sábado, 23 de dezembro de 2017


Empinadinhas Caras-de-Pau

 

Evidentemente alguns que não têm conteúdo ou estrutura que mostrar, nenhuma razão ou pensamento, e preferem a superfície, a pele, o embrulho; com isso vestem-se de terno ou de vestidos yuppie e empinam o corpo, visando substituir a correção pela ideia-de-correção, a honestidade pela presunção de honestidade.

FEITO BICHO EM SEDA


Há um tipo de gente que aprendeu na universidade a vestir terno e a chamar-se mutuamente de “doutor”, colocando-se acima da restante humanidade. Vivem na superfície da superfície, aprendendo os códigos da mentira e da máscara.

A cara-de-pau não é apenas desconfiança, é o refinamento dela; e a apuração cínica do que é costumeira Curva do Sino onde metade já tende a mentir. Merece todo um grupo de estudos dos pesquisadores psicológicos, sendo um dos mais interessantes fenômenos: como alguém chega à conclusão de que pode através da administração da forma mimetizar as aderências autorizadas do poder? Quais têm tendência a serem assim? Vestem a “beca” e tocam para frente, imitando gestos e modos de vestir “da moda”, do que é aceito naquele tempo em termos de gesticular, de falar, de calar, de reverenciar, de nunca se evidenciar excessivamente ao ponto da crítica e muito menos da crítica cortante ou mordente das possibilidades. Constituem aquilo que Luiz Fernando Veríssimo chamou de “Durex, o adesista”: aderem de corpo e espírito à negação das liberdades e das audácias. Não é tão interessante essa capacidade de auto-redução? É desse grupo que saem os traidores-entregadores, subgrupo do grupo dos capachos.

Vitória, terça-feira, 10 de janeiro de 2006.

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