sexta-feira, 3 de março de 2017


Três Focos

 

                            Nas conversas com Altamiro ele colocou sua tese sobre o GÁUCHO (usa essa versão para distanciar de Gaúcho, que é o habitante dos pampas argentinos, paraguaios, uruguaios e brasileiros, no Rio de Grande do Sul, simbolizando com ela certa busca de liberdade que vem do Sul para o Norte, tendendo a contaminar). Para ele o Rio de Janeiro foi o foco recente onde essa ânsia de liberdade se encravou, vindo com Getúlio e Brizola.

                            Minha antiga idéia é que em Salvador, capital brasileira até 1763, no Rio de Janeiro até 1960 e daí em diante Brasília, são criados três focos, revolucionários por natureza. É que os que buscam a liberdade vão para onde há maior possibilidade de expressão, onde as pessoas são mais alegres, até por contarem com vida mais folgada, que vem de as capitais carrearem recursos dos demais municípios dos estados e das nações. Por exemplo, agora a maior renda percapita brasileira não é de São Paulo, o estado mais produtivo qualitativa e quantitativamente, mas de Brasília, Distrito Federal e capital brasileira. Há muita folga, muito ócio, muita liberdade e todos os despossuídos que podem e querem se aventurar fora de sua terra vão para esses lugares. Mulheres, negros, índios, velhos, moços, homossexuais, todos os que estão em condição inferior de expressão política vão para esses lugares.

                            Acontece que o poder imperial português desejou promover a ocupação do Sul, para fazer frente à Argentina e aos espanhóis, e ao mesmo tempo promover o esvaziamento psicológico, em particular o político de Salvador, transferindo o poder mil e quinhentos quilômetros para baixo. Depois, já em 1960 desloca-se novamente para Brasília, promovendo a ocupação geográfica ou espacial do Centro-Oeste (a título de centralizar geograficamente o Brasil e estar mais próximo da Amazônia) e o esvaziamento político do Rio de Janeiro, então efervescente, até em virtude da maior liberdade pós-guerra (1945 a 1968, que é o dobre de finados dos movimentos culturais ou nacionais no mundo inteiro).

                            Fugiu. Foge sempre, o medroso poder português, evitando sempre os enfrentamentos que Ciro Gomes pede inutilmente.

                            Ora, ao criar Brasília criou um triângulo, três vértices, o ES ficando no meio (500 km do Rio de Janeiro, 1.100 de Salvador, 1.000 de Brasília). Agora, se for lançado um repto revolucionário, ele ressoará em três pontos distintos. Em vez de um foco só, que seria facilmente dominado, três, que podem propagar em circunferências crescentes as idéias.

                            Aquilo que postulavam, ocupação geográfica com simultâneo esvaziamento ideológico ou político, bom num primeiro momento, tornou-se para eles uma tragédia posteriormente, por estarem dadas as condições da revolução. Assim, sem qualquer preparação revolucionária o cenário mais favorável foi desenhado pela burguesia fujona.

                            Como eu sempre disse, só falta mesmo é a teoria e a prática mais conseqüente, mais correta e justa, para dar o pontapé inicial no novo jogo, e é isso que estamos nos propondo fazer.

                            Vitória, sexta-feira, 18 de julho de 2003.

Tão Pobrezinha Ela Era

 

                            Em 1973 não tínhamos:

·        Videocassete e vídeo-locadoras;

·        CD’s e CD’s-ROM, sem falar nos aparelhos que tocassem os primeiros e aproveitassem os segundos, aparelhos de som e PC’s, computadores de casa;

·        Internet, que principiou efetivamente no estrangeiro em 1989 e no Brasil a partir de 1995;

·        MP3 e Kazaa, que trazem músicas através da Rede;

·        Ressonância magnética e outros exames médicos;

·        Escaneadores e impressoras caseiras;

·        Carros com eletrônica embarcada, e uma lista imensa de coisas.

Como nós éramos pobrezinhos, gente!

E, na verdade, NÓS SOMOS, relação ao futuro.

Pois 1973 era rico em relação a 1943, este por comparação com 1913 e passada uma geração de 30 anos sempre, para trás. Como nós fazemos para viver sem o TV widescreen (tela larga 16x9, em lugar da 12x9), que não tenho ainda, ou a HDTV, não disponível no Brasil, ou as enciclopédias eletrônicas? Como vivemos agora sem as coisas de daqui a 30 anos?

Vivemos, é claro, e de modo muito satisfatório.

O modelo diz que as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) são sempre ricas/pobres, ou vice-versa, PORQUE foi identificado que ser pobre é não ter, e sempre não teremos, enquanto a riqueza é sempre relativa, e sempre haverá um maior. Eis aí uma fonte idiota de angústia, para quem a tem, para aqueles submetidos a ela.

Não éramos pobrezinhos, nem na Idade Média eram, nem em seis mil antes de Cristo – as pessoas eram ricas daquilo que tinham (esse é o otimismo, que aproveita; o pessimismo se chicoteia). Sempre somos ricos, se sabemos viver em alegria.

Vitória, quinta-feira, 26 de junho de 2003.

Solução para o Pipocamento

 

                            A solução do Big Bang (a Grande Explosão, precedida do Grande Estresse, o Barulhão), proposta por Gamow e depois adotada por quase todos, menos Fred Hoyle e seus seguidores é insatisfatória, pois unilateral, e o modelo pede pares e quádruplas. Deve haver, a par de uma só explosão no princípio, contínuas explosões menores durante todo o curso. A explosão de buracos negros como buracos brancos (as supernovas, certamente) são explosões de trânsito.

                            Se há explosões de percurso, há-as grandes e pequenas.

                            Há-as supergrandes, grandes, médias, pequenas e superpequenas – as microexplosões. Nas distâncias de Planck devem aparecer e desaparecer constantemente os campartículas. Os menores que podem acontecer seriam os dos campartículas fundamentais, do verdadeiro ÁTOMO dos gregos. Eles devem surgir e desaparecer aos pares, de modo que quando surge A+ deve do lado surgir A-, partícula e antipartícula, que poderiam juntar-se novamente, produzindo explosões, um contínuo pipocar no universo. Mesmo sendo os campartículas fundamentais diminutos, invisíveis a qualquer instrumento, e mesmo com a menor ordem de probabilidade, haveria um contínuo pipocar, relâmpagos por toda parte e literalmente o universo torraria, razão pela qual o par formado não pode tocar-se. As antipartículas também não podem tocar a outras, pelo mesmo motivo. Onde estaria o antiuniverso? Com intuí no modelo, só há uma explicação: ele não foi ejetado no princípio, como seria o caso de um único Big Bang, para a posição espelar. Ele é CONTINUAMENTE EJETADO para um plano contíguo de vibração, EM OUTRO TOM, no mesmo espaço, mas oculto. Aqui do lado, mas sem vermos, sem possibilidade de contactarmos, em tons opostos que não podem tocar-se. Mas, se os tons forem misturados as partículas se juntarão, com explosões de luzes.

                            Há, por assim dizer, um CONSTANTEBANG, uma explosão contínua, mas a cada vez que ela ocorre (sempre dentro do mesmo módulo de materenergia previsto na modulação original, na criação no BB), as partículas e antipartículas, os campos e os anticampos se separam, vibrando em tons opostos/complementares. Pela ordem dos raciocínios, alguém poderia criar o instrumental misturador, provocando grandes desastres, pois é, sem dúvida alguma, a maior das pilhas de energia, a demodulação total, formidável carga de conversão pura, absoluta – a ARMA FINAL. E os depósitos estão bem aqui do lado.

                            Vitória, segunda-feira, 30 de junho de 2003.

Sistemas Galácticos

 

                            Em seu livro, O Universo, Lisboa, Edições 70, 1987 (sobre original francês de 1955), os autores Paul Couderc e Jean-Claude Pecker mostram na página 21 várias galáxias típicas elipsóides, que vão de E0 a E7, daí derivando as outras, S, em espiral, A, anêmicas, mostradas como L, lenticulares (que constituem as vistas superiores das outras), que evoluem também, e daí espirais barradas, irregulares, de rádio-fontes intensas.

                            Devemos ter mecanismos muito simples, além dos quais estão as composições = COMPLEXAS, na Rede Cognata (veja Livro 2, Rede e Grade Signalíticas), e tais mecanismos devem ser os mesmos PARA TUDO na macropirâmide: planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos dentro do pluriverso, postas as escalas saltadas de tempo, em potências de 10, em degraus de centenas de milhões ou bilhões de anos.

                            O modo de criar um sistema solar não deve ser diferente do modo de compor de um sistema galáctico. Todas essas galáxias provêm de uma mesma fonte, que devemos imaginar operando em seqüência. Em lugar de pó e gás nos sistemas estelares devem ter estrelas e suas coortes de objetos.

                            Certo que E0 evolui para E7. Primeiro começa como uma nuvem globular galáctica e vai arremessando estrelas para a periferia, segundo o princípio da gravinércia (inércia que é movimento linear, para frente sempre, força centrífuga, e gravidade que é movimento circular, ao redor e para o centro, força centrípeta), movimento circunlinear, como pede o modelo. Veja uma esfera que vai se alongando no equador, expulsando os materiais, tanto para os sistemas estelares quanto para os galácticos, com a diferença de que no primeiro é o conjunto de pó e gás e no segundo estrelas e seus acompanhantes, muito mais maciços e mais difíceis de mover, em razão da inércia muito maior. As galáxias espirais e as anêmicas são as mesmas, vistas de cima como lenticulares. As fontes de rádio são resultados da explosão de galáxias como buracos brancos (que eram pouco antes buracos negros centrais, de alguns milhões a bilhões de massas solares) que rebentam em supernovas, sendo as fontes de rádio ou quasares os resultados. Ao explodir ejetam AS MASSAS ESTELARES para longe, como uma nova estelar (novestrela) faria com os planetas, satélites, cometas, pós e gases, criando uma nuvem globular estelar, donde surgiriam novas estrelas do zero. No caso das galáxias, já que elas são muito maiores e as estrelas imensamente maiores que os planetas, elas sobrevivem, em sua maior parte, torradas que sejam, mas vivas, formando as barradas e as estrelas irregulares de todos os tipos.

                            Agora, como já disse na seqüência do modelo, e os pesquisadores já definiram muito antes, no centro das galáxias formam-se buracos negros de massas que vão de poucos milhões, como no centro da Via Láctea, equivalente a 30 milhões de massas solares, até outras que contém cinco bilhões delas. As explosões serão tanto mais formidáveis quanto maior esse depósito no buraco negro central. No caso desse de cinco bilhões de MS o universo inteiro sentiria o peso, se o BN (buraco negro) não for estável, explodindo subseqüentemente como BB (buraco branco ou supernova, restando um quasar no lugar).

                            E o que são os braços ou espiras?

                            São ejeções de estrelas, que irão formar buracos negros menores à guisa de planetas, como se resultassem planetas. Na nuvem globular galáctica o centro se torna o BNC, buraco negro central, e a periferia, a superfície da esfera ideal, os BN-planetas. Imagine uma fita cuja ponta, suposta na frente, para fora, segue a traseira, suposta para dentro; as estrelas da ponta estão amarradas gravitacionalmente às seguintes e assim por diante, mantendo a fita conexa. Os braços começam a girar ao redor do BNC (que surgiu do centro de massa do sistema), e podemos ver que as partes de trás são as mais exteriores, cuja massa deve ser maior e mais difícil de arrastar, à medida que anda para frente e ao redor, circulando-andando, circulandando em volta do BNC. O programa de computador não deve ser difícil de fazer. A fita começa a contorcer em volta do BNC, mas a extremidade, exterior, resiste ao contínuo puxão. Na medida em que, num futuro muito distante, o BNC continuando estável, as fitas encontrarem seu lugar nas órbitas próprias de tensão gravinercial mínima (como cada planeta no SS), constituirão os buracos negros satélites ou planetários, os BN-planetários, porque as estrelas começarão a atrair umas às outras DENTRO DA FITA, juntando-se toda a massa num mesmo ponto, à medida que umas forem se adiantando e outras atrasando, rumo ao que será o futuro centro. Veríamos então um SISTEMA GALÁCTICO muito semelhante aos sistemas estelares PORQUE O MECANISMO É UM SÓ. Buracos negros rodeando buracos negros, os pequenos em volta rodeando o grande central, em relação de massas aproximada, guardadas as proporções, deste sistema solar que temos à nossa disposição, ou seja, o Sol com mil vezes ou mais a massa do BN-Júpiter, ou dois BN-estrelas rodeando um ao outro como binários, ou trinários ou o que for. Vai ver que existem no universo, ou existirão, buracos negros com bilhões de massas rodeando um ao outro, com um enxame de estrelas à volta, a ponto de mergulhar no horizonte.

                            Vitória, terça-feira, 01 de julho de 2003 (no que seria o aniversário de meu irmão assassinado, Ary).

Sintanálise da Produção

 

                            Do livro de Paul A. Samuelson, Introdução à Análise Econômica, I, 7ª. Edição, Rio de Janeiro, Agir, 1973, p. 16, podemos tirar esta passagem: “A primeira tarefa da moderna ciência econômica é descrever, analisar, explicar e correlacionar o comportamento da produção, do desemprego, dos preços, e fenômenos semelhantes”.

                            Vejamos o que diz o modelo.

                            O Conhecimento: Magia/Arte (1º), Teologia/Religião (2º), Filosofia/Ideologia (3º), Ciência/Técnica (4º) e Matemática (0º). Então a pontescada tecnocientífica, de que darei a seção científica: Física/Química, Biologia/P.2, Psicologia/P.3, Informática/p.4, Informática/p.5 e Dialógica/p.6. Em vermelho está o que nos interessa agoraqui. As Psicologias: figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias. As Economias: agropecuárias/extrativismos, indústrias, comércios, serviços e bancos.

                            Agora podemos voltar a Samuelson e ver que não há nada a não ser PRODUÇÃO. Emprego é o uso pago da força de trabalho, desemprego é o afastamento dela (pelo mal-uso dos equipamentos, máquinas, aparelhos, programas e capitais, por falta de propósito e em razão de intemperança governempresarial, etc.). Preços são as expectativas de apossamento produtivo pelas PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e pelos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos – quando então recebe o nome geral de TRIBUTOS: taxas, impostos, contribuições de melhoria). E assim por diante cada verbete do dicionário de Economia.

                            Centremo-nos, pois, na Produção geral.

                            OS ÍNDICES DE SAMUELSON

·        Descrever a produção

·        Analisar a produção

·        Explicar a produção

·        Correlacionar a produção

Enfim, investigar o comportamento da produção, seu ciclo, que seria uma senóide ou cossenóide, com as alterações proporcionadas pela introdução dos imponderáveis pelo caos. E não apenas ANALISAR como também SINTETIZAR, isto é, sintanalisar, uma alternância de análises e sínteses, proporcionando de um lado a pesquisa & o desenvolvimento das figuras ou conjuntos produtivos e de outro a busca de objetivos (antigos e novos) ENQUANTO MOTIVAÇÃO PSICOLÓGICA dos conjuntos.

Veja só como essa nova Economia do modelo nada tem de mística e parece-se cada vez mais com a Ciência geral.

A LISTA DE PROVIDÊNCIAS DO MODELO

1.       Coletar dados

2.      Descrever os objetos econômicos

3.      Catalogar pelas semelhanças e dessemelhanças

4.     Analisar

5.      Correlacionar

6.     Axiomatizar

7.      Teorizar

8.     Explicar

9.     Comparar com o real

10.   Reiniciar de 1.

Esses são os passos comuns da Ciência e podemos ver que a Economia, em especial, está além de 6, está explicando (embora insuficiente e erradamente, em tantos casos, porque a comparação com o real não é frequentemente correta) a produção.

Vitória, quinta-feira, 03 de julho de 2003.

Psicopatias

 

                            No livro de Wesley C. Mitchell, Os Ciclos Econômicos e suas Causas, 2ª. Edição, São Paulo, Nova Cultural, 1987, ele diz, página 10:

                            “Em contraposição a esse exemplo único, diversos outros se apresentam, onde a reativação iniciou-se calmamente, sem que houvesse qualquer evento suficientemente notável para chamar a atenção dos cronistas contemporâneos; por exemplo, a reativação alemã em 1904/05 e todas as reativações francesas desde 1890. Portanto, a tentativa de explicar as reativações econômicas com o resultado de acidentes felizes não merece mais crédito do que a teoria já abandonada de que as crises são fenômenos ‘patológicos’ provocados por alguma causa ‘anormal’. O calmo processo de recuperação econômica durante os períodos sombrios é suficiente para transformar-se numa reativação, sem a ajuda acidental de qualquer ‘circunstância perturbadora’”, negrito e colorido meus.

                            Sendo a Psicologia o que é no modelo, temos os seguintes desvios em relação ao equilíbrio:

·        Desvios das figuras ou psicanálises;

·        Desvios dos objetivos ou psico-sínteses;

·        Desvios das produções ou economias;

·        Desvios das organizações ou sociologias;

·        Desvios dos espaçotempos ou geo-histórias.

Os desvios produtivorganizativos ou socioeconômicos, em particular os econômicos ou produtivos podem ser:

·        Desvios agropecuários/extrativistas;

·        Desvios industriais;

·        Desvios comerciais;

·        Desvios de serviços;

·        Desvios bancários.

Todos esses desvios são patologias, sejam patologias econômicas sejam patologias sociológicas, chamadas sociopatias; diríamos então de psicopatias gerais, inclusive o mau e péssimo uso do espaço e do tempo, até no caso geral de poluições ou desvios ecológicos. Não só a teoria deve ser retomada, pois as crises são de fato psicopatias, no caso “produtivopatias”, digamos assim, como é fundamental reabordá-las.

Mitchell estava errado. E existem mesmo acidentes felizes e acidentes infelizes, que são como que os atratores no plano e no espaço socioeconômico. Um simples soluço pessoal (de indivíduos, de famílias, de grupos e de empresas) ou ambiental (de municípios/cidades, de estados, de nações e do mundo) pode resultar em tremendos sobressaltos socioeconômicos e de toda a Psicologia - em razão da teoria das catástrofes (como foi mostrado na matemática) - serem induzidas por eventos atratores, de maior ou menor poder centralizador. Qualquer conjunto pode provocar esse colapso, até mesmo um indivíduo mais dotado. De fato, na geo-história do mundo-Terra temos presenciado constantemente essas distorções e seria mesmo fundamental listar essas causas anormais, como módulo de prevenção.

Que Mitchell o tivesse negado e que a Academia tivesse aceitado a negação nos instrui de como podemos ser cegos quando nos interessa a escuridão como sossego da alma.

Vitória, terça-feira, 01 de julho de 2003.

Pedagogia da Liberdade

 

                            É uma das contestações mais assustadoras a de que nunca tenha aparecido explicitamente, em parte alguma, até onde sei, uma ESCOLA DA LIBERDADE, consagrada a ensinar a liberdade que já seja conhecida e a pesquisar as outras que estão faltando.

                            Nunca, em sociedade/civilização/cultura algumas pessoas (indivíduos, famílias, grupos ou empresas) se reuniram para conspirar pela liberdade, só contra ela. Você pode pensar que sim, mas na verdade as pessoas se juntaram para combater os opressores, o que é anúncio da preparação de defesa, não da ativa e alegre antecipação do gozo. Pode-se preparar uma festa sem atinar que por trás dela se mostrará a liberdade, pode-se construir um ginásio, pode-se erigir uma estátua da Liberdade Alada, mas nunca teremos ouvido falar de gente se aproximando para trabalhar a liberdade como conceito e forma.

                            Agregamo-nos para ler obras (por exemplo, as de Marx, na minha juventude um anunciador da liberdade), para constituir família, mas acho que ninguém olhou a liberdade cara-a-cara (ou, como dizem os americanos, face-to-face). Ninguém se preparou para ela, assim como se supõe que todos saibam como praticar o sexo. Mas não ensinam (no Oriente, que é mais esperto, sim) a respirar, a fazer exercícios, a enfrentar os dias com disciplinas ditas marciais? O contrário seria como supor que podemos ser os melhores homens para as mulheres só por desejá-las, de que na comermos todo dia haveria já embutido o paladar longamente treinado dos goumerts. Nós não saberemos degustar os mais finos sabores da liberdade, a menos que nos preparemos para tal, o que quer dizer começar logo.
                            Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.