segunda-feira, 4 de dezembro de 2017


A Barriga Lavada do Gigante

 

SE EXISTIR MESMO FICA ENTRE A CADEIA DA COSTA NO OESTE E AS MONTANHAS ROCHOSAS NO LESTE (com esses lagos remanescentes tendo feito parte de um gigantesco páleo-lago de uns 2,0 milhões de km2). Foi um meteorito de 75 a 150 km no eixo menor que bateu; era parte de uma família de quatro gigantes das Américas. O lago maior remanescente é o Grande Lago Salgado.


EMBORA PAREÇA ENRUGADO ASSIM DEVE SER PENSADO COMO QUASE PLANO (as montanhas dali, se comparadas com as do grande arco-de-frente nas Rochosas e com o grande arco-de-ré na Cadeia da Costa, farão a Grande Bacia parecer achatada como o interior de uma bacia mesmo)


Neste lugar pode ter ficado a maior massa de água em terra que já houve; possivelmente ela não era como nenhuma antes nem depois, ou pelo menos foi uma das maiores. Choveu milênios seguidos e acumulou mais água do que podemos imaginar, até que pelo lado do “ladrão mais baixo” (que, imagino, ficava para o sul) os morros cederam ao peso incomensurável desse bacião de água e tudo derramou de uma vez só, levando somente alguns dias para chegar ao mar, arrastando e arrasando tudo no caminho.

Não só por onde essa água passou tudo se tornou estéril, como também dentro do panelão, porque a água tem esse efeito de arrastar as massas de terra e areia depositadas; toda a vida que ali foi viver (deve ter sido paradisíaco, um Pantanal do Mato-Grosso em tamanho gigante; este tem 200 mil km2, aquele tinha 10 vezes isso) se foi em questão de dias. Essa massa inconcebível de água e lama foi arrastada para o mar, não sei por onde; e deve estar lá ainda hoje – com as marcas de vida fóssil soterrada nela deve ser possível dizer quando ocorreu, através das datações. Tudo ficou absolutamente desolado.

Porque não há barreira de montanhas que possa sustentar tal massa d’água; e ela desceu estrondando e acabando com toda vida. Talvez por séculos ou milênios (até hoje) nada vicejou mais por ali.

Vitória, sábado, 03 de dezembro de 2005.

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