domingo, 22 de janeiro de 2017


O Mundo Visto de 1453


 

                            Essa é a data da Queda de Constantinopla e foi escolhida para marcar o fim da Idade Média e começo da Idade Moderna.

                            Um punhado de coisas já existia. Apesar de tudo que se diz a Idade Média foi extremamente produtiva do ponto de vista prático, enquanto a teoria sofreu bastante (o que bastou para os teóricos – intelectuais e pesquisadores de um modo geral – dizerem que foi uma Idade das Trevas, o que esteve longe de ser na prática).

                            Como seria alguém, postado exatamente nessa divisória arbitrária, olhar para trás, para o passado, e para frente, para o futuro? Como o que se depararia? Em termos psicológicos (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) gerais, o que veria? O mesmo poderia ser feito a partir de 1789 (Queda da Bastilha, ou da França), fim da Idade Moderna e começo da Idade Contemporânea, ou o que escolhi ser 1991, Queda da URSS, fim da Idade Contemporânea, começo de uma outra Idade que não tem ainda nome.

                            Olhando o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), com o que depararíamos? E quanto às demais chaves do modelo, digamos a Chave da Proteção (lar, armazenamento, saúde, segurança e transportes) e a Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia, no centro a Vida e no centro do centro a Vida-racional)? Aí podemos mirar as, dizem existentes, 6,5 mil profissões atuais.

                            Comparar 1953 (e depois) com 1453 e com 953, quinhentos anos de cada vez: objetos e tudo que existia nessas épocas. O que produzimos em 500 anos? O que se torna tão diferente assim? Como na encosta de uma pirâmide, como em seus mil degraus, desde o zero em 953 até a metade e depois até o ápice provisório, 1953 e a seguir 50 anos até 2003. Como era o lar em cada data dessas, 250 anos (703 a 1203, 1203 a 1703, 1703 a 1953 + 50) para frente e para trás?

                            Vitória, domingo, 05 de janeiro de 2003.

O Judeu Errante


 

                            Na Bíblia, em João 21:20 para frente, temos: “Pedro, tendo-se voltado, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava, o qual na ceia estivera reclinado sobre o seu peito, e lhe perguntara: Senhor, quem é o que te há de entregar? Por isso Pedro, vendo-o, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique, até que eu venha, que tens tu com isso? Tu segues-me. Correu logo esta voz entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. Não lhe disse Jesus: Não morre, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? ”, colorido meu.

                            Devido à particular construção, pode ser difícil decodificar.

·        “(...) tendo-se voltado, viu que o seguia (...)”. Seguia a quem? Evidentemente, se Pedro estava conversando com Jesus, estava junto dele, não poderia estar distante. Por outro lado, se o seguia, Pedro andava; se Pedro andasse, Jesus estando parado, os dois se distanciariam e não poderiam conversar, de onde se depreende que Jesus e Pedro estavam andando à frente e o discípulo seguia a ambos.

·        Esse discípulo era o que à mesa se inclinava “sobre o peito”, ou seja, era o mais íntimo, o que confidenciava, em total confiança de Jesus. E era justamente o que iria trair, pois Pedro “vendo-o” diz “DESTE”, não daquele nem desse, e sim o que está próximo, e era o que seguia. Então o que seguia, o que se inclinava e o que iria trair eram um e o mesmo, Judas. Está claro que Jesus o apontou e não terá sido com a mão, talvez com a cabeça ou o queixo, como fazemos corriqueiramente.

·        Daí Jesus fala uma das coisas mais extraordinárias (que, aliás, garantem sua autenticidade, porque quem teria imaginação para escrever como diálogo as coisas que ele diz?): “Se eu quero que ele fique, até que eu venha, que tens tu com isso? ”, colorido meu. Veja que ele não diz “que eu volte” e sim “que eu venha”. Ele não foi a algum lugar do qual devesse voltar, como a uma cidade próxima, tipo “vou a Linhares e volto quarta-feira”. Disse “até que eu venha”. Sinal que ficou na Terra mesmo. Jesus não volta, mas se apresenta, se mostra. E esse discípulo, que na minha opinião era Judas, “ficará”, isto é, não morrerá. No entanto ele se enforcou. Um filme recente sugeriu justamente que Judas não consegue se enforcar, fica dependurado sem morrer, sai e vive dois mil anos. Que castigo terrível, hem? Quem pensa que viver dois milênios é uma dádiva é doido varrido. Imagine só Judas devendo viver dois mil anos ou mais, passando inúmeras existências torturantes, até que Jesus “venha”, ou seja, na Rede Cognata saia, se apresente, se revele. Claro que o filme era de segunda ou de terceira, B ou C, mas pode ser construído como um filme piloto e até uma série de bastante sucesso. E “Não lhe disse Jesus ‘não morre’, mas (...)”. Jesus não disse que ele não morreria, morreria sempre, a cada dia, como castigo. A Rede Cognata traduziria como “se eu quero que ele fique” = SE EU QUERO QUE ELE SANGRE = SEQUE = SIGA (sendo F = S). Portanto, Judas morreria todo dia, sangrando e tendo que renovar o sangue tomando-o de outro, como nas lendas de vampiros = IMPUROS.

Sempre se falou do Judeu Errante, uma criatura (falsa ou verdadeira não se sabe) que viveria eternamente (ou, segundo esta interpretação, até que Jesus “venha”). Existia na minha infância a figura meio satânica do Homem da Capa Preta, que pode ser uma transliteração da lenda, para assustar as crianças, afastando-as de possíveis captores, ciganos ou não, pois ele teria um saco onde colocaria as crianças. Como as mães estavam sempre trabalhando em casa e os pais fora, viajando ou não (o meu era motorista, ficava longos períodos fora de casa, sofrendo pelas estradas de então), implantavam esse comando hipnótico garantidor nas crianças.

A coisa fica assim: dois milênios constituem tremendo castigo pela traição. Sondar essa punição num filme de grande envergadura seria o máximo. Quem gostaria de ter estado na pele de Judas?

Vitória, sábado, 04 de janeiro de 2003.

O Escritor

 

                            Seria um filme sobre um escritor que faz qualquer texto e descobre por notícias de jornal que algo muito parecido se passou “na vida real” (existe outra?) - com gente semelhante aos seus personagens. Investigando mais a fundo ele se convence de que FOI EXATAMENTE como no livro. Daí ele começa a procurar informações sobre os fatos de quando publicou o primeiro e verifica que, um-a-um, TODOS os livros retratam fielmente a realidade. Poderia acontecer de ele estar mediunicamente copiando o real, mas então ele escreve mais um e pouco depois de publicado tudo se passa exatamente como descrito.

                            Então ele começa a escrever livro após livro, vendo-os acontecer tal qual. Daí ele tem a idéia de modificar a vida dos que se acham seus inimigos, castigando-os conforme sua imaginação quanto ao que “merecem”. Em seguida reconstrói a vida dos amigos, parentes, todos à sua volta. Se alguém lhe diz uma palavra mais brusca, ele pune, e assim por diante. Depois, pensa, escreve e faz explodir uma bomba atômica. Com remorso cancela. E com isso vai se tornando cada vez mais ambicioso, o que permite explorar numa série uma quantidade incrível de situações.

                            Isso naturalmente nos previne quanto ao poder e ao poder absoluto. Será que qualquer ser racional deve ter tanto poder, sem as salvaguardas de uma compreensão igualmente vasta? O poder é coisa muito preocupante.

                            Vitória, terça-feira, 07 de janeiro de 2003.

O Canal de Info-Comunicação

 

                            Lá por 1988 Joemar Dessaune e eu, no que era ainda a AFES (Associação do Fisco Espírito-santense) nos reunimos na casa dele e da esposa e durante quinze dias elaboramos uma “lei orgânica” (que só depois fiquei sabendo valer apenas para municípios) do Fisco capixaba. Ela foi posta de lado, desconsiderada pela Secretaria de Estado da Fazenda do ES (SEFA/ES) PORQUE pedíamos que fossem colocados mestres e doutores, ao que os burocratas retrucaram que nem os juízes exigiam então tão alto grau (mas agora estão estimulando muitos colegas a conseguir mestrado).

                            Nessa LO colocamos um organograma e por falha de desenho a mesa de comunicação ficava na mesma altura das coordenações, o que bastou para que o falecido Dalton Perim Zipinotti, então coordenador de fiscalização, ficasse bastante irritado por uma simples mesa de telefonia estar situada tão alto.

                            Podemos raciocinar agora que entre o EMISSOR e o RECEPTOR deve estar um canal de informação-comunicação ou controle, de info-controle, de IC, do mesmo porte das necessidades de ambas as partes. Se são pequenas quase não se comunicarão, como nas ditaduras, o que era bem aquela época, fim dos tempos antigos, começo dos novos em que nossa turma de 1984 estava entrando. Se pretendemos crescimento o canal deve ser largo mesmo, ligando fartamente com a mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet), com valorização da democracia e da publicação dos atos de governo, e do povelite/nação ou cultura mais além. Mas se o objetivo é, como foi até agoraqui, o de ocultar, faz sentido estreitar os canais de IC. Daí a surpresa do Dalton.

                            Entrementes, se a intenção é que todos falem com todos, que todos se comuniquem com todos para trocar as informações a um ritmo aceleradíssimo, obviamente os canais devem ser largos e estar desimpedidos, havendo um especial serviço de desimpedimento.

                            Aliás, podemos mensurar a democracia de um conjunto qualquer (PESSOAS; indivíduos, famílias, grupos e empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo) justamente pela soma das seções retas de todos os canais de comunicação. Pelo simples fato de até 1989 não haver Internet podemos julgar que o mundo-Terra era na realidade bem antipático e antidemocrático. Era um jogo sujo, de ocultamentos, mais ou menos servis e perversos.

                            Assim sendo, sem querer o Dalton tocou numa questão central, que deverá estar no redesenho de todas as nações que se desejem democráticas, livres, abertas e competitivas.

                            Vitória, domingo, 05 de janeiro de 2003.

O Conselho do Rio Doce

 

                            O Rio Doce já foi mais profundo, navegável até Colatina, agora mal passando pirogas, com várias ilhas progressivamente maiores aparecendo no leito, até com plantações. Precisa ser desassoreado, escavado, dragado. Falar nisso é quanto bastaria para os ecologistas e conservacionistas voarem em nossos pescoços. No modelo todo “ismo” é doutrina, é doença, é desvio da informação-controle, do info-controle ou comunicação, do IC. Assim o ecologismo e o conservacionismo estão errados, é preciso estabelecer algum equilíbrio, nem tanto à terra nem tanto ao mar, na praia é que nos divertimos.

                            Portanto, é preciso criar um Conselho do Rio Doce em que participem várias entidades, um lado representando as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e outro os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), representando os governempresas políticadministrativos pessoambientais. Pelo lado dos governos os três poderes.

                            É preciso convidar a mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet) como observadora, como acompanhadora de tudo, visando o meio ou transferência de IC. Devemos nitidamente chamar o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral para acompanhar. E tudo que está no modelo, não vou discorrer de novo.

                            Agora, devemos mirar o equilíbrio.

                            Alvacy Perim, meu tio, acha que a areia deve ser retirada e depositada noutro lugar, quando a construção civil tem um problema muito grave de extração de areia: a venda dela, que não é salgada, é doce, e estaria pré-lavada pelo corrimento contínuo da água durante décadas, centenas de anos, iria formar o CAIXA DE DESASSOREAMENTO, sendo toda vendida.

                            Quanto aos ecologistas, um Projeto de Recuperação do Ecossistema do Rio Doce seria integrado pelas ONG’s (organizações não-governamentais), com uma quantidade de representantes remunerados, visando toda a Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo, fogo/energia, no centro a Vida e no centro do centro a Vida-racional). Dali, reunindo experiência, esses conselhos (do RD e de Ecologia do RD, distintos, separados) iriam sair pelo país fazendo mais e melhor, criando-se uma quantidade de entidades competentes na luta pela recuperação dos ambientes.

                            Ora, nesta opção as próprias atividades pagam o sustento da operação, não é preciso as coletividades aplicarem recursos preciosos, desviando-os de outras coisas. Essa poderia ser a linha permanente de abordagem, sempre se conseguindo pensar na atividade de recuperação sendo paga por algo retirado, oferecendo-se aos ecologistas e conservacionistas uma tarefa adjunta, que na realidade é a principal. Pode-se pensar na RECONSTRUÇÃO TOTAL do Rio Doce, fazendo-se lagos piscosos destinados à aqüicultura, praças, parques, hotéis, o que fosse, de onde se tiraria renda para exponencializar a recuperação. Projetos inteiros podem ser feitos, para toda a linha do rio, no caso toda a Bacio do Rio Doce, envolvendo dezenas e até centenas de municípios, beneficiando a todos, até com um Consórcio Internacional do Rio Doce.

                            Vitória, sábado, 04 de janeiro de 2003.

Novo Passaporte

 

                            No Almanaque Superinteressante 2003, p. 148/9, falam de Chiume Sugihara, para mim totalmente desconhecido. Era cônsul japonês durante a Segunda Guerra Mundial e salvou em 1940 quase 50 mil pessoas (judeus, poloneses, lituanos, etc.), dando-lhes vistos para o trem transiberiano até o Japão, contra as ordens de seu governo. Depois o Yad Vashem (Memorial do Holocausto) judeu deu-lhe em 1985 o título de Justo Entre as Nações. Morreu em 1986 aos 85 anos.

                            Eu desconhecia totalmente esta história, como também de Fry e de Schindler, de quem já falei no Livro 17, justamente no artigo Fry e Schindler. Fry salvou dois mil artistas judeus na França ocupada, junto ao governo colaboracionista de Vichy, mancha perpétua na geo-história, e Schindler milhares, ver o filme de Steven Spielberg, A Lista de Schindler. Deve ser construída uma praça onde todos esses (e os outros todos) heróis anônimos sejam perpetuamente saudados, com boa arquiengenharia, urbanismo, paisagismo e as demais tecnartes, conforme o modelo. Eles merecem isso e muito mais, por sua consideração pela vida humana. Rastrear essa gente através da GH humana é o mínimo que se pode fazer por sua memória.

                            Agora, é certo que a humanidade precisa saber mais, desses e de outros valentes e destemidos que colocaram suas vidas em risco por seus irmãos e irmãs. Porisso ajuízo que é da maior relevância colocar por alguns anos um retrato e pequenas biografias de cada um (de um na introdução e de outro no fim) sucessivamente nos passaportes, de modo que em toda parte sejam gratificados pela lembrança.

                            Vitória, domingo, 05 de janeiro de 2003.

Nervosíssimo

 

                            Diz Michio Kaku em seu livro, Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p. 274: “À primeira vista, a tentativa de decifrar os milhares de genes necessários para a criação de um único órgão do corpo pareceria um empreendimento vão. Por exemplo, acredita-se que nosso sistema nervoso envolve quase metade de nosso genoma, ou quase 50 mil genes”.

                            Veja que os seres racionais precisam estar coladinhos com a Natureza, resposta pronta, muito adequada a todo movimento que ela faça. Poderíamos ser racionais sem um sistema nervoso tão vasto? Aí faz sentido o que Bill Gates diz do SISTEMA NERVOSO DIGITAL, o que valeria como acréscimo não apenas para empresas, mas para todos (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo).

                            Isso tem um profundo desdobramento em todo o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), num nível que não podemos perceber mesmo por enquanto. Porque significa que os ambientes exigem muitas respostas de nós e que nós estamos, no falar do povo, “nas pontas dos cascos”, constantemente alertas, o que certamente leva a retroalimentação positiva e ruptura algumas vezes, como sabemos das notícias dos hospícios e da mídia. Não admira mesmo nada que os seres humanos sofram de esgotamento nervoso, estando tão colados à Natureza por uma percepção exacerbada, exagerada, acentuadíssima, excessiva, aguçadíssima. Marcação homem-a-homem o tempo todo, sem dar descanso. Uma vida assim tão rigorosa naturalmente evoluiu PARA APTIDÃO NERVOSA, para a seleção do nervosismo mais apto ou hábil, isto é, que consegue dar respostas sem titubear e sem se desequilibrar. Isso, por sua vez, é dizer que a Natureza exigiu muito e deu grandes prêmios, pois basta conhecermos mais do sistema nervoso humano para podermos construir computadores espetaculares. Desse modo o sistema nervoso humano é o grande prêmio da decifração do nosso genoma.

                            Vitória, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003.