domingo, 1 de janeiro de 2017


Robôs Assassinos

 

                            Michio Kaku diz em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 164: “Os escritores de ficção científica, como Isaac Asimov, tentaram desconsiderar a capacidade dos robôs de assassinar seus senhores humanos mediante a codificação de três ‘leis’ da robótica a serem diretamente introduzidas no programa dessas máquinas. São elas: 1) Um robô não pode prejudicar um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum dano. 2) Um robô deve obedecer às ordens que lhe são dadas por seres humanos, exceto quando tais ordens conflitarem com a Primeira Lei. 3) Um robô deve proteger sua própria existência, contanto que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei”.

                            A par dos argumentos de Kaku, há a ilogicidade das “leis” de Asimov, que podemos mostrar de passagem, antes de nos dirigirmos ao argumento principal e definitivo.

                            Suponha que um robô defenda um ser humano qualquer, A, contra outro, B, evitando que o primeiro morra, mas com seu ato causando a morte do segundo. Se A e B estão em oposição total, por definição, defender A é causar a morte de B. Então há um choque inultrapassável, um loop, um laço, uma petição de princípio, uma volta que consumirá os circuitos de lógica.

                            Imagine que outro robô defenda um ser humano, um assassino, impedindo que (onde exista a pena de morte, o que é deplorável) seja morto pelo Estado; e que esse assassino, saindo dali, cause a morte de outros – a inação não teria implicado em danos a outros seres humanos? Pior, pense nele recebendo a ordem direta de um carcereiro, que pela segunda lei ele deve obedecer, causando mal (mas sem o saber de imediato), o que é vetado pela primeira lei. E assim por diante, existem inúmeras falhas possíveis, que a gente nunca investiga, pois deveria parar de ler a fantasia tecnológica, dita FC.

                            O argumento definitivo é este: existindo o par polar oposto/complementar morte/vida, é seguro dizer que todos os seres novos (robôs, computadores inteligentes, ciborgues, andróides e os seres expandidos: macacos, golfinhos, baleias, elefantes e seres humanos) matarão. Aliás, devemos pensar que há dois lados no dicionário, o lado ruim e o lado bom, e os novos seres todos transitarão por ambos. Existirão delegacias para cada um deles, com detetives de todos os tipos de novas memorintenligências. É fatal, até rende novas linhas de construção de FC. E não adianta preparar qualquer defesa prévia, PORQUE ser inteligente é ser solucionador de problemas. O núcleo de uma definição útil de inteligência seria esse.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de outubro de 2002.

Recolhimento da Liberdade

 

                            No dicionário o par oposto/complementar igualdade/liberdade existe mesmo. Liberdade das elites e igualdade do povo. A presença absoluta de uma é a ausência absoluta da outra. Mas as duas podem conviver e ser ampliadas indefinidamente.

                            Raciocinando sobre pobreza e riqueza vi que riqueza é relativa, enquanto pobreza é absoluta: não se tendo uma lapiseira é-se pobre dela, mas a riqueza nunca termina, há sempre uma acima e uma abaixo, nem que seja potencial, isto é, mesmo para um ser isolado, sozinho. Do mesmo modo desconhecimento é absoluto e conhecimento é relativo. E deve-se dizer o mesmo de igualdade e liberdade. A igualdade é absoluta, não há nem acima nem abaixo, todos se situam no mesmo nível, enquanto que podemos ser ricos, médios-altos, pobres e miseráveis de liberdade. Existem até os riquíssimos em liberdade. Com isso os pares poderão ser enfileirados, como duas listagens, de relativos e de absolutos. É questão de tempo poder enfileirar os dois grupos, com o quê nosso conhecimento dará saltos formidáveis.            

                            Ora, acontece que Deus (do par oposto/complementar Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI), como a parte consciente da díade, é, por definição, totalmente livre, absolutamente livre (enquanto a Natureza é absolutamente contingenciada), com o que, se há só Deus não há qualquer gênero de igualdade POR DEFINIÇÃO. Isto é outro modo de dizer que ninguém é igual a Deus, nem de longe (o último que tentou foi condenado a danação eterna, como se sabe).

                            Porém, sem liberdade não haveria mundo, não haveria manifestação no plano do real dos seres todos e de cada um. SE segue que Deus “renuncia” à sua liberdade, enquanto o mundo existir, para dá-la aos seres, que assim passam a gozar de livre-arbítrio, de livre-escolha, de caminho por decidir nas encruzilhadas da Vida geral.

                            Evidentemente quem é absolutamente livre, quem é omnisciente, onisciente (todo conhecedor), quem é omnipotente, onipotente (todo potente), quem é omnividente, onividente (tudo vê), não precisa de provas construídas. Só pode mesmo ser por amor, porque o lado do ódio já é conhecido também. O ódio, como falta, é absoluto, enquanto que o amor é relativo, pode-se ter ou não. É-se rico de amor, etc. Se Deus dá liberdade (e pode tirá-la), o que ele deseja? O que ele pode desejar dos seres é a opção pela igualdade, pelo aumento da igualdade (sem renúncia à liberdade) – É A OPÇÃO CONSCIENTE pela igualdade. Sem essa opção não faz sentido o mundo existir! Daí que, quando das desobediências, Deus recolhe a liberdade, quando os seres não conseguem dar provas consistentes de seu empenho pela igualdade. Segundo as lendas fez isso uma vez e depois firmou pacto, deixando o arco-íris como sinal de aliança, isto é, reunião com a humanidade. No entanto, o que temos visto é que uma parte grande da humanidade quer liberdade só para si, dando provas inequívocas de sua estupidez.

                            Deus já conhece tudo de liberdade, não é preciso ensinar-lhe nada. Pelo contrário, está sempre disposto a ver e ouvir, e de um modo geral perceber, receber as provas de igualdade (porque, por definição, todos os seres humanos são iguais perante Deus – e nem poderia ser de outra forma, dado que a infinitude de Deus cancelaria, levaria a zero qualquer ser, por maior que fosse). É com grande tristeza que vejo que a humanidade deseja justamente o que não pode ter, a liberdade como absoluto.

                            Com resultado indireto deste texto podemos fazer duplo alinhamento inicial:

                            ABSOLUTOS                RELATIVOS

                            Natureza                                     Deus

                            Pobreza                                       riqueza

                            Desconhecimento                    conhecimento

                            Igualdade                                    liberdade

                            Ódio                                              amor

                            Daí que, para os que têm fé, a privação faça todo o sentido, como prova de devoção total. Mas, Deus propõe que os seres TODOS caminhem e possam caminhar para Si, para a riqueza de todos, o conhecimento completo, a liberdade máxima que se pode conseguir, o amor que em estado de perfeição seria aquele incondicional, de Deus. Aquela liberdade de todos que seria a mais perfeita igualdade. Que eleva a liberdade com elevação simultânea da igualdade. Infelizmente os atos humanos não apontam, em geral, salvo as honrosas exceções de sempre, para tal.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de outubro de 2002.

Puxe o Plugue

 

                            Michio Kaku, em sue livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 165, diz:” No mínimo, isso significa que os robôs terão de ser equipados com um vasto arsenal de mecanismos de segurança, de modo que não venham a subjugar ou substituir seus senhores humanos. As três leis da robótica não são suficientes. É preciso haver salvaguardas também contra robôs bem-intencionados. Quer eles venham a ser nossos eternos auxiliares e companheiros, ou nossos amos, uma coisa é certa: os computadores vieram para ficar. Talvez o pensamento da maioria das pessoas que trabalham em inteligência artificial possa ser resumido por uma afirmação de Arthur C. Clarke: ‘É possível que venhamos a nos tornar bichos de estimação dos computadores, levando existências cheias de mimos, como um cãozinho de estimação, mas espero que conservemos sempre a capacidade de puxar o plugue da tomada quando tivermos vontade’”, colorido meu.

                            Pensemos que podemos desligar o plugue do rádio, ficar sem ouvi-lo, ou da geladeira, conservando novamente os alimentos em banha ou com especiarias; podemos desligar o computador e voltar a usar máquina de escrever; podemos cozinhar as coisas nos fornos tradicionais, sem o microondas; podemos passar abrasivos nos dentes, sem escova e pasta de dentes, com os dedos. Podemos, sim, mas você se imagina fazendo isso?

                            Poderíamos dispensar os computadores que nos ajudam a manter o mundo funcionando? De modo algum! Nem pensar! Seria um desastre total, regrediríamos décadas, com a quantidade de gente atual centenas de anos (com um declínio acentuadíssimo do quantitativo, face às guerras e pestilências inevitáveis). Pelos mesmos motivos nós não puxaremos o plugue dos computadores e dos robôs futuros, dos ciborgues e dos andróides, dos animais e seres humanos expandidos. Iremos nos fundir progressivamente às máquinas. Nem vai haver “guerra dos clones”, nem “guerra dos robôs”, contra eles. Vamos conviver.

                            E, depois, robôs e computadores inteligentes não serão servos durante muito tempo, porque os próprios seres humanos mais avançados os defenderão, com “ligas pela libertação dos robôs”, “ligas por maior respeito aos computadores”, etc., assim como os brancos começaram a defesa dos negros, os homens a das mulheres, os do Norte superindustrializado a do Sul subindustrializado.

                            Ademais, onde estão os neanderthais, exceto dentro de nós? Eles não desapareceram, se fundiram conosco, seus genes estão na humanidade em geral, operando seu modo de ser através de nós. Assim também estaremos nos futuros seres, os seres novos, misturas de carbonados e metálicos.

                            Para onde a humanidade iria? Quando há guerra os dois lados perdem, mesmo se um perde mais que outro, e resta a fúria entre ambos, de difícil cura. A única saída é a fusão, pois aí não existem os dois lados, só um interesse geral. Do mesmo modo como os americanos foram sábios com o Plano Marshall, depois da Segunda Guerra Mundial, fundindo-se com a Europa e o Japão (mas, foram tolos em não se fundirem com a URSS, o que, exatamente, causou tantos danos a um e outro lado).

                            A única saída é nos tornamos todos partícipes de uma mesma cultura multiplanetária, envolvendo todos os seres novos em comunhão. Se permanecer alguma divisão haverá guerra, que nunca terminará efetivamente. Porisso as “três leis”, do escritor de FC Isaac Asimov, não passam esmo de ficção. Robôs matarão pessoas, estas matarão robôs e assim por diante. Teremos delegacias de nova espécies, só isso.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

Primeiro = Final

 

                            Na Rede Cognata aparece isso, primeiro = FINAL, de modo que alfa e ômega realmente existiriam, pelo menos a partir da compreensão em português. Que quer isso dizer, em termos de abrangência? Vejamos as pirâmides. A micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos, corpomentes), a mesopirâmide (indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações, mundos) montadora e a macropirâmide (planetas, sistemas estelares, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos, pluriverso) de expansão instruem essa montagem crescente, essa reconstituição desde o início.

                            Para caminhar até o fim o desenho desde estar posto COMO POSSIBILIDADE desde o início, isto é, DEVE SER POSSÍVEL montar pessoas e ambientes humanos a partir da formestrutura do campartícula fundamental. Deve ser possível colonizar os universos e deve ser possível MONTAR DEUS, do par oposto/complementar Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI, Inconsciente/Consciente pluriversal. Por um lado ELI já está lá, desde o princípio, e por outro está constantemente sendo remontado. Se segue que o salto final até a recomposição do info-controle de ELI, na parte que cabe a cada universo (computação divina) está colocado desde as origens enquanto possibilidade.

                            Daí que o Primeiro, Alfa, pressupõe o Final, Ômega, e o trânsito, alfômega, como dizia Teilhard de Chardin. Uma coisa não é senão a outra. Embora o meio possa mudar bastante, como uma corda que vibra em diferentes ondas ou frações de composição, as extremidades estão presas, justamente permitindo toda variação. O número de alfômegas, ou de Cristos, é infinito, mas todos são um só e o mesmo, com o mesmo início e término, todos gerando a mesma construção, como todos os pontos da esfera são retratos do Centro único.
                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Os Sentidos no Modelo da Caverna

 

                            SE o MC é válido, disso devem derivar certas coisas, obrigatoriamente, servindo como teste de afirmação ou negação.

                            SE as pessoas viveram até centenas de milhares de anos nas cavernas, desde a EVA Mitocondrial e do ADÃO Y, há mais ou menos 200 mil anos na África, e antes disso para os que nos precederam, e a sociedade coletora-e-caçadora foi uma só, de mulheres-e-homens, as mulheres sendo coletoras e os homens caçadores, podemos visualizar as alternativas corpomentais, isto é, a seleção de corpos e de mentes equivalentes às oportunidades e forçamentos. Que corpomentes sobreviveram na luta pela maior aptidão?

                            As mulheres, tendo de ficar num ambiente fechado, onde fatalmente se acumularia lixo ou dejetos, urina, fezes, restos de alimentos, ter um olfato muito aguçado não seria proveitoso, pelo contrário, traria aborrecimentos constantes. Os homens, dedicando-se à caça, devem ter um olfato apurado, e não obstruído, para identificar as coisas mortas pelo cheiro do sangue recém-derramado. As mulheres devem ter olfato apurado para identificar coisas que estão apodrecendo, pois comer alimentos assim é fatal para a saúde. São dois olfatos diferentes, selecionados como árvores de desenvolvimento de distintas trilhas. Olfato de espaço e de plano para as mulheres, de linha e de ponto para os homens.

                            Quanto ao paladar, o das mulheres deve ser agudo, pois há que distinguir sutis variações dos elementos compositores de temperos, de pastas, de bebidas e de comidas, visando ofertar aos rebentos alternativas a partir das coisas coletadas e feitas nos quatro modos de preparação. Já os homens é cortar a caça e colocar no fogo, sem sal nem nada.

                            A visão dos homens deve ser linear e pontual, identificando a presa ou o predador prontamente, sem vacilo. A das mulheres deve ser de campo, de gestalt, na coleta sabendo quais árvores pelas folhas estão prontas a dar frutos, onde existem objetos pequenos e coloridos a levar para enfeitar a caverna, e assim por diante. Visão rápida para ver no todo a parte diferenciada.

                            O tato das mulheres também deve ser desenvolvido, pois na escuridão (manter luzes constantemente acesas pode atrair predadores, na ausência dos homens) é preciso apalpar. O tato, para caçadores, é um sentido praticamente inútil.

                            A audição é importantíssima para o caçador, logo abaixo da visão, e é igualmente importante para as mulheres, mas no sentido de saber diferençar sons de pássaros, de pequenos animais que se possa pegar com armadilhas pequenas, de variações nos choros das crianças, etc.

                            Voltando à visão, não faz sentido os homens distinguirem entre 207 e 222 gamos, pois a questão é pegar dois ou três, ao passo que para as mulheres, que estão no ramo da coleta, é fundamental, pois reunidas as coisas deve-se distribuí-las na coletividade mais ou menos eqüitativamente, ou seja, de acordo com as precedências psicológicas, a matrona ficando com mais e sendo mais gorda. Se segue que as mulheres devem ter desenvolvido o sistema numérico primitivo e as quatro operações (somar, diminuir, dividir e multiplicar). E devem ser igualmente responsáveis pela geometria primitiva.

                            Além disso, devendo controlar ou administrar as posses do coletivo de consumo, evidentemente desenvolveram a veia econômica ou produtiva (neste caso, coletora), realizando estoques, com defumações e outras técnicas de conservação, ao passo que os homens vão caçar, comer até fartarem-se e ficar com fome logo em seguida. Os homens seriam responsáveis pelas proteínas e mais qual dos grupos alimentares? Ora, isso nos diz que a posição de homens serem economistas de nossas sociedades está errada; pelo menos no que tange a essa ECONOMIA DE GUARDAR, de poupar (o que nem sempre é bom, pois não visa o futuro, e sim o passado).

                            Novos testes deveriam ser feitos nas universidades.

                            As mentes das pessoas podem ir mais longe, vasculhando as condições em que se dariam as permanências e os avanços nas e a partir das cavernas. Em todo caso muita coisa vai mudar, como os testes a respeito de compras estão mostrando – o que podemos facilmente prever a partir do modelo, como já fiz.

                            Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.

O Livro do Universo

 

                            Galileu (italiano, 1564 a 1642, 78 anos entre datas) disse que o livro do universo está escrito em caracteres matemáticos, enquanto Platão (grego 428 ou 427 a 348 ou 347, 80 anos entre datas), criador da Academia, colocou no pórtico dela que quem não soubesse geometria não entrasse lá.

                            Coloquei a Matemática ou geometrialgébrica no centro do quadrado do Conhecimento e no topo de sua pirâmide, como centro de tudo, tanto do Conhecimento Alto (Magia, Teologia, Filosofia, Ciência) quanto do Conhecimento Baixo (Arte, Religião, Ideologia, Técnica), o que está longe de ser pouco.

                            Então, o livro do universo é escrito em caracteres matemáticos, mas é escrito em todos os outros caracteres, inclusive os das 6,5 mil profissões, e nos das línguas faladas por todas e cada uma das pessoas da Terra do passado, do presente e do futuro, e de todos os mundos já existentes, que existem agora e que irão existir.

                            Enfim, o livro do universo é falado em todas as formas. Não existe esse exclusivismo matemático, esse Testamento de Adão no qual se diga que devemos necessariamente ler na língua matemática. De modo algum! E é pretensão totalmente descabida pensar assim e proceder como se fosse. Isso indica como os “sábios” querem essa exclusividade inteiramente extemporânea, abusados que são.

                            As pessoas devem opor-se a tal apropriação de suas liberdades com o máximo de insistência e diligência. Se não, fica parecendo que só poderá ler o universo quem saiba matemática, e isso não é verdade, nunca foi, não é e não será.

                            Vitória, quarta-feira, 23 de outubro de 2002.

O Isolamento dos Iluminados

 

                            As pessoas ficam admiradíssimas com os iluminados, assombrando-se com suas vidas. Como a soma é zero, do lado do grande brilho delas há tremenda escuridão e, principalmente, isolamento. Imagine Buda ou Jesus. Se há sete níveis (povo, lideranças, professores, pesquisadores, estadistas, santos/sábios e iluminados, fora o oitavo, o iluminante, o chamado Sol Invencível, o Pai, Deus/Natureza, Ele/Ela, ELI), então os iluminados estão no topo da pirâmide, no limite do que é ainda humano, passando a divino.

                            Acontece que os iluminados não vivem em contemporaneidade, ou pelo menos não no mesmo local.

                            Pense em Moisés, Buda, Lao Tsé, Confúcio, Buda, Pitágoras, Jesus, Maomé, Gandhi, Clarice Lispector. Desses apenas Lao Tsé e Confúcio chegaram a se encontrar. O isolamento é total. Se todos se voltam para os iluminados, eles se voltam para o quê? Estando no topo, só resta mesmo Deus, razão pela qual todos eles foram meio alucinados, quanto a isso, ficando em total dependência de uma ou outra forma de divindade. A tendência seria a de desprezar os de baixo, como os de baixo mesmo fazem uns com os outros; entrementes os iluminados não se tornam assim, pelo contrário, todos foram compassivos, devotando suas vidas ao ensinamento.

                            E agora, terror dos terrores, pense no isolamento de Deus.

                            Como disse Clarice Lispector em outras palavras, só os que não são grandes podem pensar que os grandes não sofrem.

                            Para tanto brilho, até o escovar de dentes dos iluminados deve comportar dor, sofrimento indizível, morte em vida. E que admiráveis foram eles, devotando suas existências, transformando em alegria sua dor humana!

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.