Ensinando aos Anjos
Há
uma série de TV que se chama O Toque de um Anjo (em inglês creio que
Touched by Angel, cuja tradução correta desconheço) em que anjos estão na Terra
para ajudar as pessoas. São os tais “anjos de guarda”. “Toque” tem também o
sentido de indicação, de ajuda, de auxílio (“vou te dar um toque”).
Os
anjos vão de vida em vida colocando-as no que seria, supostamente, o caminho
certo.
Como
já vimos em textos desta série, Deus é o que está na Tela Final, depois do poço
infinito que o separa de todos os racionais. SÓ UM consegue saltar ao
não-finito, existindo, portanto, uma separação não-finita entre esse UM e todos
os demais, inclusive os anjos, os amados, os amidas, os santos, os soldados de
Deus. Não é senão porisso que os anjos, mais extremados de todos os seres, do
outro lado do precipício, admiram eternamente a Deus, que eles, mesmo em sua
extrema potência, não conseguem compreender. Como se sabe o último que tentou,
Lúcifer, o Portador da Luz, foi banido e está lá na prisão há bilhões de anos,
lentamente erguendo-se para ser perdoado.
Ora,
por quê a Obra de Deus precisaria de reparos? É até ofensivo pensar que os
anjos são necessários para fazer isso e aquilo que corrija rumos de uma Obra
que, então, estaria “indo mal”. Se Deus é onipotente (todo-potente), onisciente
(todo-sabedor), onividente (vê tudo), por quê precisaria de auxílio?
Então,
essa atividade é decisão única, isolada, destacada, independente, autônoma dos
anjos. Sendo autônoma é pretensão, é idéia idiota de que a Obra precisaria ser
reparada aqui e ali, é o pensamento de que o menor pode saber o que Deus não
saberia fazer. É absurda pretensão. Ora, seriam os anjos que estariam sendo
ensinados, não os seres humanos. São eles que ainda precisariam passar por um
sem número de situações até saberem que a Obra não necessita ajuda nenhuma.
ESTA conformação daria uma série MUITO MAIS interessante.
Vitória,
quinta-feira, 28 de novembro de 2002.