Ilíada, Odisséia e
Eneida Especiais
É sabido, Stephen
Spielberg, George Lucas e outros já o disseram, os filmes fazem sucesso quando
reinterpretam as lendas, os mistérios, os mitos.
É fácil entender.
Com no caso do Homem Aranha, em relação ao
qual quatro décadas de revistas em quadrinhos prepararam o terreno para o
sucesso imediato que foi o lançamento do filme, milhões tinham tido tempo de
ler as revistas e tinham sido inconscientemente preparados para o advento do
filme, sentindo permanentemente, por gerações a fio, uma necessidade não
satisfeita. Um funil lógico.
Do mesmo modo, mas
ainda melhor e de forma muito mais ampla, com os depósitos culturais, pois
neste caso é uma necessidade plantada por milhares de anos. É até interessante
raciocinar porque ninguém pensou nisso antes. Principalmente com os mitos
sancionados pelas religiões vigentes, isto é, que não tenham sido escorraçados
por elas, ou que não lhes façam sombra. Mitos muito recentes vão ser
castigados, mas os mais antigos passarão facilmente, particularmente aqueles do
fundo civilizatório comum do Ocidente, que é a maioria que compra ingressos, mas
também do Oriente, da África, pelo saudosismo dos avós, do Oriente Médio, donde
vem o ramo judaico de nossa cultura, da América pré-colombiana, pela
proximidade nossa.
É um repositório
extraordinário, fantástico mesmo, à espera de utilização ou reutilização. Quem
usar, transformando em coisa legível, terá com certeza sucesso absoluto, total.
Podem ser lendas da Amazônia, de qualquer lugar, desde que tenham aquela
grandiosidade que os mitos comportam, aquela estatura irrestrita.
Assim sendo, nada
melhor que abordar a Ilíada (que trata da Queda de Ílion, como chamavam os de
dentro, ou Tróia, como diziam os de fora, lá por 1,3 mil antes de Cristo) e a
Odisséia, ambas de Homero, poeta épico grego, cerca de 850 a.C., e a Eneida
(que trata da fuga e Enéas e da pré-formação dos romanos), de Virgílio, poeta
épico latino, 70 a 19 a.C., 51 anos entre datas, transformando-as em sagas
espaciais.
Com relação a Tróia,
em vez do cerco de uma cidade pode ser de um planeta distante, de onde sairiam
algumas naves para fundar a civilização humana (= ROMANA, na Rede Cognata) na
Terra, começando pela guerra e terminando em nosso planeta, passando por
inúmeros percalços, o que pode gerar no mínimo três filmes portentosos, na mão
de gente competente.
Vitória, sábado, 19
de abril de 2003.