quinta-feira, 27 de julho de 2017


Para Melhor Existir, Melhor Pensar

 

                            As burguesias brasileiras ficam amedrontadas, com receio de liberar o povo, que poderia sair correndo desabalado, descontrolado; porisso o prendem com rédeas curtas, sufocantes. Como não houve bastante cristianização do país, não deixam passar nada para baixo.

                            Pelo contrário, deveriam investir não apenas na Ciência/Técnica, onde quase não existem revolucionários, como principalmente na Filosofia/Ideologia, onde eles existem em abundância, apenas com a precaução de confessar o desejo de um projeto comum, de todo o povelite, liberando com isso trezentas mil folhas na árvore impassível para elas balançarem à vontade, vibrando todo o edifício.

                            Isso equivaleria e estimular EM TODAS AS ESCOLAS, em todos os níveis (primeiro e segundo graus, universidade, mestrado, doutorado e pós-doutorado) o pensar das coisas e dos problemas afincada ou obstinadamente. O país precisa de tensões. Precisa de problemas por resolver. Que adianta um país deveras seguro, em termos de aprisionamento, mas que produz pouco? Melhor um país que corra riscos e produza muito. Querer pressão é querer soluções. Querer vida mansa é querer o comodismo que traz passado, pois quem não resolve problemas só acessa o futuro-passado, aquele futuro que é repetição do passado. O FUTURO-NOVO, o futuro diferente, ainda não trilhado, pertence apenas aos que resolvem problemas novos. Esses geram inquietações que fazem pular as burguesias, que as remetem a um novo processo de pulsação, a novas tempestades, rumo ao enfrentamento de novas barreiras que a fazem inventar caminhos novos, caminhos não-trilhados, que ninguém pisou antes – porque pelos velhos caminhos todos sabem passar, eles viraram “caminho da roça”, trilha batida: é seguro, mas há gente demais nele.

                            Liberar os revolucionários para os questionamentos é fazer efervescer. País parado é como criança parada: está doente (do corpo ou da mente). O único jeito de prosperar é “soltar os cavalos”, fazê-los galopar.

                            Soltem a tropa.

                            Vitória, quarta-feira, 22 de setembro de 2004.

Os Sapiens e os Lobatos

 

                            Veja que a humanidade é de 35, 50 ou 100 mil anos atrás; os hominídeos de no máximo 10 milhões de anos; os primatas de 100 milhões de anos. Se as flechas (meteoritos e cometas) caem de 26 em 26 milhões de anos, o último grande foi há 13 milhões de anos, depois 39, depois 65, depois 91 e aí ultrapassa a presença dos primatas. Estes presenciaram (91, 65, 39 e 13) quatro deles, ao passo que os hominídeos nenhum, nem muito menos os sapiens.

                            A GRANDE NATUREZA É LARGA DEMAIS


                            Mas a Encarta dá conta de que há apenas 3,3 milhões de anos caiu um. Esse seria bastante grande, 29 km, até maior que o de Iucatã, no México, que tinha, dizem, 16 km. Tal queda recente destoa do modelo.

                            Mesmo assim os sapiens nem de longe teriam sabido de uma coisa dessas, porque os hominídeos tinham línguas rudes e nada passaram adiante; nenhuma memória restou de qualquer queda. Fora as quedas muito pequenas que provocaram dilúvios historicamente retratados, PARA TODOS OS EFEITOS as flechas não existiram para os seres humanos e jamais teríamos sabido dos Lobatos não fosse o poder de pensamento cumulativo do coletivo.

                            Vitória, sábado, 25 de setembro de 2004.

                           

ISSO TERIA NOS TOCADO (o Lobato já estava formado há bastante tempo em sua construção inicial, quase tudo pronto no LAS, fora o Amazonas, que é muito recente, menos de um milhão de anos).

Impact 3.3 Million Years Ago: Scientists have discovered evidence that an asteroid or comet struck what is now Argentina 3.3 million years ago, an event that could be connected to regional animal extinction and climate change at that time. The findings were reported in the December 11, 1998, issue of the journal Science.

Os Que Se Fizeram

 

                            Em inglês existe a locução “self made man” (“eu-feito-homem” – o inglês é esquisito mesmo). Em português “a pessoa que se fez por si mesma”. Não PARA SÍ, o que denotaria egoísmo, excesso ou superafirmação do ego, mas POR SI, com suas próprias forças. Ninguém se faz sozinho, isso é impossível; nem mesmo o par fundamental ideal (a EVA MITOCONDRIAL e o ADÃO Y viveram em tempos e espaços separados na África de 200 mil anos atrás); hoje, como está fartamente demonstrado no modelo, o indivíduo definitivamente não existe só – em volta dele estão as outras PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundo) psicológicos. De modo que nenhum de nós existe mesmo só, estamos presos ao coletivo, que produz para nós e nós para ele.

                            Entrementes, há alguns que se esforçam mais e com oposições de todo estilo fazem por si e pelos outros muito mais que a média, situando-se bem acima em relação a ela. São a esses que nos referimos: aqueles que começam quase do nada na Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos) ou na Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) ou no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática). Que começam quase do zero, como o indiano Ramanujan fez na matemática.

                            Essas pessoas, digamos Newton em várias áreas, devem inventar seus próprios instrumentos, máquinas, aparelhos, programas, processos, métodos, sistemas, procedimentos, notações, grafias e vários itens, de modo que são, em si mesmos, revoluções ambulantes. Existe sempre em volta deles uma revolução ocorrendo. São chamados de “homens reais”: todos vivem para o passado, de um modo ou de outro, mas eles vivem para o futuro. Devemos a aptidão qualitativa a eles. Dizem que eles vivem além de sua época, mas isso não é verdade, vivem apenas além da média do presente, pois metade, diz o modelo, vive para o passado e metade para o futuro; alguns estão além da média da média, locomotivas poderosas arrastando os vagões do presente que se aferra ao passado. Eles não vivem no futuro, não existe isso: é que os outros é que vivem no presente voltado para trás. Eles meramente vivem no presente voltado para frente, até muito para frente, e assim enfrentam oposições. São as criaturas mais interessantes. Porisso, se você deparar com a biografia de um “homem que se fez por si mesmo”, compre-a e leia-a – sempre terá muito a aprender daquele esforço. É basicamente re-nov/ação, ato permanente de re-novar.

                            Vitória, quarta-feira, 22 de setembro de 2004.

Os Profundos Apontamentos do Modelo

 

                            O modelo colocou no centro das várias pirâmides de base quadrados elementos ou centros que as resolvem.

                            MODELOS E PIRÂMIDES (mundos e fundos)                       

CENTRO OU RESUMO
CHAVE OU BANDEIRA
PERIFERIA
Bancos
Economia
Agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços
Burocracia
Labor
Operários, intelectuais, financistas, militares
Geo-história
Psicologia
Figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias
Matemática
Conhecimento
Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica
Transportes
Proteção
Lar, armazenamento, saúde, segurança

Estão marcados porque constituem os centros, os governantes. Assim, o governante ou centro da Economia é o Banco geral, para onde tudo é carreado. O núcleo da existência é o setor de transportes. Assim, quem queira se apoderar de tudo no mundo deve se dirigir a esses centros.

CINCO CENTROS (que eu tenha visto)

·       BANCOS: centraliza a atividade monetária-financeira (finanças é o coração do sistema, moeda é o sangue que circula);

·       BUROCRACIA: centralizar as relações governempresariais; a burocracia do governo conversando com a burocracia das empresas;

·       GEO-HISTÓRIA: é o co-ordenador DE TUDO, é o QUÊ da realidade, de onde se pode ver o espaço presente ou geografia e o tempo passado ou história;

·       MATEMÁTICA: os instrumentos da compreensão mais límpida da realidade;

·       TRANSPORTES: o meio de levar cada qual a cada qual, isto é, ligar dois pontos para fazer a reta de transmissão da mensagem – o meio é a mensagem.

Prepare a melhor a mais enxuta burocracia, afine sua mente com a matemática, faça-a compreender perfeitamente a geo-história, tenha seu próprio banco e se dote do melhor transporte e você terá acesso a todo o resto. Estude isso até compreender o cerne da realidade. O mundo se tornará seu campo de passeio. Com o melhor transporte irá a qualquer lugar quando queira; com a melhor burocracia nada demorará a chegar a você, nem chegará distorcido por interesses intermediários - seguindo as ordens de triagem; com a melhor matemática todo o mundo será retratado perfeitamente, do modo mais econômico possível; compreendendo a geo-história você facilmente saberá quem são os amigos, e poderá apartar-se dos que se colocarem como inimigos; com os bancos toda a atividade socioeconômica produzirá-organizará para você.

Há outras chaves e bandeiras, mas em algumas delas o centro ainda não foi encontrado.

Vitória, domingo, 26 de setembro de 2004.

Oceano 1.0

 

                            O canal de documentários pago Discovery de 05 de janeiro de 2004 passou um programa sobre os oceanos, que cobrem 2/3 da superfície da Terra, portanto de 510 milhões de km2 nada menos que 340 milhões de km2, cerca de 60 vezes os 8,5 milhões de km2 do Brasil, que já é a quinta superfície dentre os mais de 200 países do planeta.           

                            Ocupando tanta área os oceanos proporcionam relativamente pouco em termos de energia e matérias primas, embora a maior parte do oxigênio venha do ficto e do zooplanton, ainda que não pareça. Porisso as pessoas não o olham tanto quanto deveriam, sendo tão interessantes; continuam sendo uma reserva relativa, benza Deus, pois não foram tão destruídos, ainda que pairem várias ameaças.

                            Ninguém pensou fazer à Microsoft um programáquina Oceano 1.0 que evoluiria de três em três anos, ou o que fosse, falando os oceanos e mares externos e internos, dos acidentes que as águas desenham nas terras emersas, das águas internas (rios, lagos e lagoas, sem falar em neve e aquíferos), de chuvas e monções nos oceanos, das profundezas, dos nódulos metálicos, dos vulcões submarinos, das fissuras e das fossas, da Vida marinha (que é importantíssima, fundamental), dos gradientes de temperatura, dos páleo-oceanos, dos depósitos de petróleo e gás, das temperaturas, dos polos, da grande vida marinha, dos vegetais submersos, das talvez 100 mil ilhas existentes, das ilhas grandes por ordem de grandeza e ocupação, dos países-ilha, dos tsunamis e terremotos, das grandes cadeias submarinhas de montanhas, de um milhão de temas, tanto sob a ótica do divertimento quanto sob a do aproveitamento empresarial (agropecuário-extrativista, industrial, comercial, de serviços e bancário). De quanto os governos empregam nos oceanos, das pesquisas que são realizadas, da geologia marinha, de um mundo de coisas.

                            Em resumo, a empresa que se lançar a isso vai ficar multimilionária, porque a humanidade por enquanto está sempre em expansão.

                            Vitória, quinta-feira, 23 de setembro de 2004.

O Valor dos Americanos Magros

 

                            Desde que eu soube que 60 % dos americanos estão obesos (não apenas gordos, mais que gordos, obesos, gordos-mórbidos, doentes) extraí várias compreensões. Em primeiro lugar há o fato de que cada um, isoladamente, não pode lidar com suas taras, porque gordura e obesidade é excesso de gratificação e medo, receio do mundo, do que é exterior, do ambiente relativo ao indivíduo, ou seja, medo das PESSOAS (dos outros indivíduos, das outras famílias, dos outros grupos e das outras empresas) e medo dos AMBIENTES (das outras cidades/municípios, dos outros estados, das outras nações e do mundo).

                            Se a proporção não é 2,5 % de muito magros, 47,5 % de magros, 47,5 % de gordos e 2,5 % de muito gordos, obesos, como diz o modelo que deveria ser, então algo está errado. A nação toda está doente de medo. Com medo há grande chance de a pessoa se tornar paranóica, ver perigo em toda parte, onde realmente há e onde não há; não podendo distinguir entre haver realmente e pensar que há ela toma atitudes insensatas e agride todo mundo, inimigos (onde há mesmo e ela deveria se precaver de fato) e amigos (onde não há, com a violência assustando a todos). Assim, a relação 60/40 não indica nada de bom, porque podemos pensar que os 60 contaminarão outros 30, formando 90 % de inclinação, porque haverá propaganda para agradar e vender para aqueles 60 % e o país inteiro se moverá para a loucura.

                            Mas é, como eu disse a Gabriel, um momento único no cinema americano, porque não querendo ver a realidade os 60 % e os contaminados por eles quererão a irrealidade, o virtual, o fictício e isso demandará boas criações do cinema, do teatro (que, sendo inquisitivo, será pouco visto, até porque implica sair de casa), das revistas em quadrinhos, da TV, da Rádio, da Revista, da Internet, do Jornal, da Editoria e de tudo que pode colocar uma redoma em volta de todos e cada um. Compras pelos Correios e pela Internet. Os EUA se fecharão ainda mais para o mundo, QUERENDO DESCONHECER o resto todo, menos alguns aliados tradicionais (Canadá e México, mais próximos, e Europa e Japão, Coréia, Formosa). Em resumo, em se tratando de tecnartes será um tempo bom; no cinema melhor ainda, com grandes produções de fantasia e FC, de tudo que é fantástico em todos os gêneros, as pessoas refesteladas em suas poltronas, quase todos fechados na TV fechada. E o valor dos 10 % de americanos magros saltos de 2/1 para 10/1. Adivinhe onde eles estarão? No cinema, claro.

                            Vitória, quinta-feira, 23 de setembro de 2004.

O Que é Direito Fazer?

 

                            Os legisladores (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores, fora os legisladores internacionais) foram fazendo tantas leis, decretos e outras porcarias úteis, e os interpretadores (juizes, desembargadores e a turma toda) julgando tanto e acumulando tantos modos de interpretar que virou uma teia de aranha mundial a nos cercar e tolher.

                            Seria interessante mirar os atos humanos, desde aqueles para os quais há 100 % de convicção e certeza de que devemos mesmo proibir, até os mais triviais, e contar as leis que estão à volta deles, desde as mais corretas até as mais esdrúxulas e inoportunas. Para isso e aquilo, lei; para tudo e nada, lei; para qualquer gesto, lei; para todo pensamento até, lei. Gabriel leu na Superinteressante algumas leis muito esquisitas, que também podem ser colocadas.

                            Esse livro seria motivo de chacota e riso geral no mundo inteiro, pelos disparates, e motivo de profundo pensamento a respeito dos nossos exageros e falta do quê fazer dos políticos. É claro que tomaria bastante tempo de um ou exigiria um grupo-tarefa encarregado por uma empresa patrocinadora (ou por algum governo decente, mas seria esperar demais deles – sonhar com autocrítica), mas também não precisa ficar perfeito logo na primeira publicação, podendo ser corrigido e ampliado constantemente de três em três anos, à Microsoft. Penso que esse livro, por si só, induziria um movimento de autocorreção dos poderes legislativos e judiciários de todo o planeta. Eles se levam muito a sério e são na verdade bem aborrecidos.

                            O que é direito fazer? Isso implica divisão da pergunta: 1) o que se pode AINDA fazer? O que não é proibido? O que sobrou de liberdade após tantos milênios de poder legislador (é bom abordar toda a geo-história, quer dizer, todo o espaço e todo o tempo); 2) o que é direito-fazer, que se subdivide em duas outras: 2.a) o que é fazer-direito? Isso leva ao anarco-comunismo, quando fazer-certo não precisará de vigilância. 2.b) o que é o Direito (enquanto produçãorganização legal), enquanto mecanismo de correção externinterno, quer dizer, sentidinterpretador da mente coletiva? O que é FAZER Direito? Quanto existe de economia ou potencialização e quanto há de deseconomia ou redução nisso? Quanto rendimento, produção, podemos encontrar no Direito geral, e quanto rendimento-crescente, produtividade, podemos esperar ainda dele? Você sabe, essas são as perguntas centrais.
                            Vitória, domingo, 26 de setembro de 2004.