Empinadinhas
Caras-de-Pau
Evidentemente alguns que não têm
conteúdo ou estrutura que mostrar, nenhuma razão ou pensamento, e preferem a
superfície, a pele, o embrulho; com isso vestem-se de terno ou de vestidos
yuppie e empinam o corpo, visando substituir a correção pela ideia-de-correção,
a honestidade pela presunção de honestidade.
FEITO
BICHO EM SEDA
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Há um tipo de gente que aprendeu na
universidade a vestir terno e a chamar-se mutuamente de “doutor”, colocando-se
acima da restante humanidade. Vivem na superfície da superfície, aprendendo os
códigos da mentira e da máscara.
A cara-de-pau não é apenas
desconfiança, é o refinamento dela; e a apuração cínica do que é costumeira Curva
do Sino onde metade já tende a mentir. Merece todo um grupo de estudos dos
pesquisadores psicológicos, sendo um dos mais interessantes fenômenos: como
alguém chega à conclusão de que pode através da administração da forma
mimetizar as aderências autorizadas do poder? Quais têm tendência a serem
assim? Vestem a “beca” e tocam para frente, imitando gestos e modos de vestir
“da moda”, do que é aceito naquele tempo em termos de gesticular, de falar, de
calar, de reverenciar, de nunca se evidenciar excessivamente ao ponto da
crítica e muito menos da crítica cortante ou mordente das possibilidades.
Constituem aquilo que Luiz Fernando Veríssimo chamou de “Durex, o adesista”:
aderem de corpo e espírito à negação das liberdades e das audácias. Não é tão
interessante essa capacidade de auto-redução? É desse grupo que saem os
traidores-entregadores, subgrupo do grupo dos capachos.
Vitória, terça-feira, 10 de janeiro de
2006.
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