quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017


Paulinho Presidente

 

                            Paulinho (Paulo Hartung Gomes, atual governador do Espírito Santo) parece ter o perfil certo para ser o primeiro capixaba presidente da República, o que já reclamei faz tempo, até propondo ao Albuíno Azeredo (ex-governador, 1991-1995) fosse ele – se não foi, a razão foi ele ter recuado, por nunca ter acreditado na minha proposta.

                            No caso, Paulinho foi líder estudantil, deputado estadual, deputado federal, prefeito de Vitória, senador e é agora o governante, atuando pelo menos desde 1976. Pelos jornais fiquei sabendo que aniversariou em 22 de abril, fazendo em 2003 46 anos, salvo engano. Terminaria o primeiro mandado com perto de 50, quando Lula se reelegeria, e estaria pronto aos 54 anos, reelegendo-se necessariamente governador, para ter suficiente tempo, e plataforma e realizações.

                            Ao carisma natural dele deve ser ajuntada a coesão de seu grupo (do qual fazem parte Stan Stein, vereador perpétuo de Vitória, Neivaldo Bragatto, seu atual secretário de Planejamento, Lelo Coimbra, seu vice-atual, José Teófilo Oliveira, atual secretário de estado da Fazenda, e, pelas bordas, Luís Paulo Veloso Lucas, atual prefeito de Vitória).

                            Falta-lhe programa, para o qual estou disposto a contribuir.

                            PORTFÓLIO DE PROJETOS

·        Curto prazo (dois anos)

·        Médio prazo (quatro anos)

·        Longo prazo (oito anos)

LIGAÇÃO COM OS PODERES (ver propostas)

·        Poder Judiciário (Redemocratização do ES, Livro 29, anexo, e outras)

·        Poder Legislativo (Um Projeto Completo para o ES, Livro 29, anexo, e outros)

PROJETOS DO EXECUTIVO

·        Antena Universal para o ES (ver Um Projeto para o Mestre Álvaro, anexo, Livro 29 – para longo prazo e participação de todos os capixabas, um novo Farol de Alexandria, uma das maravilhas do mundo futuro)

·        Centro Administrativo (ver proposta de 1988 a Max Mauro)

·        Governatório (ver proposta)

·        Reforma do Secretariado (texto próprio)

·        Agenda do Governador (texto com esse nome)

·        Políciamiga (ver texto a respeito)

·        Patentiosque (veja proposta de patente)

·        Reforma da SEFA (inúmeros textos a respeito, desde 1987)

·        Novescola (textos que pregam a contemporanização do ensinaprendizado), inclusive frações entregues a José Eugênio Vieira em 1988

·        Projetos (são inúmeros, inclusive o túnel sob Fradinhos e a ponte a Vila Velha no Forte)

·        AS QUATRO SECRETARIAS GERAIS

Secretarias de Relações
Secretarias de Tarefas
Secretarias de Governo
Secretarias do Tesouro

AS SECRETARIAS DE RELAÇÕES

·        Relações Internas (com o funcionalismo e seus sindicatos)

·        Relações Externas (com o povo e as PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas; e AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo)

1.       Com o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática);

2.      Com os níveis (povo, lideranças, profissionais, pesquisadores, estadistas, santos/sábios, iluminados – raramente os três últimos);

3.      Com as classes do labor (operários, intelectuais, financistas, militares e burocratas);

4.     Com os políticos;

5.      Demais elementos do modelo.

E aí as questões todas postas na elaboração do modelo.

É preciso começar logo, para obter os mais elevados rendimentos. São inúmeros, mesmo, os projetos construídos no decorrer dos últimos 30 anos, especialmente nos dez anos mais recentes.

Vitória, sábado, 26 de abril de 2003.

 

PS: em 2017 penso que ele não merece, desviou-se, se tornou cúmplice dos bandidos.

Os Pequenos Diminuem a Emanação

 

                            Os judeus cabalistas chamam de “emanação”, o que procede de, o que emana, o que sai, e eu, pela Rede Cognata (veja Rede e Grade Signalíticas, no Livro 30), apelidei de “saição”, um neologismo que revalida a percepção de que é algo saindo de uma cornucópia – abundantemente.

                            Emanação a partir de Deus, o supremo autor, digamos assim.

                            O universo emanado dele.

                            Não quero elevar a discussão a esse ponto e sim prender-me agoraqui à saição que vem dos grandes autores, os gênios, os criadores, pelos seus textos originais, lendo-se da fonte (mesmo traduzida), pois deles emanam coisas formidáveis. Sempre vi com certo desprezo os comentários dos autores menores, porque castram justamente esse poder de renovação. Entrementes, também amo esses seguidores ou comentaristas, pois deles também emana - de qualquer pequena frase saindo tanto.

                            Por vezes uma frase, até uma palavra dá lugar a desdobramentos sem conta, e é com prazer que as vejo rasgando o véu que nos separa da realidade mais profundas. Mínimas alterações no foco da visão possibilitam a re-nov/ação, ato permanente de re-novar, de tornar novo. Essa epifania, esse súbito tirar o véu, é em busca do que estamos todos e cada um, e ele tanto pode resultar das tarefas dos grandes quanto das dos pequenos. É claro que o que separa os primeiros dos segundos é que aqueles produzem muito mais que estes, mas estes podem ter extremos estados de lucidez, às vezes até sem o saber, até que chegue alguém e o mostre.

                            Vitória, quarta-feira, 30 de abril de 2003.
Os Mortos do Filme

                            Não para o povo em geral, para os pesquisadores, seria interessante abordar um determinado filme e ir vendo quando os atores e atrizes dele foram a seguir morrendo e em que condições, a quantos anos de distância, qual a Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) de cada um.

                            Veríamos a tela que é o filme, nela se reunindo, vindo do passado, várias figuras que o fizeram, dela emergindo e se dirigindo a outros projetos, a seguir morrendo – compreenderíamos a árvore extraordinariamente complexa que é o Cinema (em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de cinemas), como mudaram as faces e os corpos dos participantes, suas roupas e posturas ideológicas ou partidárias, suas crenças.

                            Posta a tela na vertical e de perfil, veríamos as setas representando os participantes (também diretores, continuístas, editores, produtores, etc.) chegando a ela e dela se afastando, umas figuras sendo cortadas mais cedo e outras mais tarde.

                            Vitória, terça-feira, 22 de abril de 2003.

Os Critérios de Nana Caymmi

 

                            Uma auxiliar fazendária de 25 anos, K.C., disse que detestava Nana Caymmi por esta ter dito, ao ser perguntada o que pensava sobre a apreciação dos fãs, que não dava bola, o único critério a que atentava era o seu mesmo. Não é por ela ter 25 anos, há um garoto na Veja desta semana que tem apenas 13 e já está graduado, daqui a pouco indo ao mestrado. A sabedoria não depende muito da idade, exceto pelo fato evidente de que com poucas informações não é possível raciocinar muito. Mas, vinda a sabedoria da inteligência, a justeza das opiniões pode se manifestar a qualquer época da vida, ou tardiamente, ou nunca.

                            Vejamos que a Nana Caymmi apenas externou sabedoria, porque não é possível seguir as opiniões alheias senão servilmente. Quem obedeceria a qualquer custo aos critérios alheios? Se os nossos padrões não são bons para nós, em primeiro lugar, como o seriam para os demais? Se não tenho rigor ao fazer minhas coisas, se dentro de mim não há censura à frouxidão, como poderei ser aprovado externamente? Pelo contrário, se tenho extremado cuidado com tudo, se sou positivamente atencioso, se revisto minhas atitudes das mais tensas expectativas de perfeição, posso esperar que olhando de fora as pessoas tenham um pouco que seja de consideração.

                            Essa moça, necessitando de aprovação para tudo, talvez esteja na situação de rebaixar seus critérios para obter atenção alheia, ao passo que a Nana, uma profissional gabaritada com irmãos também músicos, filha do grande Dorival Caymmi, vivendo num ambiente familiar de intensa exigência cultural, não poderia senão proceder assim, exigindo o máximo de si e obedecendo os seus critérios de perfectibilidade. Casada que foi com Gilberto Gil, vivendo num ambiente musical da mais alta categoria, 30 ou mais anos de exigências profissionais de gravadoras, como essa mulher poderia ser menos que extraordinária?

                            E vai lá uma moça e sem mais nem menos a rebaixa assim.

                            Não é de doer?

                            Vitória, domingo, 27 de abril de 2003.

Os Acertos da Santa Fé

 

                            No livro A Vida Íntima das Palavras (Origens e Curiosidades da Língua Portuguesa), São Paulo, Arx, 2002, o autor, Deonísio da Silva diz depreciativamente na página 163 que: “No decorrer da História, placentas de complexas reflexões envolveram o embrião, começando pelas afirmações teológicas que, na Idade Média, ousaram fixar o momento em que a alma era infundida no feto em formação, levando a Santa Sé, mediante documentos dogmáticos, a determinar que já na concepção existe o homem, ainda que em estado embrionário”.

                            E mais adiante, p. 164: “De outra parte, com a consolidação dos direitos da mulher, foi-lhe assegurado também o direito de dispor do próprio corpo, sendo soberana para decidir se continua ou interrompe uma gestação”.

                            Investiguemos essas duas posições.

                            O modelo mostrou nitidamente que a união do primeiro (= HOMEM, na Rede cognata, q.v. o artigo Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) com o segundo (seria a mulher; mas isso não implica julgamento de valor) produz o terceiro, viável já na união. No caso mais amplo, da junção do homem com a mulher, forma-se o casamento, que é o terceiro viável, diferente de cada um em separado – ao casar se forma o par fundamental, que é um terceiro ente. Ao acoplar-se no óvulo o esperma, está se formando o espermatóvulo, o ovo-fecundado, que é o terceiro viável. JÁ É UM SER INDEPENDENTE, já começa a existir, e não depende mais nem de homem nem de mulher, é um organismo com caminho próprio, com trilha independente. Se a mulher irá sustentá-lo ou não é outra geo-história; se morrerá em qualquer acidente é outro caso. ESTÁ VIVO! Indubitavelmente vivo.

                            Quanto a ter ou não ter uma alma a questão é diversa, também. Mas, onde e quando a alma se inseriria? Que propriedade mágica é essa que ao primeiro choro a alma viria a se inserir? Se pensarmos que a micro-alma deve se inserir no ovo-fértil, no espermatóvulo, não seria igualmente esquisito e risível pensar que entra no bebê e vai crescendo? A alma deve ser, portanto, adimensional, porque senão ela deveria ter a conformação humana, também, e não de qualquer racional. Se segue que a alma, se existe, é adimensional e se insere no espermatóvulo mesmo, se acontece de fazê-lo. Não poderia ser diferente, nem em outro momento, pois este é um zero, um marco.

                            Concluímos que, de fato, já há ser na fusão, sendo ele necessariamente diferente do espermatozóide e do óvulo – é um terceiro, e já é ser pleno, conseqüentemente devendo ser protegido pelas leis humanas. Retirar o ovo fecundado é matar uma criatura plena de direitos, daí ser crime o aborto (às vezes com ocultação do cadáver).

                            A Santa Sé já estava certa na Idade Média.

                            Depois, se a mulher aborta, está matando um ser, por via dedutiva. Se o espermatóvulo é, desde a fecundação do óvulo pelo espermatozóide, um SER, PLENO, EM-SI, não pode ser violado sem punição legal. A mulher não é dono dele, como a mãe não é dona de uma criança fora de seu útero. Ela não pode matar o embrião, como o carcereiro não pode matar o prisioneiro que guarda. É apenas a guardiã e não lhe pode ser dada a liberdade de dispor de “seu” corpo, porque não é seu. Poderia pedir para cortar um braço, uma perna, as orelhas, o que fosse, porque essas partes são realmente suas, mas não o embrião, PORQUE ELE NÃO É SEU, pois não se pode ter a alma alheia.

                            Vê-se que a Santa Sé estava duplamente certa. Ela errou em tantas coisas, mas nisso estava perfeitamente certa. A opção de abortar é a opção de assassinar, o que pode ser feito para salvar a mãe (ou vice-versa, pode-se matar a mãe em estágio terminal de doença para salvar o filho), mas no fim é sempre assassinato, punível em lei, a menos que sancionado pelo Estado, que é o guardião temporal da Lei, enquanto for legítimo e não-opressivo.

                            O livro é muito bom, mas nisso errou.

                            Vitória, terça-feira, 29 de abril de 2003.

Ônibus Circular

 

                            O ônibus aí viria do ônibus espacial, que o astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão chama em seus textos de “lançadeira espacial”, nome que não “colou”, não “pegou”. O circular vem da ideia de colocar uma e mais que uma estação espacial em crescimento circulando por todo o sistema solar.

                            Qual o propósito de algo tão custoso assim? E, ao mesmo tempo, o que lucraríamos com isso, colocando os astronautas e cosmonautas em constante perigo?

                            Bom, o grande lucro é sempre enfrentar problemas, de onde advirão as soluções, porque o futuro só está aberto a quem as proporciona. Quem não sabe resolver problemas vive e viverá no passado, está e estará morto no futuro. Morremos porque não encontramos a cura da morte. Desaparecemos como empresas porque não encontramos a solução para a morte de empreendimentos.

                            Primeiras soluções são conseguidas no primeiro mundo, enquanto no quarto mundo só veremos surgidas ali, espontaneamente, quartas soluções; quando cá, no terceiro e quarto mundo, virmos as primeiras soluções, elas estarão predando as segundas, as terceiras e as quartas. As soluções de primeiro mundo dominam todas as demais, se são primeiras soluções – porque há lá, no primeiro e segundo mundo, também, soluções obsoletas, arcaicas, subsidiadas pelos governos e pelas empresas, enfim pelo coletivo de trabalho.

                            O (s) ônibus (s) circular (es) espacial (ais) será (ão) posto (s) lá SÓ PARA PROPORCIONAR DIFICULDADES A VENCER, das soluções das quais virão os mundos futuros. A maior dos problemas, o de expandir a civilização humana até o espaço, conquistando-o depois completamente, é a equivalente à maior das soluções, dando-nos milhões de processos e bilhões de objetos novos, deixando este mundinho que supomos avançado agora para trás, sem saudosismo.

                            É só por isso, é só por tudo.
                            Vitória, segunda-feira, 28 de abril de 2003.

Oito Mil Tipos de Gente

 

                            No livro IV da História da Filosofia Antiga, São Paulo, Loyola, 1994, o autor, Giovanni Reale, diz: “Com efeito, toda tradução, em particular se é feita de modo aprofundado, é, de algum modo, uma reinterpretação, isto é, uma mediação”.

                             Assim, como as línguas e os dialetos somam oito mil na Terra, a Bíblia poderia ser traduzida de oito mil modos distintos, e assim também todo livro, toda poesia, todo discurso, toda manifestação humana. No livro, diz Reale, Filo se julgava divinamente inspirado, e assim também a Septuaginta, a tradução denominada Bíblia dos Setenta, feita em Alexandria, no antigo Egito.

                            Como isso poderia se dar?

                            Antes pensávamos ser impossível, mas depois da Rede Cognata (veja Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) ficou claro que é justamente assim, pois há um eixo central (= PI CENTRAL = PI GOVERNADOR, etc.), que roteia ou gira todos os elementos de todas as línguas e dialetos periféricos. Todas elas e todos eles se referem a esse EC exatamente PORQUE as línguas e dialetos nada mais são que versões totalmente entrelaçadas, misturadas, confundidas, da Língua Central.

                            Não pode ser senão assim mesmo.

                            Por mais que as línguas se distanciem do eixo elas nada mais são que o eixo mesmo, mudado localmente, segundo os pessoambientes (mudanças pessoais: por indivíduos, por famílias, por grupos, por empresas; mudanças ambientais: nos municípios/cidades, nos estados, nas nações, no mundo).

                            Deste modo, as traduções SÃO DISTANCIAMENTOS, são re-visões, são re-produções do Produto geral, da Coisa geral, aquela Idéia platônica, o conceito ou centro. Visto o marcador de livros nas várias línguas, cada observador aponta dele uma característica, que é conexa ou cognata em alguma dimensão.

                            Desse modo não apenas as traduções se tornam MUITO MAIS interessantes, porque elas apontam o MODO DE CULTURA ou de língua ou nacional, como também as línguas e a Língua, o conjunto de línguas, traz à tona visões incomparavelmente mais profundas que antes.

                            Vitória, segunda-feira, 05 de maio de 2003.