terça-feira, 3 de janeiro de 2017


Se a China fosse Capitalista

 

                            Paul Kennedy diz em seu livro (Preparando para o Século XXI, Rio de Janeiro, Campus, 1993), p. 23: “Em outras partes do mundo em desenvolvimento os aumentos prováveis são quase da mesma magnitude. O total da China pode subir apenas (!) dos 1,13 bilhão de hoje para cerca de 1,5 bilhão em 2025, ao passo que a população da Índia, de crescimento mais rápido, provavelmente passará dos 853 milhões de hoje para cerca de 1,45 bilhão. Levando-se em conta a natureza aproximativa dessas estatísticas, e possíveis mudanças tanto na taxa de natalidade como de mortalidade dos dois países, é concebível que a Índia venha a ter a maior população do mundo em 2025 – pela primeira vez na história escrita”.

                            Consultando o Almanaque Abril 2002 vemos que a população da China era de 1,285 bilhão em 2001, crescimento demográfico de 0,71 % ao ano. A Índia tinha 1,025 bilhão em 2001, taxa de crescimento populacional anual de 1,52 %. A continuar neste ritmo a China iria, em mais 24 anos, a 1,523 bilhão e a Índia a 1,472 bilhão, e estariam tecnicamente empatadas. É claro que tal precisão não faz o mínimo sentido, mas é só para mostrar que a China em tese continuaria na frente. Em tese, porque não faz nem dez anos o crescimento da China era de 0,9 % e não 0,7 %. Já baixou, sem falar que em cinco décadas baixou uns 2,5 %. O da Índia certamente era maior também.

                            O do Brasil, que já foi de 3,1 ou 3,2 % na década dos 1960, baixou a 1,9 % e agora a 1,6 % ao ano no ano 2000. A coisa está despencando.

                            Agora, lembre-se que o Paquistão (população de 145 milhões em 2001) estava unido à Índia na independência conjunta em 1948, enquanto Bangladesh (140 milhões em 2001) se separou do Paquistão em 1970. Juntados os três teríamos em 2001 nada menos que 1,310 bilhão. O crescimento do Paquistão sendo de 2,54 %, em 2025 ele estaria com 265 milhões, enquanto para Bangladesh (com crescimento de 2,09 % a.a.) ficaríamos com 230 milhões. Juntos os três em 2025 teríamos quase dois bilhões de pessoas, muito além da China.

                            É certo que o índice da China diminuirá ainda mais, mas os dos outros três não tanto, porque os dois muçulmanos têm política populacional de crescimento, enquanto a Índia vai indo do seu jeito.

                            Veja que os três são capitalistas, ou passam por ser, enquanto a China é socialista no chamado Caminho das Duas Vias, servindo-se do capitalismo onde é necessário e não-contaminante do poder. Evidentemente na Índia morrem milhões de fome ou centenas de milhões vivem no limiar da pobreza, enquanto a China está crescendo economicamente a mais de 10 % ao ano por mais de 10 anos, desde 1986, sem dar notícias de que vá parar.

                            Os hindus, dada toda a sua religiosidade e o fato de não comerem carne, quase não cometem crimes, ao passo que os chineses, comendo carne e soltos à sua vontade livre são baderneiros. Pesando todos os condicionantes de uns e da outra, pense se a China fosse capitalista quantos estariam vivendo na mais abjeta miséria e quantos estariam morrendo de fome por ano, talvez dezenas de milhões!

                            Publicando em 1993, sobre base de dados de 1992, certamente, portando a 33 anos de 2025, o autor estava pressupondo uma taxa chinesa de 0,86 %, ao passo que já reduziu para 0,71 %, enquanto que para a Índia calculou com base em 1,62 %, quando já caiu para 1,52 %. Desceu 0,15 % num caso e 0,10 % noutro.

                            Veja só como os capitalistas centrais são tendenciosos!

                            E os americanos do Norte que saíram de alguns milhares para 286 milhões em 2001? Vamos supor que tivessem em 1776, ano de sua Revolução, dois milhões de habitantes brancos (vá obter os dados corretos, será ilustrativo), um milhão de índios e outros dois milhões de hispano-americanos do México no que eram os territórios deste então. Total de cinco milhões. Subiu 280 milhões, grosso modo, em (2001 – 1776) 225 anos, crescimento contínuo de 1,8 %, em alguns períodos muito maior a taxa. Acontece que a taxa agora é de 0,89 % ao ano, metade daquela. Nós poderíamos passar sem o que os EUA proporcionaram de bom ao mundo?

                            Para quem o capitalismo é como uma segunda pele, tudo bem, vai-se legal com ele. E os demais, onde os países não percebem bem o que seja o capitalismo e não sabem agir a contento dentro dele? Seria o desastre, como é em tantos lugares.

                            Imagine se a China estivesse crescendo a 1,6 % como o Brasil (iria a 1,881 bilhão em 2025) ou a 3,0 %, como certos países (iria a 2,612 bilhões em 2025)! Os modelos não são iguais e o futuro não é o mesmo para todo mundo. O etnocentrismo americano e europeu, e a tendência de julgar tudo pelos seus padrões, além de ser chocante é uma vergonha para todo a espécie humana.

                            Não faz bem a ninguém imaginar esses cenários restritivos, como fez o Clube de Roma.

                            Lute-se a favor, libere-se a tecnociência de ponta, ajude-se os governempresas das nações, em lugar de ficar tolhendo os demais. Esse é o verdadeiro princípio cristão, que Cristo veio ensinar há dois mil anos e tanto fez pelo Ocidente.

                            Vitória, segunda-feira, 28 de outubro de 2002.

Refinamento do Modelo do Balde

 

                            Adiantando mais um pouco, mas visando diferente, pense agora na camada mais exterior do Balde, o tantinho de água que fica mais para cima, nos limites da borda dele. Ali é a crosta virtual, de forma que ali estão as placas tectônicas virtuais e os continentes virtuais. Acontece que esse limite é diminuto mesmo, algumas moléculas de água, representando justamente aquele um a 70 quilômetros que a Crosta verdadeira da Terra ocupa.

                            Quando as densidades sejam introduzidas, com as pressões gravitacionais empurrando para baixo, gerando calor e movimento das camadas, as configurações deverão aparecer. Colocando cores artificiais na modelação matemática, poderemos ver no espectro, do vermelho ao azul - vermelho representando calor e azul frio, como é usual -, de forma que quanto mais para o centro mais vermelho e quanto mais para a borda mais azul. Aparecerão nuvens. Conforme as massas, os volumes, as gravidades, as tensões dos outros “baldes” próximos (planetas, estrelas, satélites, objetos variados), as atmosferas serão mais ou menos densas, por comparação com a 1,0 atm. de definição daquela da superfície média do nosso planeta. E 1,0 G para o poço de gravidade, condições de insolação, etc., de modo que com bastante criatividade poderemos ver os tufões se formando no equador virtual do Balde, veremos as condições de 300º K ou cerca de 27º C, que é a média, enfim, as CNTP, as Condições Normais de Temperatura e Pressão. CNTP da Terra, bem-posto, ou simulando as de qualquer planeta-balde que quisermos.

                            Agora, será preciso “abrir” a linha tênue em volta do balde de água, na parte de cima das paredes, de modo que elas assumam mesmo metade da circunferência da Terra de cada lado. Aprendendo a fazer isso (não atinei como, ainda) veremos o fosso, o parabolóide de revolução que representa a esfera gravitacional real da Terra, em volta do qual estará a pseudo-superfície virtual, espalhando-se em círculo em volta do centro-furo, para além do Balde.

                            Quando tiver se tornado automático o procedimento de modelação inversa, poderemos mover as massas de água, de terra, de ar, de energia – superficial ou mais profundamente - um, dois, quatro, oito, dezesseis quilômetros, o que for. As modelações que sugeri como forma de aprendizado em algum ponto lá para trás agora se tornarão reais, tão próximas da verdade quanto queiramos, em todas as variações possíveis, porque as máquinas, girando a bilhões de flops por segundo poderão apresentar quantas versões queiramos, mudando os parâmetros ligeiramente para, digamos, ter as terras do passado, do presente, do futuro, conforme este ou aquele acontecimento, como queda de meteoritos, presença de vida, diminuição da temperatura, camada de ozônio, tempestades solares, etc., ao bel prazer do modelador.

                            “E se introduzíssemos tal ou qual vetor, como a Terra ficaria? ” Não precisaremos mais temer, porque antes de fazer poderemos modelar, como uma vez vi num filme de FC barato de TV (mas muitíssimo interessante), No Limite da Realidade, acho. Milhões, modelando através do mundo humano, poderão fazer as pesquisas & os desenvolvimentos darem saltos gigantescos em poucos anos.

                            Vitória, quinta-feira, 31 de outubro de 2002.

Produto = 1

 

                            Na carta que o chefe Seattle escreveu ao presidente dos EUA em 1850, transcrita no livro de Angélica Sátiro e Ana Mirian Wuensch, Pensando Melhor (Iniciação ao Filosofar), São Paulo, Saraiva, 1997, p. 161, há esta passagem: “Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho”. Pouco tempo versus intenso brilho: T.B = 1. Ou tempo longo com brilho baço, quase apagado.

                            Sobre guardar uma áspera dose de rancor, a citação mostra isso que denominei PRODUTO UM, PU = 1, por comparação com a SOMA ZERO, SZ = O, que são as afirmações da conservação de todos os numerângulos, como vi cedo no modelo. Por exemplo, p = mv, sendo P a quantidade de movimento, M a massa, V a velocidade. Poderíamos escrever MV = 1, com o que veríamos tudo de forma diferente. Como em E = mc2 ou E/mc2 = 1. A imagem clássica de duas bolas de bilhar batendo, para a quantidade de movimento, ou uma explosão mandando estilhaços em todas as direções e sentidos denunciando o poder explosivo da bomba de expansão (pois existem as de contração, implosivas, em lugar de explosivas – um buraco negro, em seu nascimento, é uma implosão, e continua sendo quando vai acrescentando matéria).

                            Isso é muito útil, como eu já disse noutro lugar, porque permitirá a matematização da Psicologia, que é ainda qualitativa, com quase nada de quantitativo, um tantinho na Economia. Se TODOS OS NUMERÂNGULOS se conservam, se segue que podemos ver numa esfera imperfeita uma média, elevações e depressões, tanto em cima quanto em baixo da terra/solo.

                            Podemos olhar os balancetes das empresas e ver o que elas não estão mostrando, o que é especialmente importante para o Fisco (em todos os níveis). SE tivermos programáquinas que mensurem o que elas mostram saberemos o que elas estão escondendo, e como tudo está ligado, se soubermos de algumas empresas iremos percorrendo o coletivo de produção, indo de uma a outra, sucessivamente, deslindando toda a trama sonegadora.

                            Quando a Química e a Biologia forem transformadas em grades de cártulas ou cartuchos, ou matrizes de vetores, poderemos através de uma doença detectada ver sua ÁRVORE DE TRANSIÇÃO da não-existência à existência, a caminho da não-existência novamente, se biólogos e médicos souberem o que estão fazendo.

                            Poderemos até, em algum momento, através dos programáquinas apropriados, construir os totalizadores para as composições, de tal maneira a percebermos as armadilhas lingüísticas ou falácias, sejam elas ou não propositais. Poderemos ver as evasões secretas de receita para financiar atividades ilícitas do FBI e da CIA americanas, desde que tenhamos dados e tempo e paciência. Os mecanismos estaticodinâmicos se tornarão cada vez mais precisos.

                            Obviamente, você sabe, a lei de Boyle-Mariot, a lei de Lavoisier, e todas as conservações de números e de ângulos (digamos, a soma dos ângulos sendo 180º) estão incluídas nestes dois princípios generalíssimos. TODAS AS EQUAÇÕES da Matemática ou geometrialgébrica estão, de fato. Olhando a Curva de Gauss, ou do Sino (mais ou menos como um ômega, Ω, veremos que o centro é praticamente imóvel, enquanto as extremidades são velozes, muito móveis, transformadoras. O centro é conservador até na Rede Cognata, pois centro = CONSERVADOR = GOVERNANTE = GERENTE, etc. O centro da esfera é onde se dá o PU = 1 e a SZ = O. Por mais que a periferia oscile o centro fica sempre no mesmo lugar.

                            Vitória, segunda-feira, 28 de outubro de 2002.

Primeira Vida

 

                            Nenhuma matéria que entra em nós é vida, pois nitidamente estava morta antes de entrar. Nenhuma que saia será vida, digamos pele morta ou excrementos. Ela entra e sai, se torna “matéria viva temporariamente”, e volta à inatividade. Mas a Vida tem a propriedade de doar nova vida, homens e mulheres conjugando-se no projeto, por exemplo, fazendo bebês.

                           E assim é com cada ser humano e com todo ser.

                            A vida nos foi doada em GALINHOVO, como chamo a linha de transmissão do par polar oposto/complementar galinha/ovo. Se formos remontando vamos recuando na linha genealógica da Vida geral da Terra até o primeiro ser vivo, de que somos todos descendentes. Esse primeiro ser vivo foi incorporando matéria e energia, até termos à nossa disposição bilhões de toneladas de matéria e energia incorporadas.

                            Então, temos de voltar no tempo até aquele primeiro ser.

                            Por um lado, a Vida não é matéria, pois ela entra e sai, sem que estivesse viva quando estava fora de nós, antes de entrar, e também depois de sair. Também não é energia, pois o Sol, com tanta dela, não está vivo, nem o estão os vulcões, os ventos e tanta coisa mais que se movimenta sem propósito.

                            Recuando bastante, teríamos aquela primeiríssima vida de que somos todos parentes. Como a Vida geral é replicadora e mutante, somos parente daquele replicador inicial e daquele poder mutacional primitivo. Ora, temos, digamos, 100 bilhões de galáxias, cada uma com em média 100 a 400 bilhões de estrelas, a maior parte com muitos planetas. Será que a Vida ficou espreitando para entrar no primeiro replicador habilitado? Estava em toda parte olhando, bilhões de anos-luz de raio, mirando aquele pontinho auspicioso? Seria mágica assim? Veja que cada replicador já comporta a habilidade dupla, mas, como vimos no modelo, são necessários vários replicadores para configurar o ser.

                            Parece mais que, havendo uma configuração mínima há um salto e a coisa começa a funcionar. Não sendo nem matéria nem energia isoladas, nem um extremo nem outro somente, é a conjunção dos dois em materenergia, controle, um programáquina hábil para o que se pretende, em forma e conceito, em figura e estrutura, em formestrutura.

Acontecendo o programáquina mínimo, qualquer que seja, está habilitado, passa o vestibular e entra na escola superior da vida, sai do nível físico-químico de campartícula fundamental, subcampartículas, átomos e moléculas, e entra na casa biológica/p.2, de replicadores, células, órgãos e corpomentes. E entrando nessa categoria não pára mais.

                            Porém, por ser tão frágil inicialmente, aquele primeiro rebento pode ter morrido, surgindo outros e outros, até o primeiro sobrevivente permanente, nalgum espaçotempo. Aconteceria de a Vida ficar sempre espreitando para entrar nesse primeiro permanente como uma alminha que encarna? Alminha de alga cianofícea (algas azuis) ou de ameba? Independente das almas, que são outras histórias, havendo as condições mínimas, ali está a Vida geral.

                            Acontece que isso muda tudo.

                            SE SEGUE que, HAVENDO AS CONDIÇÕES MÍNIMAS (CM de Vida, CMV) haverá Vida. Isso pode se apresentar em muitas partes. E não será um ponto, senão as condições dela se apresentar seriam quase insignificantes (1/100.109.100.109.10 = 1/1023), e uma coisa nós sabemos, O UNIVERSO EXISTE, portanto, a Criação do Universo existe, portanto há uma inteligência que se formou no início, no meio ou no fim, em razão do par polar. Se não é pontual bem pode ser um círculo, um volume imenso, até, com ampla variação de possibilidades para matéria e energia, para a Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo e fogo/energia).

                            Isso é BEM DIFERENTE de uma coisa milagrosa à maneira mais antiga, uma coisa imperscrutável, insondável; ainda segue sendo maravilhoso, até mais que antes, mas aquele aspecto de incompreensibilidade, de inexplicabilidade desapareceu. Não é necessário nenhum poder mágico ficar na espreita das condições únicas, basta que elas se apresentem para começar a aventura, sem qualquer inauguração aparatosa. Esta é uma notícia formidável, pois liberta.

                            Vitória, quinta-feira, 24 de outubro de 2002.

Previsões sobe o Governo Lula

 

                            Quando ainda se chamava Convergência Socialista eu participava em 1977. Depois houve uma reunião na Cúria Metropolitana, antes de 1980, da qual participamos uns 10, sobre a idéia de fundação de um Partido dos Trabalhadores. Sai entre 1985 e 1987 porque, eu disse a Reinaldinho, o PT iria trocar sua missão por votos, ou seja, por evidência. Não deu outra.

                            Agora, finalmente, ele chegou à presidência, na quarta candidatura de Lula, que é o primeiro operário a alcançar tal posto do Brasil, e o primeiro do mundo a atingir tal proeminência num país de primeira linha em produçãorganização, o Brasil, que é a quinta economia mundial (considerada a Europa dos 15 como uma só): EUA, Europa, Japão, China, Brasil.

                            Está parecendo o Nixon, que se candidatou tantas vezes e quando foi eleito fez besteira, o que não desejo de modo algum ao Lula. Ele é de um socialismo brando, enquanto sou anarco-comunista. Há margens de contenção, tanto a esquerda quanto a direita olhando-o com um misto de apreensão e repugnância. E quatro anos não são realmente quase nada, para 500 anos de opressão e desmandos.

                            Depois, há a distância extrema de votos, mais de 20 % - sempre que há uma distância assim tão grande o governante afrouxa o laço e fica gozando o feito, sem trabalhar, como se isso bastasse. Tradicionalmente não se faz bom governo nestas condições.

                            A seguir, é certo que a direita criará armadilhas e a imprensa direitista publicará toda e qualquer falha, por menor que seja, destacando-a ao máximo. Há a idéia de “vingança” dos pobres e miseráveis. Os sem-terra do Rainha (que é de Linhares) forçarão rumo à Reforma Agrária, esperada em ritmo muito mais pronunciado; se Lula atender e acelerar ferirá os terratenentes, ao passo que se não o fizer e retardar irritará o MST, Movimento dos Sem-Terra.

                            A dialética diz que tudo que se tenta forçar acumula tensões e resistências. O certo, então, seria caminhar como se nada fôssemos fazer, mas trabalhando aceleradamente pelos pontos principais. Lançar alguns balões para distrair a atenção, enquanto as reformas e transformações fossem sendo plantadas. Como em quatro anos não se pode fazer muito, é o caso de plantar ATITUDES, modos de proceder, que serão copiadas pelo governo seguinte. Se o Lula tiver sorte e puder emplacar um segundo mandato as obras poderão ser ampliadas.

                            Então, eu vejo que o governo Lula precisará de um equilíbrio tremendo, além do quê pode haver choque entre os principais intelectuais colaboradores e um presidente-operário ciumento de suas prerrogativas. Aquela coisa de “mamãe, olha aonde eu cheguei”. Mostrar para os parentes e amigos, etc.

                            E há a oposição, desde a favorável até a intratável, os inimigos de classe mesmo, que farão DE TUDO, legal ou ilegal, certo ou errado, para minar e destruir a “bandeira vermelha infiltrada”.

                            Para além de tudo, a grande aceitação de um primeiro governo operário real no Brasil, muito benquisto na Europa, com as visitas e saudações todas, com as comemorações, com os abraços em Portugal, na Alemanha, na Inglaterra, na França, na Espanha, em toda parte, tudo isso pode obnubilar a visão reta, turvando-a dos orgulhos.

                            E há muito mais que eu poderia comentar.

                            SE der certo será por puro milagre, denotando extraordinária sabedoria e equilíbrio do Lula e do PT, o que então eu aplaudiria.

                            Vitória, sexta-feira, 01 de novembro de 2002.

Precedência Ocidental

 

                            No livro de Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990, p. 543, eles dizem: “Mas a cultura árabe que penetrou no Ocidente, em sua maior parte, era cultura grega traduzida em árabe”.

                            É claro que todos os povos produziram. Antes dos europeus chegarem às Américas em 1492 (outras visitas houveram, mas falemos da visita oficial), os maias, os incas, os quíchuas, os moches, os astecas, os toltecas e outros produziram muitas coisas notáveis. E certamente o Oriente todo tinha culturas antigas. Os gregos tomaram grande parte de seu conhecimento, a partir do século XII ou XIII a.C., dos egípcios e de outros povos com os quais entraram em contato, já tardiamente, porque a Suméria é de 3500 a.C., e Mohenjo Daro, Harappa e Jericó são de nove mil antes de Cristo. Entrementes, é certo que os gregos deram elaboração MINUCIOSA ao conhecimento, perguntando pelas causas, pelo POR QUÊ, e não unicamente pelo COMO, isto é, explicação das origens e não dos processos, neste caso unicamente como descrição, do tipo que alguém daria do funcionamento de um ferro elétrico, dizendo que ele esquenta a chapa em baixo, esta o tecido, tirando seus vincos. Por baixo disso há o realinhamento das fibras do tecido, as forças moleculares que o sustentam desta ou daquela forma, a eletricidade que corre no fio, a interação dela com os átomos do metal da chapa, etc., causas cada vez mais recuadas e mais profundas.

                            Embora com dois mil e trezentos ou até (500 a.C.) três mil anos de distanciamento e atraso em relação a outros povos mais velhos em termos de civilização, foi quando os ptolomeus ocuparam o Egito que transformaram Alexandria, fundada por Alexandre Magno, um grego, em centro grego de estudos que funcionou como universidade por 700 anos, contaminando todos os países ao redor com um princípio de pensamento científico metódico. Por pouco não chegaram a dar o salto.

                            Então, as coisas vieram mesmo dos gregos, que atingiram os romanos, os do norte da África, a Índia, o norte da Europa; através de Roma toda a Europa ocidental, etc. E por meio do islamismo vastas regiões da Terra, voltando à Europa através da Espanha e de Portugal sob domínio muçulmano e com a Queda de Constantinopla por meio de Veneza, Florença e da Itália em geral.

                            Por sua vez a Europa espalhou-se e impôs seu modo de vida e de percepção do mundo a toda a Terra, felizmente, porque em muitos lugares quando não praticavam canibalismo matavam cerimonialmente pessoas às centenas de milhares ou submetiam populações a sevícias e o povo a vexames. Com o amplo desenvolvimento tecnocientífico e do Conhecimento geral, mais as lições de Cristo na base, os europeus realmente tornaram-se o molde em que o planeta humano vem sendo moldado.

                            Agora, quando olhamos o mundo, fora as roupas nacionais japonesas, os turbantes e as vestimentas árabes características, as dos hindus e mais alguma coisa, QUASE TUDO é de fundo ocidental, procede de um modo ou de outro da inventividade ocidental, de modo que posso declarar que a precedência européia é amplamente vencedora. Há coisas ruins, naturalmente, mas há muitas coisas boas e significativas, do maior valor. Carros, televisores, dezenas de milhões de invenções a serviço de toda a humanidade são resultado da operosidade ocidental, ou da cópia direta e indireta dela. Acho que os povos não precisam se sentir vexados, assim como não ficamos com o fato de que os sumérios, os egípcios, os persas, os chineses inventaram tantas coisas antes. É patrimônio geral, mas devemos reconhecer que, neste instante, os ocidentais deram seu legado ao mundo humano.

                            Vitória, terça-feira, 29 de outubro de 2002.

Planejamento Americano

 

                            De julho de 1984 a 1987 eu estava em Linhares e escrevi alguns textos que começaram com A Tramóia do Ien, nos quais eu descrevia uma conspiração americana para espalhar a letalidade da crise que estava vindo e que, eu achava, aconteceria depois de 1997, não só por conta das previsões de Batra como em razão de pensamento próprio. Depois coloquei esses textos no Jeca Tutu, uma Cartilha Pedagógico-Tributária, que comecei a construir lá por 1988, já na AFES, Associação do Fisco Espírito-santense, depois Sindifiscal, Sindicato do Grupo TAF no ES.

                            Escrevendo os ciclos do modelo cheguei à conclusão de que aconteceria uma crise energética em 2001, porque estimei um ciclo perfeito de 4 x 7 = 28 anos, ao passo que é possível que o ciclo de Batra de 30 anos esteja, para a Terra, mais de acordo, devendo a data ser mudada para 2003. Não é o caso de postergar, ou acontece ou não; se não, o modelo não serve, e pronto.

                            Bom, acontece que os EUA começaram uma coisa nova em relação às civilizações do passado. Por conta dos futurologistas, um certo instinto e uma determinada razão preditiva se instalaram por lá. Eles passaram mesmo a crer, em virtude do quê se prepararam e estão planejando COM ANTECIPAÇÃO DE VINTE ANOS, ou seja, 2002 corresponde a 1982, e daqui já começaram a agir sobre 2022.

                            Isso lhes dá uma vantagem nítida sobre todos os outros povos e nações da Terra, uma vantagem tão significativa que pode ser que, resolvidos os problemas da extrema competitividade da China, do Japão e da unificação da Europa, enquanto novos termos socioeconômicos, pacificada a questão do terrorismo, eles dêem um novo salto à frente, muito mais espantosos que os anteriores.

A competitividade japonesa e alemã vinha de que eles não tinham que sustentar enormes forças armadas, à custa da produção e da produtividade destinada ao povo e às elites, principalmente àquele. A competitividade chinesa vem do roubo depravado de patentes, bem como de muito trabalho e disciplina, e de uma enorme contenção passada, e não se esgotará de pronto. A Europa sempre será batida PORQUE é velha e não tem mais motivo algum para reconstruir, nem heterogeneidade, nem necessidades insatisfeitas. O terrorismo terá fim logo, porque está atingindo indiscriminadamente todos os países, e com isso perderá sua base.

                            Enfim, o planejamento com duas ou três ou no futuro mais décadas de adiantamento dará à coletividade americana, pela primeira vez em milênios, uma vantagem competitiva notavelmente característica, que promete tornar os EUA a primeira nação sem fim. É claro que é só promessa, porque a coisa não é lá planejamento divino, digamos assim, mas mesmo assim é uma promessa efetiva, real. Pela primeira vez na geo-história uma nação, só por se voltar inadvertidamente para o futuro, com aquela bobagem do futurismo da futurologia, quase conquistou as graças do Céu. Quase, faltou pouco, porque, afinal de contas, os americanos não são perfeitos.

                            Vitória, domingo, 03 de novembro de 2002.