terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


“O nível do mar estava 36 metros acima do que está hoje”.                                                          

 

A frase está na página 111 do livro de Michel-Claude Touchard, A Arqueologia Misteriosa, Lisboa, Edições 70, 1978 (sobre original de 1972), que é muito risível, porque ele chama a versão burlesca de “arqueologia não-conformista” (além de misteriosa), que pode ser não-conformista, porém não é arqueologia, não segue o método e não é metódica, cuidadosa, processualmente delimitada. Em todo caso, como já disse e repito, leio quase qualquer coisa, porque a gente não sabe de onde vem a informações significativas.

Havia lido e insisti em repetir que o nível dos oceanos chegou a baixar 160 metros na mais recente glaciação, a de Wisconsin ou de Würm (de 150 a 15 ou 12 mil anos): para baixo, nunca para cima, veja só o que são as nossas falhas.

Se o nível esteve em + 36 m (ele não cita a fonte), significa que grandes porções agora descobertas estavam abaixo do nível do mar e as cidades de linha de costa foram construídas recuadas, até onde estavam as fozes dos rios (onde?). Se a NASA se preocupasse em mapear, processar e publicar os mapas, fotografando onde aparecessem as manchas urbanas atualmente submersas (chamemos de contornos negativos, abaixo do atual nível, -, praias -, p-) ou das praias elevadas (contornos positivos, +, praias +, p+), os arqueólogos poderiam pesquisar muito mais, principalmente em terra, mas também no mar, porque descendo 160 m o mar recuaria apenas alguns quilômetros. Veja, a linha de costa avançou/recuou 200 metros, o que é sublime, tanto por pesquisar!

Calculei outrora que se todo o gelo da Terra derretesse, o nível dos oceanos subiria no máximo 70 m (o que acaba com o roteiro de Waterworld, o Segredo das Águas, 1995); subir 36 m, mais que metade do cálculo, implicaria que grande porção do gelo teria derretido, o que leva de volta à queda do meteorito por volta do fim da glaciação, causa dele, com a chuva de mil anos que passou à memória dos povos como dilúvio universal (porque foi).

RECOLOCANDO PLATÃO

CONTAGEM DO RECUO.
SOMA.
2,0 mil anos até o nascimento de Jesus.
2,0 mil.
Sólon, ateniense, 640 a 558 a.C., média de vida em 599, digamos 600 a.C.
2,6 mil.
Nove mil anos que os sacerdotes disseram a ele terem se passado entre o afundamento de Atlântida e a atualidade então.
11,6 mil.
TOTAL.
11,6 mil.

Então, por volta de 12 mil anos caiu um meteorito, que forneceu grande carga de energia ao planeta, ele explodiu em vulcões, as águas revolutearam e subiram muito, de início até 36 m acima do nível atual, depois o planeta esfriou: as águas desceram, os polos congelaram de novo, o mundo foi conduzido até o cenário que vemos, oceanos de nível presente.

Oscilação depois de 12 mil anos, horizonte de Jericó.

Época de grandes transtornos:

1.       Queda do meteorito (é fundamental acha-lo);

2.      Explosão dos vulcões;

3.      Terremotos, maremotos, tsunamis, invasão das águas;

4.     Chuva durante mil anos;

5.      Águas sobem 36 m além do nível atual;

6.     Baixam;

7.      Os continentes e as ilhas são reconformados;

8.     As cidades p- (abaixo do nível atual) são destruídas;

9.     As cidades p+ (acima do nível hodierno) dos milênios seguintes são movidas para o nível zero de então (por descobrir; com isso centenas de cidades enterradas aparecerão);

10.   Temporariamente o Ártico e a Antártica ficam praticamente sem gelos, grandes porções são mostradas e colonizadas (isso poderia explicar os mapas de Piri Reis);

11.    A temperatura sobe à bessa, vários graus acima da atual;

12.   Plantas se superdesenvolvem no calor;

13.   Os animais proliferam à bessa e subsequentemente desaparecem aos bilhões;

14.   Os insetos, seres do calor, multiplicam-se até o inumerável;

15.   Os seres humanos se movem continuamente, vergastados pelas intempéries superexcitadas, período de grande terror, de que terão sido deixados retratos nas lendas;

16.   Com muitas chuvas, muitos rios volumosos foram formados e muitas enchentes aconteceram, com muita destruição (deve ter sido fase de grande aflição: pode ter chovido tremendamente no Saara e em todo deserto e eles verdejaram nos, digamos, cinco mil anos seguintes, de 12 a 7 mil anos de agora);

17.   Quando finalmente a Terra parou de balançar e estabilizou, deve ter sobrevindo período de grande felicidade relativa que também teria ficado nas lendas, lá por 5,0 mil anos antes de Cristo, grande desenvolvimento, grande aglomeração, formação de muitas cidades, progresso espantoso, febril, que iria dar nas coalescências da Suméria e do Egito em 3100 a.C.

Enfim, não se parece nada com a visão que vêm construindo para nós nas escolas e nos livros, de modo nenhum!

O mundo foi tomado de uma febre danada durante 5,0 mil anos. Esteve febril e com ele seus habitantes todos, humanos ou não. Devem existir INUMERÁVEIS lendas e mitos da época, é preciso acha-los.

Vitória, terça-feira, 28 de fevereiro de 2017.

GAVA.

Sociedade FEBEAM

 

                            Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Porto (carioca, 1923 a 1968, teatrólogo), criou o termo FEBEAPÁ, de FE/stival de BE/steiras que A/ssola o PA/ís. Podemos falar de um Festival de Besteiras que Assoma o Mundo, o que remete à Sociedade Fabiana– criada que foi por jovens socialistas ingleses - cujo nome vem de Fábio, o Contemporanizador, cônsul romano.

                            Há tanta gente no mundo, tanto tempo livre individual e coletivamente disponível, que a tarefa desse patrulhamento, feito no sentido de dar um “esquentamento” na frágil apresentação das coisas por pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) descuidadas pode ajudar no sentido de elevar o nível das manifestações.

                            Os patrulhamentos culturais são normalmente odiosos, mas neste caso o colapso que essa exibição desatenta, indolente, pode provocar em quase tudo feito desde as posições menores seria muito mais daninho, de forma que evitando-se o exagero, que acabaria por castrar todo ato de criação, alguma utilidade pode oferecer conjurar os caçadores de bruxas.

                            Evidentemente podemos perguntar com que autoridade alguém se presume capaz de julgar a visão alheia, mas em todo caso o exagero de frouxidão é mais prejudicial.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.

Sita e Rama

 

                            A Barsa de papel (São Paulo, 1993), livro 13, páginas 175/6, falando do Ramayana, A Gesta de Rama, de 24 mil estrofes, composto pelos arianos lá por 500 a.C., diz:

                            “Os personagens centrais são Rama, protótipo do herói que tudo sacrifica pelo dever, e Sita, símbolo da fidelidade conjugal. O assunto é o amor entre os dois constituindo o pano de fundo a conquista da Ilha de Ceilão pelos arianos”.

                            Embora importante país, com um bilhão de habitantes, a Índia tem PIB (produto interno bruto) relativamente pequeno, de apenas algumas centenas de bilhões de dólares. Faz muitos filmes, mais de 700 por ano, e já fez do Ramayana, certamente, mas é coisa que na linha da mesopirâmide (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo) ainda não atingiu a plenitude do olhar globalizado, mundial, internacional, que autorizaria mais profundos gozos e percepções, isto é, sentimentos e conceitualizações.

                            Filmado em grande estilo pela indústria cinematográfica mundial mostraria os meandros de uma sociedade/civilização/cultura que já se apresentava sofisticadíssima 2,5 mil anos atrás (a obra de Camões, Os Lusíadas, embora de importância igual ou superior, apresentou-se muito menor em tamanho dois mil anos mais tarde), quando se podiam compor romances extraordinários, já que o Ramayana é parte relativamente pequena do Mahabharata, o Grande Bharata.

                            Não é só que a Índia mereça essa atenção, é o Ocidente, é o mundo inteiro que o merece, não apenas do Ramayana, de Rama e Sita, mas de todo o Mahabharata, sucessivamente filmado e refilmado, até o detalhe. Sob direção Ocidental (para adequar ao gosto e à ignorância daqui, quanto à geo-história e Psicologia hindu e oriental em geral) os próprios hindus poderiam fazer os filmes, como obra total (mais coisas ainda), para manter o apuro das minúcias, no entanto menos locais sob sucessivos distanciamentos.

                            Vitória, segunda-feira, 23 de junho de 2003.

Quebra Aleatória do Sigilo Bancário

 

                            Certa vez no auditório de A Gazeta o ex-governador Arthur Carlos Gerhardt Santos disse que nem na Alemanha nazista pretenderam quebrar o sigilo bancário, ao passo que no Brasil sim.

                            Por um lado, todos eram amiguinhos por lá, quando se tratavam dos interesses das elites, como também são aqui e em qualquer país onde exploram os trabalhadores (e não somente os operários). Por outro, lá não faziam nem a décima parte dos atos de banditismo antigovernamental e antinacional que aqui.

                            No ES, no setor de mármores e granitos, a pauta é, domo já disse, digamos de R$ 10 por metro quadrado, eles colocam R$ 5 e vendem por R$ 50 ou R$ 80. Deveríamos poder fiscalizar um por cento por mês, aleatoriamente, o que demoraria 100 meses para investigar tudo, por exclusão. O fisco federal deveria fazer o mesmo, bem como o fisco municipal/urbano. E isso em todos os setores.

                            Não se estaria perseguindo ou mirando ninguém, especialmente, e se eles nada têm a temer a amostra irá dizer. Por outro lado, se 80 ou 90 % ou percentual grande se mostrar contraventor, então todos deveriam ter suas contas expostas, após prova científica.

                            De todo modo só a necessidade de manter sigilo, exceto em poucos casos justificáveis, já é suspeito por si mesmo. Quem nada tem a esconder mostra logo; quem tem está traindo o Estado e o povelite, povo que paga os tributos e elites que dependem de ordem para progredir. O ataque ao Estado é concessão à penetração do caos e da ineficiência, pelo afrouxamento.

                            Os juizes deveriam autorizar prontamente, sob a ótica de que o rigor imposto significaria necessariamente aumento das chances internacionais de competição em mercados mais duros e vigilantes.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

Que Saudade da Terra!

 

                            No mesmo livro de Asimov, p. 244, ele diz:

                            “Também haveria turismo entre as várias colônias.

                            “Já que a força gravitacional intrínseca de cada colônia seria insignificante, e como todas estariam praticamente à mesma distância do Sol, da Terra e da Lua, viajar de uma para outra custaria pouquíssima energia. Seria mesmo como deslizar sobre o gelo.

                            “Considerando o baixo custo em energia e o fato de que as várias colônias podiam ter culturas bastante diferentes, os visitantes teriam muita coisa para interessá-los e diverti-los. Seria bem possível que todos os colonos fossem os primeiros navegadores espaciais, e essa idéia não lhes causaria nenhum temor”.

                            Pelo contrário.

                            Como disse Clarice Lispector, a falta é a arte, a criadora.

                            Na falta é que valorizamos a presença até detestada de antes. Na Terra andamos sem macacões espaciais, com o corpo livre, recebendo calor, podendo mergulhar na água apenas estando numa praia, fazendo milhares de coisas às quais não atribuímos nenhum valor e que na ausência se tornariam extremamente valorizadas.

                            Pense numa pessoa no espaço, separada da morte apenas pela fina película do traje espacial, que pode ser perfurado a qualquer instante por micrometeoritos – pode parecer bonitinho daqui, mas de lá mesmo será sempre uma assombração, um medo contínuo, pavor chocante. Porque razão as pessoas sairiam das colônias para aventurar-se no espaço desprotegido? Por quê as pessoas sairiam da Terra, sequer? Só sob pressão. Agora é legal porque é uma aventura ir onde ninguém quer ir e a pessoa vai por vontade própria. A diferença será a mesma de trabalhar por prazer no que gostamos e sermos empurrados para tarefas detestáveis.

                            A supressão de tantas variáveis que, no entanto, sabemos estarem agindo a todo instante em nossas vidas agoraqui faz a aventura espacial parecer desejável, mas não será, exceto para alguns, postos em limites que querem freqüentar. Para quase todos seria um desastre. E quanto mais tempo passarem longe da Terra mais angustiados ficarão pelas mínimas coisas. De fato, os governempresas deverão dourar muito a pílula para convencer os cidadãos a se afastarem do que parecerá, mesmo nos lugares mais terríveis, como desertos e gelos, o paraíso, o Jardim da Terra.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

Proximidade Humana

 

                            Diz Asimov no livro citado, p. 243:

                            “Vamos refletir:

                            “Para começar, o vôo espacial é uma coisa exótica para as pessoas da Terra, algo capaz de levá-las para longe do mundo onde vivem e onde uma vida ancestral se desenvolveu por um período de mais de 3 bilhões de anos.

                            “Por outro lado, o vôo espacial seria a própria essência da vida dos colonos do espaço”.

                            Na Rede Cognata (veja Livro 2, artigo Rede e Grade Signalíticas), exótica = MORTAL. E, segundo as mais recentes avaliações, na realidade 3,8 bilhões de anos é quanto dura já a Vida geral na Terra.

                            Veja, na Terra temos cerca de um G, ou gravidade padrão, ao passo que no espaço os poços gravitacionais variariam de quase zero a até muitos G’s. As temperaturas, que aqui, conforme as regiões, ficam em média em 280, 290, 300 (27º C), 310 K, no espaço estariam próximas de 0 K, nas partes ocultas do Sol, até altas temperaturas nas partes voltadas para ele.

                            Pior que tudo isso, esse apertamento de 6,2 bilhões de seres humanos que vemos em quase toda, em quase qualquer parte, e que desprezamos e detestamos, faria a maior falta lá fora, sem falar nos 1,8 milhões de espécies já listadas e nos 30 milhões que se supõe existir. Cada uma delas, até a menor e mais insignificante de todas, seria uma preciosidade no espaço exterior. Como a Clarice Lispector já disse com outras palavras, basta faltar para nos darmos conta de como era importante. A essência da vida espacial não seria o vôo, logo corriqueiro, mas aquilo que os colonos deixaram para trás, a própria Vida, então objeto de reverência total. Como os colonos americanos do Norte e americanos em geral viraram-se (e ainda se viram) para a Europa, os de fora se virariam para dentro, tendo verdadeiras apoplexias com a morte de espécies, escandalizados com a falta de atenção dos que ficarem para com as mínimas formas dos seres.

                            Claro, os seres humanos acima de tudo.

                            As criaturas de fora ficariam verdadeiramente enlouquecidas com a falta de proximidade no espaço, de forma que os lugares mais ambicionados não seriam os de isolamento, como aqui, mas os de proximidade, as praças, os parques, os locais de ajuntamento, de aglomeração.

                            É tudo ao contrário do que pensam os ficcionistas.

                            Quase ninguém tem a sabedoria de valorizar o que já tem.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

Procurando as Cidades Costeiras

 

                            Por um motivo difícil de aceitar, os cientistas decidiram que há dez mil anos (ou ainda mais cedo), quando terminou a mais recente glaciação, não poderiam ter existido cidades muito grandes, sequer as pequenas (a primeira foi justamente a bíblica Jericó, que era inicialmente diminuta), e ficou por isso mesmo.

                            De fato, o modelo aconselha a ver tudo como mistura de uniformidade e catástrofes, evoluindo-se calmamente, sem grandes sustos, acumulando-se as tensões que desaguarão repentinamente de seus limites ou forçamentos na represa dos atos até inundar as planícies em volta, em terríveis catástrofes des-reprimidoras. Acontece que o mundo vive um largo tempo de ortodoxias e então há um curto período em que potências equivalentes na senóide avançam em fúria heterodoxa.

                            É esquisito que o Conhecimento alto (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência) e até o Conhecimento baixo (Arte, Religião, Ideologia e Técnica), todavia mais ágil e menos reprimido por convenções, não consigam se deixar levar, descongelando-se dos enrijecimentos acadêmicos. É dos acontecimentos potencialmente mais daninhos.

                            Pois nós sabemos que os volumes de água, tendo recuado para os pólos, fizeram o nível dos oceanos baixar até 160 metros, expondo grandes quantidades de terras. Sabemos também da preferência de viver à beira-mar, pela facilidade de colheita de peixes na pesca, pela maior amplitude das comunicações, pelas oportunidades de encontrar os rios e suas fozes, onde há caranguejos e outras fontes alimentares, por tudo mesmo. Pessoas fixam suas residências à beira mar, como acontece hoje maciçamente.

                            Embora tenham os arqueólogos mergulhadores descoberto muralhas ciclópicas dentro d’água do mar, isso não foi adiante, como seria conveniente, nem os governempresas se armaram de paciência e de recursos para as descobertas. Ora, se haviam cidades costeiras, porque não encontramos suas equivalentes em terra? A questão toda é a imensa catástrofe subseqüente, que deve ter sido inacreditavelmente vasta, pelos nossos padrões de sucessão educada de hoje. Imensa violência, com chuvas torrenciais por séculos, com soterramentos, com muitas mudanças.

                            Vitória, segunda-feira, 23 de junho de 2003.