem
de cima para baixo, do soberano para os súditos, mas uma comunicação entre
irmãos, porisso mesmo sendo mais uma carta amistosa que um ensinamento. Um
diálogo de festa junina, até com lendas e folclores, divertimentos, um
ALMANAQUE DE AUTO-AJUDA POPULAR, até algo emotivo, sensível, jocoso,
brincalhão, enfim qualquer coisa de amorosa, de salvação de ambos os lados.
Vitória,
quarta-feira, 13 de novembro de 2002.