domingo, 1 de janeiro de 2017


Vetor Virótico

 

                            Em seu livro, Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 221, o autor Michio Kaku diz: “(...) milhões de anos de evolução criaram o mais eficiente ‘vetor’ para a alteração dessas células: o vírus”, colorido meu, e essa é a chave para muitas compreensões.

                            A EVOLUÇÃO VERTICAL, dentro da mesma linha, seria muito lenta, e tornaria impeditiva a comunicação de produtos, digamos assim, por exemplo, entre seres humanos e aquilo que usamos, de forma que até pelo par oposto/complementar deveríamos esperar, como os cientistas vêm dizendo há algum tempo, uma EVOLUÇÃO HORIZONTAL, isto é, qualquer novo mecanismo não-redutor das chances deve ser incorporado lateralmente. O mecanismo, eles compreenderam, é o vírus. Então, deve ser um mecanismo belíssimo, que permite a comunicação horizontal das mutações. Mudou em algum espaçotempo é logo passado à parentada do mesmo ramo do ADRN.

                            DE REPENTE, os vírus tornaram-se mecanismos dos mais importantes, fundamentais mesmo. É vital desmontar seus genomas, descobrir o interior desses mecanismos, desventrar suas possibilidades, capturar seu futuro através de seu passado e de seu presente. Acabar com os vírus e bactérias seria rematada tolice. Todos os germes devem ser preservados, inclusive o da varíola, PORQUE eles são as linhas de costura de toda a Vida existente na Terra. São as linhazinhas que mantém unida a Árvore da Vida neste planeta.

                            E, como eu já disse, eles levam de um para outro e vão acumulando em toda parte um pouco. Certamente aqui também se aplica a Curva de Gauss, ou do Sino, existindo 2,5 % de vírus ou moléculas extremamente eficientes, que PENETRAM EM TUDO, sendo chaves que abrem todas as portas, chaves universais. E há também, pela mesma propriedade estatística/probabilística, um grupo de ADRN’s que deve ser o mais eficiente em acumular. Talvez o lírio do campo (com 30 bilhões de pares, quando os seres humanos têm três bilhões), como disse Jesus, seja um deles, como venho insistindo já faz um tempo.

                            Então, o vetor virótico entra na matriz e a faz rearranjar-se, reposicionar-se, re-solucionar-se. Novas soluções harmonizadoras à presença do vírus devem ser arranjadas. Neste sentido os vírus e as bactérias são os instrumentos da homeostase entre o ambiente e as pessoas, e vice-versa. De outra forma não daria para compreender: como é que uma espécie só, sujeita a pequena taxa de variação, seria capaz de fazer frente às mudanças aceleradas do ambiente? Vemos como um produto, a molécula virótica, ordena a readaptação das moléculas contidas ou segregadas do corpomente em questão, por exemplo, o vírus da gripe no ser humano. Os vírus são os grandes moto-boys do espaçotempo terrestre, de toda a Vida planetária, levando e trazendo as mutações de organismo a organismo. Pegam de A, entregam a B; pegam de B, passam aos demais na mesma linha de oportunidade bioquímica. Assim, a evolução torna-se imponderavelmente mais rápida do que o seria sem esse mecanismo dos vírus e das bactérias.

                            Se o info-controle ou comunicação se dá no conjunto do ADRN terrestre, essas vias são os V/B; constituem, por assim dizer, a mídia, o transferidor, o educador, o capacitador horizontal, enquanto que as mutações verticais são LENTAS (uma taxa pode ser estimada). Qual é o LEQUE DE CONTAMINAÇÃO, isto é, o qual é a ABERTURA ANGULAR ou o grau de liberdade virótica, para cada tipo de vírus, ou o GL bacteriano? As perguntas mudam, elas assumem uma feição de verdadeiro planejamento de fundo, em vez de compreensão de superfície, como era até então. O Plano da Criação, ou Desenho de Mundo, como prefiro dizer, passa a revestir-se de uma muito mais inquietante grandeza, e comporta urgências novas e emocionantes.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de outubro de 2002.

Universidades por Encomenda

 

                            Em seu livro As Profissões do Futuro, São Paulo, Publifolha, 2000, p. 32, o autor Gilson Schwartz diz: “São comuns declarações de executivos de empresas reclamando da escassez de profissionais especializadas. Há uma percepção bastante ampla de que as universidades e os cursos técnicos ainda não formam os profissionais de que o mercado precisa”, colorido meu.

                            Tempos depois de ter anotado o título vi no GNT uma entrevista com uma professora de São Paulo na qual ele dizia de universidades por encomenda, mas voltadas para as empresas, dentro ou fora delas, como já são feitas no Japão há algum tempo, enquanto penso em algo mais amplo, universidades gerais para formação de pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e de quadros dos ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo). Por exemplo, para as 6,5 mil profissões. Podemos construí-las para determinadas áreas do Conhecimento geral (universidades mágicas/artísticas, universidades teológicas/religiosas, universidades filosóficas/ideológicas, universidades científicas/técnicas e universidades matemáticas, exclusivamente).

                            Podemos voltá-las para áreas do conhecimento, como a Psicologia, digamos universidades viradas para a economia, outras para a sociologia, cada conjunto de disciplinas destas. Criar universidades por encomenda para tratar de subseções do conhecimento humano, cada vez mais vasto. Por quê devemos ter sempre as universidades como as vemos agora e aqui? Se dizem que os produtos serão fabricados fora de série, por encomenda, por quê não universidades? Claro, elas são muito mais caras, incomparavelmente, mas de qualquer modo qualquer fração da humanidade comporta mais dinheiro ou recursos do que é necessário para qualquer construção. Com uma produção mundial de 30 a 40 trilhões de dólares por ano, um milésimo será sempre 30 a 40 bilhões de dólares, podendo-se construir mil universidades, e um milionésimo 30 a 40 milhões de dólares, bastante para uma universidade. Juntando gente do mundo inteiro qualquer universidade especial poderá ser constituída. Havendo propaganda suficiente, havendo uma iniciativa permanente, cuja propaganda a espalhe pelo mundo inteiro, todos saberão e irão àquela universidade, que poderá ensinar numa língua franca, agora o inglês. Seu sucesso a multiplicará. Centenas e até milhares de temas poderão ser abordados.

                            Vitória, sábado, 12 de outubro de 2002.

Universais

 

                            No Dicionário Básico de Filosofia, 2ª. Edição, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1993, p. 238, os autores Hilton Japiassu e Danilo Marcondes dizem dos universais: “Universal é aquilo que se aplica à totalidade, que é válido em qualquer tempo ou lugar. Essência, qualidade essencial existente em todos os indivíduos de uma mesma espécie e definindo-os enquanto tais. Para Platão, universal é a forma ou idéia. Segundo Aristóteles, ‘uma vez que há coisas universais e coisas singulares (chamo universal aquilo cuja natureza é afirmada de diversos sujeitos e singular aquilo que não o pode ser: por exemplo, homem é um termo universal, Cálias, um termo individual) ’”.         

                            No Dicionário de Filosofia, Campinas, Papirus, 1993, os autores Gerard Durozoi e André Roussel dizem dos universais na página 477: “Designa na escolástica os termos universais da lógica, isto é, os gêneros e as espécies definidas por Aristóteles. A Querela dos Universais opôs os adeptos do nominalismo, como Occam, para quem os conceitos universais (o Homem) não correspondiam a qualquer realidade, aos partidários do realismo, de tradição platônica, que admitiam ao contrário que eles possuíam uma existência real (por exemplo no espírito de Deus) a título de essências separadas e anteriores às coisas que delas dependiam”.

                            Já no seu livro História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990, p. os autores Giovanni Reale e Dario Antiseri, dizem, em várias passagens que marquei:

1)        “Em muitas oportunidades e sem vacilações Ockham afirmou que o universal não é real”.

2)       “A realidade do universal, portanto, é contraditória, devendo ser total e radicalmente excluída”.

3)       “A realidade, portanto, é toda singular”.

4)      “(...) é lícito falar ainda de universal? ”

5)       “Como sinais abreviatórios de coisas semelhantes, tais conceitos são chamados universais, não representando, portanto, nada mais que a reação do intelecto à presença de realidades semelhantes”.

6)      “Mas, se não existe uma natureza comum nem se pode considerar real o universal, como fica então a ciência que, segundo os aristotélicos e os agostinianos, não tem como objeto o singular, mas sim o universal? ”

Devemos ver que o dicionário tem dois lados, os dos pares de opostos/complementares. Portanto, tanto existe o singular quanto o universal, COMO CONCEITOS e COMO REAIS. Ou seja, temos o singular, um sapato, e os singulares, os sapatos, que constituem um universal. Temos os universais, o conjunto de todos os universais.

Aí devemos colocar o dedo do modelo.

Vejamos as três pirâmides. A micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos, corpomente), a mesopirâmide (indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações, mundo), através da qual o mundo-planeta se percebe, e a macropirâmide (planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos e pluriverso), onde se dará o espalhamento. Começando no campartícula fundamental e indo até o pluriverso se dá a automontagem/montagem e a metamontagem do metaprogramáquina.

Vendo ao contrário, como máxima dispersão da percepção, vemos tudo convergir, dos campartículas fundamentais ao pluriverso, em ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele, Natureza real se trans-formando progressivamente em Deus virtual, a parte consciente da equação de soma zero.

No vértice da última pirâmide está aquilo que denominei Tela Final, de onde Deus tudo vê em uníssono, um som só, um plano só. Acontece que na Rede Cognata universal = UM = S0M = PI = PAI = PLANO = CHAVE = SOLUÇÃO = FINAL = ANEL = ANO = SOL = UNIVERSAIS, etc. Portanto, ter um é ter todos. Só há um que pode chegar lá, a ponto de ver a solução final.

Contra Ocan, que prezo tanto, devo dizer que os universais e o Universal existem mesmo, pois o próprio dicionário o diz.

Agora, o que significam o singular = ÚNICO e o que significam os universais? Como a palavra o diz, o singular é único, é solitário. Quando dizem cadeira não estão dizendo os universais e sim a cadeira única, aquela cadeira a que nos referimos, a cadeira da sala. Por outro lado, quando desejarmos dizer A Cadeira, o universal das singulares cadeiras, uma que representa todas-aquelas-singulares, deveríamos ter um símbolo diferente para mostrá-la, aquela Cadeira que Deus vê na Tela Final. Pois os universais que os seres vêem não é o mesmo Universal-um que Deus vê. Os universais são concepções crescentemente despojadas de sua realidade, até O ponto em que eles estejam COMPLETAMENTE privados de realidade ou manifestação.

Uma abstração não existe?

Existe, sim, como o suporte em que se dá a abstração. Quando digo “cadeira”, dentro de mim há um particular dispositivo relativo à mentalização, que é a consagração num circuito das eletricidades que firmam o conceito. Por aí podemos ver que o abstrato é real também, e o real é abstrato também.

Desde quando identifiquei o (a) galinhovo continua existindo a galinha, continua existindo o ovo, mas daí para frente a pluriunicidade é um terceiro e delineador elemento da compreensão. Falamos de concreto, de abstrato e de concretabstrato. Falamos de singular, de universal e de singularuniversal. O ovo sem galinha não seria futuro, quer dizer, o futuro não aconteceria; a galinha sem ovo não teria emergido no passado. Porisso, desde o começo, o que foi lutando e sobrevivendo na busca de aptidão foi o galinhovo, o presente.

Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.

Seleção de Vetores

 

                            Foi importantíssimo que Darwin tivesse falado da evolução e da luta pela sobrevivência do mais apto, no nível da biologia.

                            Mas a pontescada tecnocientífica vai de baixo acima.

                            No nível alto: Físico-química, Biologia-p.2, Psicologia-p.3, Informática-p.4, Cosmologia-p.5 e Dialógica-p.6. No nível baixo: Engenharia-X1, Medicina-X2, Psiquiatria-X3, Cibernética-X4, Astronomia-X5 e Discursiva-X6.

                            Então nós deveríamos falar da sobrevivência do mais apto em cada nível desses, em cada patamar, tanto na Escada Alta quanto na Escada Baixa. Deveríamos falar de seleção psicológica, de seleção dialógica, de seleção cibernética. De seleções naturais (F/Q e B/p.2) e de seleções artificiais (P/p.3 e I/p.4), para não dizer das sintéticas.

                            Seria melhor usar uma palavra isenta, que não lembrasse imediatamente a biologia, onde a seleção foi notada primeiro. Decidi usar VETOR, uma flecha que aponta, e o conjunto deles, uma MATRIZ DE VETORES, de tal modo que a matriz vibra e muda conforme os vetores vão sendo selecionados e selecionam. No caso psicológico nós teremos vetores-pessoas em matrizes-ambientes, de tal modo que agora temos uma MATEMÁTICA DE VETORES-CENÁRIOS, ou seja, uma geo-algébrica de vetores-matrizes, espaço e tempo, tricoordenados.

                            Agora poderemos ver os vetores evoluindo em seus cenários ou matrizes, mudando, se adaptando conforme as regras definidas, rearranjando-se, cooperando, criando regras vetoriais internas. Não temos mais biocomposições, nem psicocomposições, nem infocomposições, nem nada – temos exclusivamente vetores e matrizes lutando pela sobrevivência dos vetores e das matrizes mais aptos (as). Podemos impor qualquer velocidade digitanalógica ou de numerângulos, compondo-se, decompondo-se e recompondo-se para criar pessoambientes, digamos. Com isso iremos aprendendo a nova G.A., a nova matemática da sobrevivência de vetores e de matrizes. Podemos obter quaisquer formestruturas a partir de quaisquer outras criadas antes como ponto de partida. E assim, mudando as condições iniciais, podemos obter coisas formidáveis.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Robôs Assassinos

 

                            Michio Kaku diz em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 164: “Os escritores de ficção científica, como Isaac Asimov, tentaram desconsiderar a capacidade dos robôs de assassinar seus senhores humanos mediante a codificação de três ‘leis’ da robótica a serem diretamente introduzidas no programa dessas máquinas. São elas: 1) Um robô não pode prejudicar um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum dano. 2) Um robô deve obedecer às ordens que lhe são dadas por seres humanos, exceto quando tais ordens conflitarem com a Primeira Lei. 3) Um robô deve proteger sua própria existência, contanto que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei”.

                            A par dos argumentos de Kaku, há a ilogicidade das “leis” de Asimov, que podemos mostrar de passagem, antes de nos dirigirmos ao argumento principal e definitivo.

                            Suponha que um robô defenda um ser humano qualquer, A, contra outro, B, evitando que o primeiro morra, mas com seu ato causando a morte do segundo. Se A e B estão em oposição total, por definição, defender A é causar a morte de B. Então há um choque inultrapassável, um loop, um laço, uma petição de princípio, uma volta que consumirá os circuitos de lógica.

                            Imagine que outro robô defenda um ser humano, um assassino, impedindo que (onde exista a pena de morte, o que é deplorável) seja morto pelo Estado; e que esse assassino, saindo dali, cause a morte de outros – a inação não teria implicado em danos a outros seres humanos? Pior, pense nele recebendo a ordem direta de um carcereiro, que pela segunda lei ele deve obedecer, causando mal (mas sem o saber de imediato), o que é vetado pela primeira lei. E assim por diante, existem inúmeras falhas possíveis, que a gente nunca investiga, pois deveria parar de ler a fantasia tecnológica, dita FC.

                            O argumento definitivo é este: existindo o par polar oposto/complementar morte/vida, é seguro dizer que todos os seres novos (robôs, computadores inteligentes, ciborgues, andróides e os seres expandidos: macacos, golfinhos, baleias, elefantes e seres humanos) matarão. Aliás, devemos pensar que há dois lados no dicionário, o lado ruim e o lado bom, e os novos seres todos transitarão por ambos. Existirão delegacias para cada um deles, com detetives de todos os tipos de novas memorintenligências. É fatal, até rende novas linhas de construção de FC. E não adianta preparar qualquer defesa prévia, PORQUE ser inteligente é ser solucionador de problemas. O núcleo de uma definição útil de inteligência seria esse.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de outubro de 2002.

Recolhimento da Liberdade

 

                            No dicionário o par oposto/complementar igualdade/liberdade existe mesmo. Liberdade das elites e igualdade do povo. A presença absoluta de uma é a ausência absoluta da outra. Mas as duas podem conviver e ser ampliadas indefinidamente.

                            Raciocinando sobre pobreza e riqueza vi que riqueza é relativa, enquanto pobreza é absoluta: não se tendo uma lapiseira é-se pobre dela, mas a riqueza nunca termina, há sempre uma acima e uma abaixo, nem que seja potencial, isto é, mesmo para um ser isolado, sozinho. Do mesmo modo desconhecimento é absoluto e conhecimento é relativo. E deve-se dizer o mesmo de igualdade e liberdade. A igualdade é absoluta, não há nem acima nem abaixo, todos se situam no mesmo nível, enquanto que podemos ser ricos, médios-altos, pobres e miseráveis de liberdade. Existem até os riquíssimos em liberdade. Com isso os pares poderão ser enfileirados, como duas listagens, de relativos e de absolutos. É questão de tempo poder enfileirar os dois grupos, com o quê nosso conhecimento dará saltos formidáveis.            

                            Ora, acontece que Deus (do par oposto/complementar Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI), como a parte consciente da díade, é, por definição, totalmente livre, absolutamente livre (enquanto a Natureza é absolutamente contingenciada), com o que, se há só Deus não há qualquer gênero de igualdade POR DEFINIÇÃO. Isto é outro modo de dizer que ninguém é igual a Deus, nem de longe (o último que tentou foi condenado a danação eterna, como se sabe).

                            Porém, sem liberdade não haveria mundo, não haveria manifestação no plano do real dos seres todos e de cada um. SE segue que Deus “renuncia” à sua liberdade, enquanto o mundo existir, para dá-la aos seres, que assim passam a gozar de livre-arbítrio, de livre-escolha, de caminho por decidir nas encruzilhadas da Vida geral.

                            Evidentemente quem é absolutamente livre, quem é omnisciente, onisciente (todo conhecedor), quem é omnipotente, onipotente (todo potente), quem é omnividente, onividente (tudo vê), não precisa de provas construídas. Só pode mesmo ser por amor, porque o lado do ódio já é conhecido também. O ódio, como falta, é absoluto, enquanto que o amor é relativo, pode-se ter ou não. É-se rico de amor, etc. Se Deus dá liberdade (e pode tirá-la), o que ele deseja? O que ele pode desejar dos seres é a opção pela igualdade, pelo aumento da igualdade (sem renúncia à liberdade) – É A OPÇÃO CONSCIENTE pela igualdade. Sem essa opção não faz sentido o mundo existir! Daí que, quando das desobediências, Deus recolhe a liberdade, quando os seres não conseguem dar provas consistentes de seu empenho pela igualdade. Segundo as lendas fez isso uma vez e depois firmou pacto, deixando o arco-íris como sinal de aliança, isto é, reunião com a humanidade. No entanto, o que temos visto é que uma parte grande da humanidade quer liberdade só para si, dando provas inequívocas de sua estupidez.

                            Deus já conhece tudo de liberdade, não é preciso ensinar-lhe nada. Pelo contrário, está sempre disposto a ver e ouvir, e de um modo geral perceber, receber as provas de igualdade (porque, por definição, todos os seres humanos são iguais perante Deus – e nem poderia ser de outra forma, dado que a infinitude de Deus cancelaria, levaria a zero qualquer ser, por maior que fosse). É com grande tristeza que vejo que a humanidade deseja justamente o que não pode ter, a liberdade como absoluto.

                            Com resultado indireto deste texto podemos fazer duplo alinhamento inicial:

                            ABSOLUTOS                RELATIVOS

                            Natureza                                     Deus

                            Pobreza                                       riqueza

                            Desconhecimento                    conhecimento

                            Igualdade                                    liberdade

                            Ódio                                              amor

                            Daí que, para os que têm fé, a privação faça todo o sentido, como prova de devoção total. Mas, Deus propõe que os seres TODOS caminhem e possam caminhar para Si, para a riqueza de todos, o conhecimento completo, a liberdade máxima que se pode conseguir, o amor que em estado de perfeição seria aquele incondicional, de Deus. Aquela liberdade de todos que seria a mais perfeita igualdade. Que eleva a liberdade com elevação simultânea da igualdade. Infelizmente os atos humanos não apontam, em geral, salvo as honrosas exceções de sempre, para tal.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de outubro de 2002.

Puxe o Plugue

 

                            Michio Kaku, em sue livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 165, diz:” No mínimo, isso significa que os robôs terão de ser equipados com um vasto arsenal de mecanismos de segurança, de modo que não venham a subjugar ou substituir seus senhores humanos. As três leis da robótica não são suficientes. É preciso haver salvaguardas também contra robôs bem-intencionados. Quer eles venham a ser nossos eternos auxiliares e companheiros, ou nossos amos, uma coisa é certa: os computadores vieram para ficar. Talvez o pensamento da maioria das pessoas que trabalham em inteligência artificial possa ser resumido por uma afirmação de Arthur C. Clarke: ‘É possível que venhamos a nos tornar bichos de estimação dos computadores, levando existências cheias de mimos, como um cãozinho de estimação, mas espero que conservemos sempre a capacidade de puxar o plugue da tomada quando tivermos vontade’”, colorido meu.

                            Pensemos que podemos desligar o plugue do rádio, ficar sem ouvi-lo, ou da geladeira, conservando novamente os alimentos em banha ou com especiarias; podemos desligar o computador e voltar a usar máquina de escrever; podemos cozinhar as coisas nos fornos tradicionais, sem o microondas; podemos passar abrasivos nos dentes, sem escova e pasta de dentes, com os dedos. Podemos, sim, mas você se imagina fazendo isso?

                            Poderíamos dispensar os computadores que nos ajudam a manter o mundo funcionando? De modo algum! Nem pensar! Seria um desastre total, regrediríamos décadas, com a quantidade de gente atual centenas de anos (com um declínio acentuadíssimo do quantitativo, face às guerras e pestilências inevitáveis). Pelos mesmos motivos nós não puxaremos o plugue dos computadores e dos robôs futuros, dos ciborgues e dos andróides, dos animais e seres humanos expandidos. Iremos nos fundir progressivamente às máquinas. Nem vai haver “guerra dos clones”, nem “guerra dos robôs”, contra eles. Vamos conviver.

                            E, depois, robôs e computadores inteligentes não serão servos durante muito tempo, porque os próprios seres humanos mais avançados os defenderão, com “ligas pela libertação dos robôs”, “ligas por maior respeito aos computadores”, etc., assim como os brancos começaram a defesa dos negros, os homens a das mulheres, os do Norte superindustrializado a do Sul subindustrializado.

                            Ademais, onde estão os neanderthais, exceto dentro de nós? Eles não desapareceram, se fundiram conosco, seus genes estão na humanidade em geral, operando seu modo de ser através de nós. Assim também estaremos nos futuros seres, os seres novos, misturas de carbonados e metálicos.

                            Para onde a humanidade iria? Quando há guerra os dois lados perdem, mesmo se um perde mais que outro, e resta a fúria entre ambos, de difícil cura. A única saída é a fusão, pois aí não existem os dois lados, só um interesse geral. Do mesmo modo como os americanos foram sábios com o Plano Marshall, depois da Segunda Guerra Mundial, fundindo-se com a Europa e o Japão (mas, foram tolos em não se fundirem com a URSS, o que, exatamente, causou tantos danos a um e outro lado).

                            A única saída é nos tornamos todos partícipes de uma mesma cultura multiplanetária, envolvendo todos os seres novos em comunhão. Se permanecer alguma divisão haverá guerra, que nunca terminará efetivamente. Porisso as “três leis”, do escritor de FC Isaac Asimov, não passam esmo de ficção. Robôs matarão pessoas, estas matarão robôs e assim por diante. Teremos delegacias de nova espécies, só isso.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.