quarta-feira, 1 de março de 2017


A Exponencialização da Língua

 

                            Veja o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), aí a pontescada tecnocientífica, depois a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6) como o caminho para se atingir a perfeição do Diálogo de Mundo, justamente na Dialógica/p.6, donde SE FALA novamente o Desenho de Mundo. Ao chegar na Psicologia/p.3 estamos aperfeiçoando o FALAR como PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos), esperando chegar mais além, na macropirâmide.

                            Como já disseram (erradamente) do gene egoísta, que tudo existe unicamente para que o gene possa se montar, com mais razão diríamos, se fosse certo, que tudo existe para a montagem da Língua geral.

                            Repare que desde quando o ADÃO Y e a EVA MITOCONDRIAL surgiram, em tempos e espaços próximos na África de 200 mil anos passados e deram origem ao homo sapiens SAPIENS, essa supersabedoria do gênero homem derivou quase que exclusivamente da Língua, que é a fita de herança psicológica por excelência.

                            O que houve de novo neles foi irem além do gestual dos neandertais, foi poderem acumular os produtos da língua (palavras, frases, conceitos) FORA DE SI, como palavras memorizáveis. Como para os sentidos, há dois lados da língua, o lado interno e o lado externo, quer dizer, a língua é externinterna, há um aparelho fonador na boca e no pulmão, e há uma língua no cérebro, ocupando uma porção dele nas áreas de Broca. Quer através dos gestos, como os surdos mudos na linguagem de sinais, quer por meio de palavras, é sempre essa dupla dimensão que fala e permite a COMUNIDADE DOS CONCEITOS e a progressão desses, sua complexificação, que irá dar-se, então, pelo crescimento das pessoas e dos ambientes na mesopirâmide. Tal comunidade conceitual permitiu o crescimento da civilização, que vai além da sociedade, mero ajuntamento. Possibilitou o aparecimento das elites CONCEITUAIS e com isso a acumulação da riqueza. O primeiro banco é a palavra.

                            Então, a Língua veio montando-se nos últimos 50 mil anos, especialmente nos 10 mil mais recentes. A partir da invenção da escrita há 5,5 mil anos a exponencialização tornou-se muito mais aguda. Ainda não estudamos as taxas desse crescimento, que se confunde com o próprio poder humano.

                            Vitória, segunda-feira, 30 de junho de 2003.

60 Anos de Paz

 

                            Com terem jogado as duas bombas atômicas em Nagasaki e Hiroshima, no Japão, em 1945, os EUA inauguraram naquele país esse período de paz que já dura 60 anos, seis décadas inigualáveis de crescimento interno e externo (através de empréstimos que estão em toda parte, especialmente nos EUA).

                            Esses 60 anos são duas gerações de tranqüilidade, que poucos países mais antigos (os da América Latina quase não conhecem guerras entre eles ou contra outros países do mundo, fora a Argentina, que foi estúpida nisso também, na questão das Malvinas) puderam desfrutam. O Japão, então, era palco interno constante de conflitos, e externamente a partir da Restauração Meiji de 1868 empenhou-se em várias guerras de agressão e conquista (com a Rússia e a China as mais notáveis).

                            Então, por 60 anos, o Japão não precisou se preocupar com mais nada, relativamente, pois sua defesa externa ficou a cargo dos EUA. O valor que isso teve é até incompreensível e gerou com toda certeza um novo cenário no Oriente. Diferentemente de seus vizinhos, como Rússia, China, Coréias, Sudeste Asiático e demais moradores da região, o Japão não precisou verdadeiramente gastar recursos em armas e na manutenção de forças armadas, exceto mais recentemente, e nunca em armas nucleares. Não despendeu bilhões de dólares.

                            Seu povo e suas elites puderam se dedicar às tarefas de crescimento e a acharem seu lugar no mundo. Não aconteceram terremotos políticos, foi tudo tranqüilidade durante seis décadas, para adultos e crianças que vieram de trás, confiantes no futuro como nunca.

                            O que isso representa em termos de dignidade interna? A Academia não raciocinou sobre isso.

                            Vitória, quinta-feira, 17 de julho de 2003.

27 Países

 

                            Com seus 8,5 milhões de km2 e 27 estados (incluído o Distrito Federal, onde fica Brasília), o Brasil tem média de 315 mil km2 de área por estado e isso é tanto quanto o Japão todo (372.819 km2, para 127,3 milhões de habitantes em 2001).

                            Estamos já, faz tempo, onde a Europa dos 15 quer ir. Os EUA estão além, 50 estados congregados, cada um podendo ser um país e cada um estando muito além de 50 % dos países em renda. São Paulo, no Brasil, eu fiz as contas, passa 70 % das nações (até o Espírito Santo, que é só 1/1.600 da renda mundial, passa 120 deles, mais da metade).

                            Nós não precisamos ser europeus, precisamos ser americanos (das Américas) e brasileiros, mais avançados. Porque, veja, a Europa, com tudo que há lá de magnífico, e que não canso de louvar, é o resultado contínuo de 10 mil anos de evolução, ao passo que o Brasil começou em 1500 (claro, não começou do nada, a raiz cultural é a mesma do mundo – mas, em termos de construções começou do zero, mesmo). Aliás, dizem que os EUA principiaram em 1776, ao passo que nesse ano o Brasil já teria 276 anos, estando, portanto, atrasado atualmente, porém isso é só parcialmente verdadeiro. Contando que Dom João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, chegou aqui fugido de Napoleão com seus 15 mil aproveitadores das cortes nos barcos apenas em 1808, foi aí que houve um recomeço, porque até então o Brasil não podia comerciar senão através de Portugal, não podia industrializar, não podia imaginar (como não pode até hoje). Daí que, na prática mesmo, o Brasil vá completar ainda em 2008 os 200 anos de independência real (real e metaforicamente).

                            O que se construiu em 200 anos não está no gibi – e tudo sem favor europeu nenhum, até contra tantos fatores que é de admirar que uma civilização, mesmo trôpega, pudesse se desenvolver ao sul do equador.

                            Se a Europa está madura, se é altamente homogênea (embora menos que o Japão, a China e todo o Oriente), não detém os privilégios das mudanças rápidas, de modo que, a apostar, eu apostaria no Brasil e nos EUA e em todos os países americanos. Particularmente EUA e Brasil podem se satisfazer de estarem congregando muitas nações. Já partem daquele ponto a que a Europa quer chegar décadas no futuro.

                            Vitória, quinta-feira, 26 de junho de 2003.

Um Povo Deprimido

 

                            Depois de ter tido um arranco extraordinário de 1150 a 1550 houve um rompimento em Portugal e o país mergulhou nas sombras, desde então até por volta de 2000, na realidade até a Revolução dos Cravos, pelos lados de 1975. O que deprime todo um país?

                            Por exemplo, a Argentina, que mostrou os danos da ditadura local, mergulhou na autocomiseração e no autoflagelamento, ao passo que o Chile e o Brasil, que esconderam, não caíram na fossa.

                            Durante a ditadura salazarista (Antônio de Oliveira Salazar, 1889 a 1970, homem forte de Portugal desde 1933, ditador até 1968) o país ficou mais deprimido que nunca, mergulhado numa paradeira de dar dó. Foi o fundo do poço, termo daqueles 450 anos que os acadêmicos não observaram atentamente, muito menos comparando as ditaduras como fenômeno nacional de perda de interesse, de disforia, de prostração mesmo, equivalente ao das pessoas. Em que medida isso contamina toda a Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias), em particular infecta a Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos)? Que germes psicológicos são esses que contaminam as pessoambientes (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações, mundos)?

                            Como curá-los, como preveni-los, vaciná-los?

                            Os acadêmicos perdem tempo com porcarias, furtando-se às perguntas fundamentais.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.

Um Mundo em Fantasia

 

                            Em períodos em que desaparecem as metas altas, em que os políticos do Legislativo, os governantes do Executivo, os juizes do Judiciário, os empresários estão todos roubando, quando os valores mais elevados da humanidade são repudiados e renegados, quando há todo tipo de perversidade sexual, quanto a ética e a moral afundam, o povo e as elites fogem e se refugiam na Fantasia geral.

                            Então prosperam as artes que as representam, a esses devaneios, esses sonhos. A sociedade/civilização/cultura SONHA através dos livros de fantasia, dos filmes de ficção científica, das poesias, de todo tipo de tecnarte do corpo, das utopias, das idas ao campo, todo gênero de fuga. Não deve ser assim? Como que não? Deve sim, porque esse tempo precede a revolta geral, quando em vez de ir para dentro o ser revoltado vai para fora, expande-se, seja em criação participativa seja em retaliação.

                            Por quê não deveríamos aproveitar as oportunidades? Por quê seria errado aproveitar os bons momentos, quando eles aparecem? De fato, quando vem à tona todas essas coisas boas, nós corremos até elas e as tomamos todas, porque é bom. Se estivermos passando pelo lado ruim do ciclo senoidal, nós aproveitamos isso TAMBÉM. Se temos de ir ao pântano, aproveitamos para caçar caranguejos e trazer uma lama boa para tratamento de pele. Isso é a sabedoria mínima do povo, a de aproveitar o mínimo recurso.

                            Se o mundo-Terra está passando por uma fase ruim, vamos aproveitar com extrema alegria.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

Teleporto

 

                            Obviamente fala-se em ficção científica de teleporte (a transferência de pessoas e objetos de um ponto a outro, sem passar pelos intermediários), mas ninguém aborda as implicações dele no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), nele a pontescada tecnocientífica, nesta a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6) e, mais embaixo, a pontescada técnica (Engenharia/X1, Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4, Astronomia/X5 e Discursiva/X6).

                            Tudo isso nos daria chances enormes, oportunidades espantosas de desenvolver filmes e seriados.

                            Primeiro, instalações grandes teriam de ser erguidas em locais muito bem vigiados. Imagine se o corpo em translação instantânea, com velocidade infinita, se manifestasse ou se mostrasse num lugar onde não estava antes, mas onde estivesse qualquer minúsculo objeto – o impacto seria de uma bala com velocidade infinita. Depois, a parada seria queda de velocidade infinita para zero, com transformação da quantidade total de movimento em outras formas de energia. Observe que, por meio da transferência, um corpo padrão poderia ser transformado e a pessoa poderia, sem o querer absolutamente, ser transformada em outra, até trocando de sexo, quem sabe. Então, para começar, seriam instalações governempresariais de altíssimo risco e vigilância, mormente quando se tratasse de passagem de políticos do Legislativo, de governantes do Executivo e de juizes do Legislativo, quando não de empresários, especialmente os grandes.

                            E imagine que sem autenticação fossem transferidas bombas!

                            Ou pragas (vírus e bactérias), animais peçonhentos, etc.

                            Parece assim, de imediato, que o teleporte traz mais confusões que soluções – uma nova classe de problemas a resolver, cuja apresentação imperfeita pelos magos/artistas dará oportunidade de raciocínio primário aos cientistas/técnicos.

                            Qualquer trama já pode ser urdida em volta disso. Só esses primeiros pensamentos a respeito das instalações do Teleporto (transferência de PESSOAS: de indivíduos, de famílias, de grupos, de empresas; transferências de coisas dos AMBIENTES: de municípios/cidades, de estados, de nações, dos mundos), sobre os processobjetos que estão relacionados com ele e os demais enquadramentos, já possibilitam inumeráveis cenários.

                            Onde os teleportos seriam instalados? Vemos que os aeroportos são lugares bem particulares, das elites; então imagine os teleportos, envoltos em tantos segredos, e tão admirados de fora pelos pobres e miseráveis, que os veriam certamente como mágicos, e objetos de veneração. E os terroristas? E as organizações de oposição pacífica?

                            Arranjando-se uma turma de bons escritores, uns dez dos maiorzinhos, já haveria motivos para 50 filmes da série, de grande atração internacional, e depois mais de mil, quando a coisa “pegasse”.

                            Uma razão a mais para a felicidade de Hollywood.

                            E da gente também, por quê não?

                            Vitória, terça-feira, 24 de junho de 2003.

Superestado Confuciano

 

                            No livro Taoísmo, O Caminho do Místico, São Paulo, Martins Fontes, 1984 (original americano de 1972), p. 58, o autor, J. C. Cooper, diz: “Do mesmo modo como Lao Tzu rompeu com a sofisticação e o artificialismo de seu tempo, mais tarde o maior seguidor e expoente de suas doutrinas lutou contra o convencionalismo e o cerimonialismo excessivos, que Confúcio deixara impregnados na vida pública e privada chinesas”.

                            Os governempresas pós-contemporâneos, desta Era que começou com a Queda da URSS em 1991, devem juntar gente em grupos meio-evidentes meio-ocultos e dar-lhes “verbas desaparecidas”, verbas que não deixem trilhas, para vigiar os estados, de forma a que eles não congelem em parte alguma em sofisticação excessiva, em artificialismo doentio, em convencionalismo anquilosado, em cerimonialismo superficialíssimo.

                            A luta é a de sempre.

                            Evidente que o ciclo é inescapável e o Tao oriental, a dialética ocidental e o modelo aconselham o não-forçamento, de modo a não armar a mola ou tensor dialético, mas mesmo assim pode-se agir nas sombras, brandamente, de modo a diminuir o tamanho absoluto da seta ou de maneira a preparar a volta do contrário. Uma escola antiestado deve ser desenvolvida, como já mostrei no modelo, a chamada “escola da antinação”, que promova a dissolução dela, de modo a que ela não vá trazer dor excessiva ao gênero humano.

                            Agora mesmo, enquanto estou escrevendo, os EUA começaram a congelar, caminhando para as dinastias no poder, mercê do ataque externo (que, creio, foi forjado) que levará à militarização e à assunção de homens fortes que engolfarão a nação em pérfidas disputas internas e irão manietá-la progressivamente. Quando tal aconteça, aqui ou acolá, as forças vivas devem ser levadas a outros lugares, por exemplo, a fronteiras externas ou internas, onde possam se desenvolver e reintroduzir os vetores da liberdade.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.