segunda-feira, 25 de dezembro de 2017


O Grande Cemitério da América do Sul

 

Jogam corpomentes mortos a torto e a direito por aqui, os chamados “presuntos”, provavelmente são milhões sem sepultura e sem nome de identificação, inclusive os 300 que morreram em confrontos da guerra contra os militares (a esquerda disse que eram 70 mil, mas não, grande mentira, foi a ditadura menos sanguinária do mundo em todos os tempos, durante 21 anos – tenho de reconhecer, embora eu não seja fã do militarismo, de modo nenhum, sou contra qualquer trucidamento).

Há todo tipo de enterrados ou não, neste caso os que são simplesmente jogados em qualquer lugar, tão grande é a impunidade deste lugar ainda irredimido. Vale a pena fazer um livro sobre isso, embora ele não vá conseguir listar nem um milésimo de todos ou menos.

Não é disso que estou falando.

Como vimos nesta série sobre a nova geologia e a nova paleontologia da América do Sul depois de -273 milhões de anos, de pronto 2/3 da área do continente estavam no fundo do Páleo-Pacífico e foram levantados pela Placa de Nazca, que se subpôs à Placa da América do Sul, elevando-a.

Inclusive há depósitos da Vida (arquea, fungos, plantas, animais e, desde 100 milhões de anos, de primatas desenvolvidos independentemente daqueles da África; mas, estranhamente, não há forquilha como na África, nem um lago compridinho radiativo para provocar as mutações como na Ásia, a menos que a Chapada Diamantina tenha cumprido esse papel) e da Psicologia, o que interessa à antropologia desde 115 mil anos (coincidindo com a Glaciação e Wisconsin, quando os neandertais já estavam presentes há 185 mil anos no Velho Continente), à arqueologia, à geo-história.

Zilhões de toneladas de produtos biológicos-p.2 foram depositados de vários modos, inclusive no Planalto Brasileiro. Zilhões de toneladas, incontáveis, massa inavaliável, principalmente de folhas, galhos, troncos, raízes de plantas partidas e revolvidas repetidas vezes até virar pasta extraordinária.

Não foi só aqui, foi em toda parte.

Contudo, não moro em toda parte, moro aqui.

Como diz o povo tão distintivamente, morreram de “morte morrida”, natural, sem artifícios, e não de “morte matada”, homicídio (porque os animais e outros da vida não massacram, exceto os primatas mais avançados que estão na mesma linha nossa, pois assassínio exige premeditação, mesmo que violenta e momentosa, exige vontade).

Lá estão aqueles zilhões de toneladas à espera de detalhamento, quebra-cabeças difícil de desenredar.

Vitória, segunda-feira, 25 de dezembro de 2017.

GAVA.

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