Contrastes que Chamamos de Sofrimento por Falta ou Excesso
A SOLUÇÃO DO SINO E NO NÃO (Curva de Gauss ou do
Sino ou das Distribuições Probabilístico-Estatísticas)
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Buda disse que a vida é sofrimento, o
qual vem do apego.
É sofrimento, sim, mas é alegria
também, é soma zero 50/50 dos pares polares opostos-complementares. Não
apegar-se à vida é desprezar tanto os problemas quanto as soluções (que levam a
mais problemas, que levam a mais soluções, veja o artigo anterior neste Livro
153: Sísifo ou a Condenação dos
Racionais; mas no decorrer da onda compreendemos a verdade de ESTAR, o que
é uma dádiva; e esta é bobeira também, vaidade, mas no fundo é uma compreensão
rica e uma epifania).
Ora, nós chamamos de sofrimento os
contrastes, as oposições, não aquilo que no dizer do povo “escorre fácil”,
aquilo que é solução azeitada, não o que se completa, não o que se ajusta
terminalmente até. São os choques de não termos e de termos em excesso (que é o
tédio) que chamamos de sofrimento, pois se alguém está sendo beneficiado -
digamos por um amor redondinho e perfeito - seguramente não vai reclamar. É
quando falta (e até quando falta a falta, esse estado chamado fastio ou
aborrecimento ou enfado) que reclamamos.
No dizer de Buda devemos então
suprimir o mundo para não termos qualquer sofrimento? Devemos suprimir o
querer? Claro, isso não traz cuidados com o bebê, mas também não traz as
alegrias dele, os momentos de percepção do vasto jogo em curso. Não há
decepções com os aparelhos eletroeletrônicos de som, mas também não há músicas.
O que as pessoas buscam (e por isso trocam a vida e o sofrimento) é o
INSTANTÂNEO DE AFINAÇÃO, o mais perfeito brilho de adequação. Isso vale uma
vida, isso vale atravessar com sede o deserto pelo instante do gole d’água
fresca e cristalina.
Vitória, terça-feira, 24 de janeiro de
2006.
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