sexta-feira, 6 de janeiro de 2017


Os Anos FHC

 

                            Fui ao médico ontem e uma senhora que estava lá fez boa análise da situação brasileira, desde Collor para cá. Claro que sei que Collor foi, depois de Juscelino, o único estadista que o Brasil teve, ainda que voltado para o mal. Então, como é que FHC estava mudando o Brasil?

                            Disse ela, sem falar comigo, que tudo que FHC fez era ainda projeto de Collor, o que eu não havia percebido. Na lista dos políticos, 1) povo, 2) lideranças, 3) profissionais (inclusive políticos), 4) pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos/sábios, 7) iluminados, FHC é um pesquisador, mais propriamente um sociólogo de formação. Nunca foi um estadista, nem será. Itamar herdou o governo de Collor, que foi posto para fora depois de dois anos de mandato. Elegeu FHC, que o traiu. As reformas começaram com Itamar PORQUE já tinham principiado com Collor. Sabe-se que Collor era comunista na juventude; foi à China, decidiu o programa de governo comendo com os amigos pato xadrez em Pequim.             

                            Do que sei, o programa de recuperação brasileiro da inflação era esperto demais para ser de FHC, Itamar ou mesmo Collor, ou seus colaboradores. Penso que ou foram os chineses ou foram os judeus, porque Israel foi um dos primeiros a implantar. Ou Israel, sendo amigo dos EUA, pode ter herdado deles lá, pois a Escola de Chicago implantou programa eficaz no Chile. Como restabelecer essa trilha?

                            Em todo caso FHC fez muitas coisas extraordinárias e fiquei surpreso com a esperteza da turma dele, o que eu de modo algum esperava. Lógico, foi Collor que flectiu, dobrou, curvou o governo brasileiro do caminho anterior para o caminho novo, o que só os estadistas sabem fazer, ou alguém mais para cima. Não há nenhum iluminado no governo federal, nem nenhum santo ou sábio, que eu saiba, ou pelo menos que, tendo se evidenciado, possamos reconhecer.

                            Que pensar?

                            Aquela senhora deu o tom: Collor imaginou o novo estado brasileiro, os outros só copiaram o programa que já estava pronto. E sem dar o devido crédito, como é usual no Brasil.

                            Vitória, quinta-feira, 07 de novembro de 2002.

O Vício das Palavras

 

                            Quando eu disse que comer era um vício implantado na gente principalmente pelas mães, um certo e falecido JW, que trabalhava para o Ministério da Fazenda no PF Amarílio Lunz, em Pedro Canário, divisa com a Bahia, riu, achou que era brincadeira.

                            Não era.

                            De fato, é um vício, e um vício que leva alguns a doenças variadas, entre as quais a obesidade, de que padecem 25 % dos brasileiros e 50 % ou mais dos americanos – para se ter idéia da gravidade de tal vício.

                            Mas, o vício das palavras atinge quase 100 % da humanidade, se não a todos. Nós falamos obsessivamente. Para quem pensa que não, lembre-se que ouvimos rádio, vemos/ouvimos TV, lemos jornais, revistas, Internet, livros. Quando não, como eu, estamos escrevendo. Dialogamos. Falamos sozinhos em som alto ou em nossas cabeças (dizemos “com nossos botões”). Nós falamos o tempo todos, pelo menos 16 horas por dia ¾, 75 % do nosso tempo, e às vezes também dormindo, quando estamos parcialmente livres da prisão das palavras.

                            Como se diz do gene, poderíamos dizer num exagero idealista que a palavra é egoísta; construiu o ser humano para que fosse falada. Na Bíblia se diz que “No princípio era o Verbo”. Não só no princípio, no meio e no fim também, pois a palavra se dirige à total abstração, à Tela Final, onde Deus, um só, compreende e integra tudo. Lá, na abstração total, a Palavra não precisa mais dos seres corpóreos.

                            A palavra é tão poderosa que quando Tim Tones tirou aqueles infelizes à palavra pelo suicídio coletivo nas Guianas, houve um clamor mundial. Todo suicídio é suspeito, a eutanásia é condenada, tudo que tire o ser humano à escravidão da palavra. Quando, mais vastamente, os seres humanos fogem à civilidade pela agressão sociopática ou psicopática, é a palavra da Lei que estão negando, e, como denunciou Foucault, são vigiados e punidos. Isso rende milhares de teses de mestrado e doutorado.

                            Poucos fogem ao poder excessivo da palavra e somente conseguem isso se escondendo em selvas, em desertos, ou no Ártico ou na Antártica. Entretanto, levam consigo o poder da palavra, porque dentro de suas cabeças continua (m) ressoando uma ou mais línguas. E onde quer que se leve um comunicador ou um (a) companheiro (a) humano (a), lá estará a palavra.

                            Inescapável, viciante palavra.
                            Vitória, terça-feira, 12 de novembro de 2002.

Non Fingo Hipotesis

 

                            Sabidamente Isaac Newton (físico, matemático, astrônomo e filósofo inglês – 1642 a 1727, 85 anos entre datas) disse isso, “não faço hipóteses”. Isso corroeu os cientistas durante 300 anos, porque para criar tecnociência é preciso justamente construir hipóteses, antes de chegar às teses. São chamadas de HIPÓTESES DE TRABALHO.

                            Que pese a grande autoridade de Newton, os cientistas continuaram construindo hipóteses, talvez à espera de solução.

                            Que é, penso eu, esta: obviamente a mente que esteja com idéias pré-concebidas irá pré-dispor-se na escolha, na seleção de dados, com isso falseando a percepção da realidade, isto é, conduzindo-se por seus desejos e não por um autêntico DIÁLOGO DE MUNDO. Ora, por princípio as mentes devem estar desprovidas de direção e sentido preferencial, ou seja, das subjetividades de todos e cada um, o que é evidentemente impossível, por mais que os pesquisadores & desenvolvedores queiram se dizer objetivos, fixados exclusivamente nas verdades, sejam elas quais forem, doam em quem doer. Como sabemos, freqüentemente as pesquisas favorecem as concepções dominantes das nações centrais, o que é bem esquisito, mesmo.

                            FAZER HOPÓTESES, para mim, no sentido que Newton falou, seria construir preferências, idiossincrasias, primazias culturais, pessoais, ambientais, dos conjuntos onde está inserido aquele que observa e busca. Isso, evidentemente, seria errado, porque só daria as respostas tortas desde o início pretendidas.

                            Creio que ele quis dizer que não devemos CONSTRUIR HIPÓTESES, apenas descobrir as teses pelo velho balizamento do método tecnocientífico, da experiência, do erro e do acerto. E neste sentido, é claro, estou com ele.

                            Vitória, quarta-feira, 06 de novembro de 2002.

Mudança Diferencial

 

                            Trotski disse de passagem num de seus livros que, como resumi, a mudança dos conjuntos é diferencial, quer dizer, sejam pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) ou ambientes (municípios/cidades, estados, nações, mundos) sempre podemos contar que eles estejam mudando em ritmos diferentes.

                            Não haver dois conjuntos que mudam igualmente é trivial, todos vemos isso; mas não raciocinamos. Na Psicologia (figuras ou psicanálises; objetivos ou psico-sínteses; produções ou economias; organizações ou sociologias; espaçotempos ou geo-histórias) tudo muda diferencialmente. Vejamos as organizações: se alguma teoria sociológica não leva em conta essa mudança diferencial, está por princípio errada. Não pode prover prateoria apenas para o estático, o absoluto, as formas, que nós vemos mudar o tempo todo; deve fazê-lo também para o dinâmico, o relativo, o conceitual, os conteúdos.

 As organizações estão predando o meio e sendo predadas o tempo todo, trocando info-controle com o meio, e o estão fazendo a ritmos ou velocidades ou taxas diferentes. Quando nós olhamos a contabilidade de uma empresa, estamos vendo seus índices (fraudados ou não, como se viu acontecer nos EUA recentemente, 2001/2002) de mutação, comparados com os do ano anterior. Como existem verdade e mentira como par polar oposto/complementar no Dicionário, a contabilidade empresarial comporta ou pode comportar tanto uma quanta a outra. Se tivéssemos idealmente capacidade de comparar as árvores contabilísticas de troca de IC de muitas ou todas as empresas, saberíamos seus ritmos de mutação e com isso teríamos idéia de quais irão ou não prosperar, porque, FATALMENTE, umas irão subir e outras descer. A mudança diferencial garante e consiste nisso.

                           Todas as empresas irão trocar de lugar. TODAS. Aliás, todos os conjuntos. A VELOCIDADE DE MUTAÇÃO, que poderia ser medida, diria da capacidade de renovação de uma coletividade produtivorganizativa. Aqui, como em tudo, serve a Curva de Gauss. Umas mutarão extremamente rápido, outras extremamente lento e a grande maioria estará no centro.

                            Como os galhos dos conjuntos entrarão em contato uns com os outros, interferindo mutuamente entre si, de modo a retardar ou acelerar o ritmo de mutação? Que propriedades devem ter tais ramos para poderem interagir, trocar info-controle? Como se dão essas trocas e qual é o seu papel no estabelecimento da cadência de troca? Quais os ramos de taxa mais alta, mais baixa, média para menor, média para maior e média mesmo?

                            A mudança diferencial nos diz que as propagandas que dizem que há total controle de qualidade e que os objetos produzidos são iguais carecem de veracidade, pois os objetos são na origem diferentes, como já mostrei, e estarão mudando diferencialmente logo que saírem da fábrica, assim como gêmeos idênticos, postos no mesmo ou em ambientes distintos.

                            Enfim, não adianta nada colocar os ovos todos no mesmo cesto, ou apostar sempre no mesmo cavalo, porque não sabemos como, internamente, eles estão mudando diferencialmente. E assim é com institutos de pesquisa, com universidades, com departamentos governamentais, com tudo mesmo. No mínimo isso nos diz para diversificar os investimentos, procurando colocar um pouco nos extremamente rápidos (investimento de risco), um pouco nos extremamente lentos (que são extremamente seguros, as chamadas commodities ou comodidades) e muito na média, que não rende muito, mas também não dá grandes sustos.

                            Vê-se que basta raciocinar um pouco para poder ganhar muito conhecimento com a assertiva de Trotski.

                            Vitória, segunda-feira, 11 de novembro de 2002.

Modelo e Convergências

 

                            O modelo pode ser visto como uma esfera, em que os diâmetros são a definição, todos partilhando o mesmo centro e tendo nas extremidades os pares polares opostos/complementares, de tal forma que, vendo um diâmetro, pelos opostos supostos inconciliáveis o mundo pareceria impossível.

                            Entretanto, é possível e verdadeiro.

                            Como as tecnociências e o Conhecimento todo (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) estão sendo construídos, elas e ele são flechas passando ao largo do centro. Embora haja um ritmo de crescimento da convergência = CONHECIMENTO, pela compreensão promovida pelos parcialistas ou especialistas, os generalistas ou holistas são ainda poucos, e o ritmo, ainda que exponencial, é lento, relativamente, porque poderia ser incomensuravelmente maior.

                            Como o modelo propôs, a convergência se daria em ritmo muito mais acelerado, porque agora não estaríamos mais trabalhando por nossas teses e sim pelo avanço geral do Conhecimento. Acontece que as pessoas, por puro sadomasoquismo, não desejam isso. Querem continuar possuidoras exclusivistas de seus círculos de conhecimento (tanto o conhecimento em si quanto o partilhamento dele em sistema fechado ou semifechado; por quê motivo os seres humanos fariam sociedades secretas ou de mistérios?), mantendo os outros “de fora” como indigentes do Saber geral. Não é franca a distribuição dos saberes, não é totalmente democrática, mesmo com o advento da Internet.

                            No modelo proponho não apenas que essa convergência se dê, como de fato se dê pela abertura, de modo que cada um e todos possamos abordar muitas questões, de diferentes conhecimentos. Assim, qualquer pessoa poderia escrever sobre tudo, criando os ligativos entre as ciências e subciências todas da pontescada tecnocientífica. Seria aproveitável o que tivesse base real. Um físico seria também biólogo; um informático dialético, e assim por diante, até todos os conhecimentos estarem fundidos.
                            Vitória, terça-feira, 12 de novembro de 2002.

Matéria e Energia

 

                            Contrariamente a Freeman Dyson eu não creio que o conceito de matéria esteja se esfumaçando. É o inverso disso – agora podemos ver exatamente o que ela e a energia são, a partir do modelo.

                            Tomemos o centro, materenergia ou informação; de velocidade = 1 ele abre-se em esquerda, que é mais lenta 108, e em energia, que é mais rápida em 108, relativos a 9.1016 (da velocidade da luz no vácuo, c2, {3.108 m/s}2) = 1017 de distância entre um pólo e outro, ou seja, entre o par de opostos/complementares matéria/energia, em E = mc2, a Chave de Einstein, conforme a chamei (é uma das duas).

                            Devemos ver esta fórmula assim: E (c2) m, de um lado a energia, do outro a matéria, no meio o conectivo ou ligativo ou conversor ou intermediador – chame como quiser. Ou, melhor ainda, m (c2) E, esquerdireita materenergética.

                            Na fórmula v = x/ t, devemos re-ver como x (v) t. Em resumo, a velocidade é o intermediador, o trocador; em E = mc2 temos o quadrado da velocidade. O que nós vemos são velocidades. Vemos velocidades relativas. Velocidade do espectro luminoso em relação aos nossos olhos, que também possuem velocidade de movimento triortogonal, e uma temperatura interna, que é velocidade também. Vemos RELAÇÕES DE ONDAS ou campartículas. Carros passando estão sendo “vistos” ou percebidos pelas redondezas de vários modos: 1) pelo calor dispendido, 2) pelo atrito, 3) pela trepidação, 4) por meio de várias outras ondas.

                            Então, podemos concluir que matéria vê matéria, energia vê energia, energia vê matéria e vice-versa. Na realidade, como já é sabido faz tempo, mas não num nível completo, o que vemos é maternergia em vários patamares de movimento – vemos relações de frações, para dizer de modo terminal. Ondas musicais vendo ondas musicais. A matéria não existe do modo antigo? Claro que sim, ela está lá, do mesmo modo, bem como agora podemos vê-la do modo novo, que é muito mais frutuoso tecnocientificamente e em termos de Conhecimento geral.

                            Vitória, terça-feira, 05 de novembro de 2002.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017


Biblioseu das Deformidades

 

No modelo as deformidades são apontadas em maior número.

DEFORMIDADES.
LISTE AQUI.
FÍSICO-QUÍMICAS.
 
BIOLÓGICAS-P.2 (são essas em geral as referidas).
 
PSICOLÓGICAS-P.3.
Psicanalíticas ou das figuras ou pessoas.
Psicopatias.
Psico-sintéticas ou dos ambientes.
Sociopatias.
Econômicas ou produtivas.
 
Sociológicas ou organizativas.
 
Geo-históricas ou espaçotemporais (por exemplo, guerras).
 

Biblioseu é biblioteca (de livros) e museu (de objetos).

Pense só em quantas deformidades (embora haja de 4,0 a 15,0 mil doenças de fundo genético, as chamadas deformidades físicas são irrelevantes, as psicológicas é que são significativas e amedrontadoras) comportamos! São dezenas de milhares, seria interessante anotar uma a uma.

Quantas loucuras nos acometeram ao longo dos milênios.

Naturalmente há muito mais das psicológicas que das físicas. Ter uma perna deformada não é nada perto das coisas que os presidentes da ditadura civil (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer) fizeram – só para listar a estas seriam necessários vários volumes grossos. Sem falar nas atrocidades em geral. Está no Facebook o vereador algemado que tomou posse e o irmão do ex-governador Antony Garotinho (ele nunca vai crescer), Nelson Nahim, explorador de garotas menores de oito a 17 anos, também empossado, como deputado no Rio de Janeiro.

A humanidade é 50/50, 50 % de loucos e deformados que precisam ser contidos com firmeza e persistência.

Vitória, quinta-feira, 5 de janeiro de 2017.

GAVA.