sábado, 7 de janeiro de 2017


Escritórios de Psicologia

 

                            Coloquei Psicologia como sendo: 1) estudo das figuras ou psicanálise; 2) estudo dos objetivos ou psico-síntese; 3) estudo das produções ou economia; 4) estudo das organizações ou sociologia; 5) estudo dos espaçotempos ou geo-história.

                            Naquilo que antes de Freud existia e através dele atingiu uma nova estatura podemos ver muito mais do que esses que dizem que a Psicologia estaria ameaçada de findar enquanto utilidade, como li recentemente na capa de uma revista. De modo algum! Absolutamente! Pelo contrário, agora mesmo está começando a ampliar desmesuradamente sua presença e capacidade de realização.

                            É extraordinariamente vexatório olhar em volta e não ver escritórios de Psicologia, fora os de psicanálise, que tratam dos ricos e médios-altos em suas angústias existenciais, como dizem os idiotas (existiria angústia não-existencial?). Para pessoas (psicologia de indivíduos, psicologia de famílias, psicologia de grupos, psicologia de empresas) ou ambientes (psicologia de municípios/cidades, psicologia de estados, psicologia de nações, psicologia de mundos), ela é mais necessária que nunca, é fundamental. Depõe contra nós, expõe nossas fraquezas que não tenhamos uma quantidade enorme desses escritórios espalhados em toda parte. É exatamente porque não os temos que há tanto tumulto, tanta aflição, tanto amargura, tanto intranqüilidade, tanta desarmonia, tantos conflitos.

                            Incrível que as prefeituras não tenham em seus quadros uma quantidade de psicólogos, ou as assembléias legislativas, ou as empresas (sociólogos, economistas, psico-sintetizadores, psicanalistas, geo-historiadores). Veja só que a simples sugestão de colocar geógrafos e historiadores para trabalhar em governos municipais pode provocar estranheza. E se você fizer a sua mente alcançar os órgãos e instituições humanos, verá que em quase todos faltam psicólogos, e quando existem não tem essa dimensão que o modelo sugere. Não é atraso de vida, isso?

                            Vitória, quinta-feira, 21 de novembro de 2002.

Dona Maria

 

                            Vi num DVD da Discovery o Templo de Ártemis como uma das Sete Maravilhas do mundo Antigo. Pela Rede Cognata a Ártemis dos gregos, que é a mesma Diana (dos romanos) = DN = DS = DEUSA = TMP = TEMPLO = DEUS. Templo de Ártemis = DEUSA DE ADÃO = TRAIÇÃO DE ADÃO, Eva.

                            Ártemis era a Deusa Mãe que veio do Oriente e de dez ou doze mil anos atrás nas cavernas primitivas e primeiros povoamentos. É mostrada como se tivesse uma quantidade de seios na frente, o que os pesquisadores estão pensando tratar-se de frutos = ÚTEROS = ÚBERES, um simbolismo que indica que ela é como que a mãe de toda a humanidade.

                            Por outro lado, Virgem Maria = DONA MARIA (daí o título) = VAGINA MULHER = DEMÔNIO MAU = DEUSA MÃE, etc. Mas a Virgem Maria é chamada em grego de THEOTOKOS, Mãe de Deus = MULHER DE DEUS = MÃE DA TRAIÇÃO. E theotokos = DEUSA = DIANA = DONA.

                            Marion Zimmer Bradley, em sua tetralogia (como saiu no Brasil), Avalon, fala no final do quarto livro que a Senhora não desapareceu, apenas mudou de forma, sugerindo que tivesse se tornado no cristianismo da Virgem Maria. A Ártemis que aparece no filme do Discovery com um monte de colares se parece nisso com a Virgem Maria, que também tem o pescoço cheio de colares. Colar = CRIADORA. Os católicos têm um culto particularmente devoto à Virgem Maria, sob várias formas, no chamado Movimento Mariano (tendo o papa João Paulo II especial reverência), o que os protestantes detestam, por supostamente estar roubando a precedência a Cristo e até a Deus.

                            Enfim, grande volta deu Eva para retornar como a Grande Mãe da humanidade, ao lado de Adão, que é o primeiro Adão, e de Cristo, que é chamado de Segundo Adão, Grande Pai. Grande Deusa Mãe eternamente ao lado do Grande Deus Pai, sempre pareado, e não há como ser diferente, o par fundamental.

                           Vitória, segunda-feira, 25 de novembro de 2002.

Dois Tipos de Crescimento Zero

 

                            Faz tempo ouço falar do CZ, talvez derivado das teses de 1967 do Clube de Roma no livro Limites do Crescimento. Não sei, é uma questão a investigar. Fiquei indignadíssimo, PORQUE há tanto a construir, especialmente tantos povos e nações a avançar para suas expressões particulares, que o primeiro e o segundo mundos (num conjunto de perto de 220 nações, grupos de 55, 110 delas), comportando apenas metade dos países, não dá vazão.

                            A humanidade não é só isso que estamos vendo, é muito mais.

                            Identificar o crescimento humano APENAS com o que é europeu e americano do Norte É ERRADO! Claro que europeus, americanos, japoneses e outros povos fizeram maravilhas, que eu aplaudo delirantemente. Palmas para eles. Sem esquecer essas realizações há muito mais no futuro e devemos não apenas dar chance, facilitar, ir abrindo as portas, mas empurrar esses povos e nações do terceiro e quarto mundos, 110 deles e delas, a mostrar sua própria compreensão do universo, porque, como dizem, Deus é servido de muitos modos.

                            Para solucionar a questão devemos primeiro ver que há dois gêneros de crescimento zero.

                            Primeiro o que paralisaria o crescimento na produção socioeconômica de agora, por exemplo, os EUA ficarem sempre perto dos US$ 10 trilhões, mesmo com o crescimento populacional, que de todo modo é pequeno. Segundo o que replicasse exatamente o crescimento populacional. Se o primeiro é detestável, o segundo pode ser analisado. Não agora, pois há tanto a reparar, há tanto a fazer, mas nalgum futuro, porque o crescimento humano além dos ritmo populacional está tencionando demais a frente do Conhecimento geral (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), em particular a frente tecnocientífica que, voltada para o modelo euro-americano de percepção de mundo, não consegue dar as respostas requeridas por toda a humanidade.

                            Haverá um momento em que esse segundo tipo de CZ deverá ser adotado, para a tranqüilidade de todos.

                            Se pensarmos bem uma produção de US$ 10 trilhões (se a população permanecesse a mesma) nos EUA acrescenta muita coisa a cada ano, sobre o mesmo espaçotempo geo-histórico. Acrescenta demais em casas, construções, pontes, estradas de ferro e todo gênero de produção, uma quantidade inacreditável de coisas. E a produção mundial, que deve ser quatro vezes a americana, daí US$ 40 trilhões mais ainda. Imagine quanto é isso, sendo multiplicado por 100 anos, quatro quatrilhões de dólares de hoje. É coisa demais, ultrapassa toda medida do passado, de forma que se soubéssemos conduzir ficaríamos mesmo muito bem.

                            A questão toda, naturalmente, é essa chave, SABER CONDUZIR. Quem dirá como, quando e as outras perguntas? Da psicologia (quem, por quê, com quê, como, quando e onde?) podemos tirar um punhado de dores de cabeça. A ONU é suficiente? Não tem sido, conduzida isoladamente que é pelos mesmo interesses dos grandes.

                            Caso fôssemos capazes de adotar um Congresso do CZ realmente representativo de todos os interesses humanos legítimos neste espaçotempo de julgamento, creio que o CZ seria viável, dentro de, digamos, 50 anos. As pessoas teriam esse horizonte para começá-lo, caso não apareçam as novidades salvadoras.

                            Vitória, quarta-feira, 20 de novembro de 2002.

Diagnósticos de Conjuntos

 

                            Eu seu livro, A Vingança do Terceiro Mundo, Rio de Janeiro, Espaço e Tempo, 1989, Jean-Claude Chesnais diz, p. 292: “Tanto a medida da dimensão do mercado quanto o diagnóstico das forças e fraquezas estratégicas das nações devem se apoiar em observações sólidas, às vezes aproximativas, é evidente, mas rigorosas e tão próximas da realidade quanto possível”, colorido e itálico meus.

                            Isso é motivo para escrevermos.

                            Deveríamos, sim, fazer diagnósticos gerais das pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), sabendo de antemão que não são formestruturas propriamente biológicas/p.2 e sim psicológicas/p.3. Não deveríamos fazer os diagnósticos biológicos/p.2 senão como adendo ou adereço dos outros, que são principais, que são fundamentais, os psicológicos/p.3, os DIAGNÓSTICOS RACIONAIS. Temos nos acostumado a fazer diagnósticos médicos de indivíduos, por exemplo, quando claramente deveriam ser diagnósticos psicológicos (diagnósticos psicanalíticos ou de figuras, diagnósticos psico-sintéticos ou de objetivos, diagnósticos econômicos ou de produção, diagnósticos sociológicos ou de organização, e diagnósticos geo-históricos ou de espaçotempo). Em particular diagnósticos taticoestratégicos nacionais, como quer Chesnais, em especial diagnósticos da Economia (diagnósticos da agropecuária/extrativismo, diagnósticos das indústrias, diagnósticos do comércio, diagnósticos dos serviços e diagnósticos dos bancos) das nações.

                            Não temos tais escritórios oferecendo aconselhamento, da parte dos governempresas ou consultórios esperando-os da parte dos conjuntos todos. Tudo é atrasado demais, do jeito que está agoraqui. A humanidade é tão boba, para tudo que fez, que dá até pena. Onde está aquele diagnóstico responsável, que pode tirar um conjunto da prostração e elevá-lo a novos patamares de projeção? Claro, alguma coisa se fez, aqui e ali, sob a ótica do amadorismo travestido de profissionalismo, porém nada nesse nível que estou pedindo, de ver o conjunto como corpomente psicológico que esteja sofrendo em seus órgãos de atrofias e desenvolvimentos retardados, sugerindo então tais ou quais providências que iriam remover os trombos ou impedimentos. Nada assim. Infelizmente, desgraçadamente.

                            Vitória, domingo, 24 de novembro de 2002.

Devoção Pública

 

                            Houve um tempo em que víamos devotados homens públicos servindo aos governos (municipais/urbanos, estaduais, nacionais e mundial) por salários até pequenos e queríamos seguir a mesma trilha. De algumas décadas para cá isso tudo mudou e só vemos agora quase unicamente mercenários, gente que entra nos governos (principalmente nos executivos) “para se dar bem”, para predar e sair rico, seja através do caixa dois, seja através do acúmulo de conhecimento privilegiado a ser usado depois nas empresas. Ou há os que somente querem os altos salários de marajá.

                            Onde foi que erramos?

                            É claro que tudo é ciclo, estamos “para baixo” agora como em algum ponto inflectiremos e estaremos “para cima”    rumo ao melhor dos mundos. Mas essa constatação não nos impede de raciocinar que as elites governamentais, quando não o povo governamental, os trabalhadores de baixo, não tem mais missão, elas não se engajam PORQUE não há nada de desafiador, não há nada de gigantesco, ou ninguém consegue ver o que há de desenvolvimento importantíssimo no caminho do povelite/nação, por exemplo, grandes saneamentos, construção de milhões de casas populares de grande qualidade, desassoreamento dos rios, educação em níveis mais elevados, redução máxima dos desperdícios, reconstrução da Natureza atacada e destruída ou ameaçada e outras grandes tarefas.

                            Em algum lugar do caminho as grandes tarefas aparentemente desapareceram e as pessoas ficaram à mercê de seus pequenos desejos egoístas, sem nada de fora que as chamasse para incumbências maiores que elas e suas vontades de isolamento pomposo, alienado da coletividade que deveriam representar. Que vácuo tremendo é este! Que declínio tremendo em relação àqueles sonhos, aquelas pradarias douradas floridas do melhor pensamento e do melhor sentimento governamental de outrora. Evidentemente haverá um refluxo e novo espaçotempo iluminado e alegre surgirá oportunamente. No entanto, estamos no buraco da curva, e é isso que dói, ver tantos aproveitadores e inescrupulosos vendendo os governos. Só o rastreamento deles nas últimas décadas já renderia inúmeros livros.

                            Vitória, sábado, 23 de novembro de 2002.

Crescendo até Deus

 

                            Coloquei assim as pirâmides:

1)                      Micropirâmide: campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos e corpomente;

2)                     Mesopirâmide:        indivíduo, família, grupo, empresa, município/cidade, estado, nação e mundo;

3)                     Macropirâmide: planeta, sistema solar, constelação, galáxia, aglomerado, superaglomerado, universo e pluriverso.

Imagine que nem fizemos ainda a globalização, a mundialização, a planetarização, estamos “atrasados” (cada espécie racional dominante tem seu ritmo). Pois bem, depois que a realizarmos será ainda necessário passar ao sistema solar, depois à constelação, grupo de algumas estrelas que viajam juntas pela Galáxia, a seguir a esta, a Via Láctea, que é uma de presumidos 100 bilhões delas. Pense só em como estamos distantes.             Vendo pelo lado das naturezas, temos a natureza zero físico-química, que salta à vida; a natureza um, biológica/p.2, que pula à alma; a natureza psicológica/p.3, que deve realizar a acometida aos novos seres; a informática/p.4, cujo projeto será a hipermente; a cosmológica/p.5, que deve se jogar no infinito; a dialógica/p.6, o Verbo, que armará e disparará a bomba dialógica.

Veja só como somos presunçosos de achar que já fizemos realmente muito. Um nadica de nada, mesmo, realmente uma porcaria, para tudo que já foi feito, e foi muito, em relação ao passado. Contudo, em relação ao futuro não somos sequer crianças, somos um ovo cósmico ainda por estourar para fora do planeta-mãe.

Repare que tudo foi na realidade um contínuo crescimento até Deus – que agoraqui já podemos imaginar além de qualquer chance de ser atingido, a não ser mesmo por graça. Embora o ser racional não possa, por seu esforço espaçotemporalmente curtíssimo, pretender chegar lá, as tarefas não são inúteis, porque UM saltará, e toda soma é importante.

Vitória, segunda-feira, 25 de novembro de 2002.

Ciência Ilustrada

 

                            A Abril Cultural lançava umas coleções formidáveis, das quais fiz várias, total ou parcialmente, em fascículos que comprava toda semana, quando tinha dinheiro. Uma dessas foi a Ciência Ilustrada, original de Milão, 1971, edição brasileira do mesmo ano.

                            Passados todos esses anos, tendo feito o modelo, posso reenquadrar e pedir que retomem a iniciativa, aqui adequada a essa nova visão. Podem adotar fascículos para toda a pontescada.

                            A pontescada científica: Física Ilustrada, Química Ilustrada, Biologia Ilustrada, p.2 Ilustrada, Psicologia Ilustrada, p.3 Ilustrada, Informática Ilustrada, p.4 Ilustrada, Cosmologia Ilustrada, p.5 Ilustrada, Dialógica Ilustrada, p.6 Ilustrada.

                            A pontescada técnica: Engenharia Ilustrada, X1 Ilustrada, Medicina Ilustrada, X2 Ilustrada, Psiquiatria Ilustrada, X3 Ilustrada, Cibernética Ilustrada, X4 Ilustrada, Astronomia Ilustrada, X5 Ilustrada, Discursiva Ilustrada, X6 Ilustrada.                      

                            Podem ir mais longe, para todo o Conhecimento.

                            O Conhecimento alto: Magia Ilustrada, Teologia Ilustrada, Filosofia Ilustrada e Ciência Ilustrada (que se divide naquelas).

                            O Conhecimento baixo: Arte Ilustrada (se separa em 22 seções), Religião Ilustrada, Ideologia Ilustrada, Técnica Ilustrada (que se separa naquelas).

E Matemática Ilustrada.

                            São muitas oportunidades, uma editoria formidável, para durar a vida toda, editando e reeditando, melhorando continuamente. A parte de palavras para as elites educadas e a parte de imagens para o povo. Na realidade pode ser toda uma Mídia do Conhecimento (TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro e Internet), como já pedi alhures. A porção Livro é que viria em fascículos. Na medida em que o povo comprasse teria a reposição de metade ou da integridade do preço do livro encadernado. Não há vergonha em ter propagandas, pelo contrário, as empresas devem contribuir, ao seu modo.

                           Institutos devem ser criados para acompanhar, para gerenciar a produção geral, agregando pesquisadores & desenvolvedores teóricos & práticos de todos os ramos do Conhecimento, bem como os tecnartistas todos, especialmente os da composição gráfica. Com as novas possibilidades de modelação gráfica em computador, fantásticos fascículos, muito belos, emocionantes mesmo, podem surgir.

                            Essa seria uma coisa que me agradaria verdadeiramente, porque seria possível esmiuçar até o mais extremo detalhe. Podemos começar justamente pela tecnociência, até porque não têm sido dadas suficientes oportunidades aos demais modos de conhecer, ou eles se atrasaram na apresentação delas. Enfim, contando os nove modos de conhecer (quatro altos e quatro baixos, mais a Matemática), nas tecnociências doze (descontadas Ciência e Técnica, que já foram contadas ficam sete), e as 22 artes, teríamos 7 + 12 + 22 = 41 publicações, o que é divertimento para muitas décadas. Só este projeto já pode colocar uma nação no primeiro mundo.

                            Sem falar que sendo 6,5 mil as profissões teríamos milhares de chances de ilustração detalhada, um mercado que jamais foi explorado, sequer cogitado.

                            O que as pessoas estiveram fazendo?

                            Vitória, terça-feira, 19 de novembro de 2002.