domingo, 31 de dezembro de 2017


Contrastes que Chamamos de Sofrimento por Falta ou Excesso

 

A SOLUÇÃO DO SINO E NO NÃO (Curva de Gauss ou do Sino ou das Distribuições Probabilístico-Estatísticas)


Buda disse que a vida é sofrimento, o qual vem do apego.

É sofrimento, sim, mas é alegria também, é soma zero 50/50 dos pares polares opostos-complementares. Não apegar-se à vida é desprezar tanto os problemas quanto as soluções (que levam a mais problemas, que levam a mais soluções, veja o artigo anterior neste Livro 153: Sísifo ou a Condenação dos Racionais; mas no decorrer da onda compreendemos a verdade de ESTAR, o que é uma dádiva; e esta é bobeira também, vaidade, mas no fundo é uma compreensão rica e uma epifania).

Ora, nós chamamos de sofrimento os contrastes, as oposições, não aquilo que no dizer do povo “escorre fácil”, aquilo que é solução azeitada, não o que se completa, não o que se ajusta terminalmente até. São os choques de não termos e de termos em excesso (que é o tédio) que chamamos de sofrimento, pois se alguém está sendo beneficiado - digamos por um amor redondinho e perfeito - seguramente não vai reclamar. É quando falta (e até quando falta a falta, esse estado chamado fastio ou aborrecimento ou enfado) que reclamamos.

No dizer de Buda devemos então suprimir o mundo para não termos qualquer sofrimento? Devemos suprimir o querer? Claro, isso não traz cuidados com o bebê, mas também não traz as alegrias dele, os momentos de percepção do vasto jogo em curso. Não há decepções com os aparelhos eletroeletrônicos de som, mas também não há músicas. O que as pessoas buscam (e por isso trocam a vida e o sofrimento) é o INSTANTÂNEO DE AFINAÇÃO, o mais perfeito brilho de adequação. Isso vale uma vida, isso vale atravessar com sede o deserto pelo instante do gole d’água fresca e cristalina.

Vitória, terça-feira, 24 de janeiro de 2006.

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