domingo, 1 de janeiro de 2017


O Embroma

 

                            Minha mãe, que não passou da sétima ou oitava série, fala as palavras erradas, e chama o IBAMA de Embroma, que é conjugação do verbo embromar, enganar, mentir, iludir, enrolar, enganar, calotear, usar de artifícios para adiar a realização de um negócio.

                            Ao IBAMA compete fiscalizar as matas, dentro da política ecológica, e dar pareceres sobre os impactos ecológicos dos empreendimentos. O pensamento corrente é que “corre dinheiro”, o que o povo sempre pensa de tudo.

                            Entre as incumbências menores está vigiar o trânsito de animais, por exemplo, pássaros, que os funcionários apreendem aos montes, de caçadores e colecionadores. Eles cercam as rodovias e apreendem mesmo. Vão às residências e tomam na marra. Até então eu apoiava essas atividades, porque afinal de contas estariam eles protegendo os animais da extinção, o que é um serviço a nós e principalmente aos que vão nascer num mundo de primeira natureza quase devastada. Prendem até aqueles pássaros que não podem mais viver ao ar livre, fora do cativeiro, ao qual se acostumaram, morrendo inapelavelmente se forem soltos. Isso é ruim.

                            Acontece que soube de uma testemunha popular que foi a um desses retiros onde são recolhidos muitos pássaros que lá estes morrem sem alimentos, totalmente abandonados. Inquirido, um funcionário disse que não iria gastar dinheiro do próprio bolso para alimentá-los, em crueza chocante, tanto mais que os órgãos governamentais têm dinheiro para desperdiçar com Fernandinho Beira-Mar, mas não com outros prisioneiros da humanidade. Assim caminha a humanidade.

                            Nunca desprezo nada do que diz o povo, porque lá há considerável dose de sabedoria, se você souber ouvir. Minha mãe não é diferente. Apenas torcendo o nome do órgão estatal ela deu uma nova definição das verdades corrente por lá.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

Números e Zero

 

                                          Em seu livro, Filosofia da Matemática, 2ª. Edição, Rio de Janeiro, Zahar, 1976 (original de 1964 nos EUA), p. 79, Stephen F. Barker diz, coloridos meus: “os números 0, 1, 2, 3, etc., constituirão a nossa espécie fundamental de números; são chamados números naturais. Infelizmente a expressão é um pouco ambígua, pois alguns autores incluem o zero entre os naturais, enquanto outros não o fazem – mas não nos preocupemos com isso”. E na página 80: “Os axiomas de Peano, postos em palavras, são estes: 1. Zero é um número natural. 2. O sucessor imediato de qualquer número natural é também um número natural. 3. Números naturais distintos nunca têm o mesmo sucessor imediato. 4. Zero não é o sucessor imediato de qualquer número natural. 5. Se algo vale para zero e, valendo para um dado número, também vale para o seu sucessor imediato, valerá, ainda, para todos os números naturais”.

                            Preocupemo-nos, sim. Já ataquei a questão do zero antes. Agoraqui vamos abordar de novo, mas tentando adiantar algo mais.

                            Em primeiro lugar, o zero está na condição de MARCADOR POSICIONAL ou NOTACIOANAL, de notação, significando base. Por exemplo, 1, 2 ..., 9, e então acrescentamos 0 a 1 para formar o número seguinte, 10, que é a base, base 10, contando-se de 10 em 10. Poderíamos ter infinitos números: 1 ...,9, Љ, Њ Ћ, Ќ, Ў,  Џ, Г, Ф, Ц, Й, Л, Ф, Щ, Ю, б, ф, ђ, †, ‡, €, , Ω, E, [, ], etc, para indicar todos os seguintes, mas precisaríamos de uma memória infinita, além do que ficaria difícil fazer contas. Então 4 x 5 =Л = 2xЉ = 2x10 = 20. Não seria muito prático. Que seja base, veja, constata-se em 0, 1, 10 = 2. Acrescentou o zero denota-se a base. 0, 1, 2, 3, 10 = 4, base quatro. Por aí ele não é número.

                            Números são operadores, somadores, e o zero não opera, não soma, enquanto base, coisa nenhuma. Como notador posicional ele não é número.

                            Agora, na posição de VAGA, de não-presença, ele é ausência, e aí não pode mesmo ser número. “Aqui nada existe” não é equivalente a “existe aqui o AQUI NADA EXISTE. Aí ele é MARCADOR DE AUSÊNCIA.

                            Como elemento neutro da soma ele é indicador de não-existência, por definição, de elemento NADA, neutro, como em A + 0 = A. O um, elemento neutro da multiplicação, este tem significado. A.1 = 1. Os axiomas de Peano estão errados desde a origem, porque: 1) o zero não é número, e 2) ele não é natural. Na Natureza estão as coisas reais, isto é, concretas, não abstratas, que podem ser pegas, apalpadas, manuseadas, que oferecem resistência. O zero é mera indicação de não existência, que é a abstração da ausência de todos os objetos. O um é UMA COISA, numeralidade ou indicabilidade numérica. O zero não indica nenhuma presença.

                     Não há nenhum zero na Natureza, embora nós possamos ver todos os UM’s, a todo instante. O UM é a base da contagem. Não admira mesmo nada que o zero introduza confusões lingüísticas, como a divisão de 0/n = ∞. Claro, o vazio dividido por qualquer quantidade gera paradoxos: que número, multiplicado por “n”, dá zero? Desde o princípio pergunta malposta, contendo em si os germes do colapso mental. Portanto, os axiomas de Peano deveriam começar por: 1. O um é número natural. Começando pela existência e não pela não-existência, pelo real e não pelo virtual, pois se trata de coisas contáveis.

                            Se segue que toda a Matemática deve ser reconstruída, para acomodar essa nova compreensão. E com a ausência do zero.

                            Vitória, quarta-feira, 16 de outubro de 2002.

Nacionalidade e P&D

 

                            Notícias soltas nos jornais são significativas também, quando temos um pano de fundo para significá-las, para conectá-las aos demais elementos de vida, dando coerência interpretativa.

                            Por exemplo, noticiou-se que o número médio de patentes é de 15 por milhão no planeta de hoje, enquanto o do Brasil é de 0,6 por milhão, 90/1 desfavoravelmente ao nosso país, existindo países que chegam e ultrapassam a 300 por milhão, na proporção de 500/1 contra nós. Isso nos faz persistentes compradores de patentes, quer dizer, de inteligências alheias, às quais pagamos direitos de autoria.

                            Recentemente cortaram as verbas do INPI, Instituto Nacional de Patentes Industriais, pelo quê retiraram o pequeno escritório que estava no ES, aproveitando sala junto ao INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia); mas não desativaram o INMETRO e outras agências, pelo quê entendo que medir é mais importante que inventar, para esta civilização de fundo português.

                            Se o Brasil dobrar a produção de patentes por milhão de habitantes A CADA ANO, na base de 90/1 ainda demorará quase sete anos para chegar à média, o que exigiria um esforço monstruoso de todos os brasileiros, pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados e nação). Em relação ao mundo, na relação de 500/1 quase nove anos. Com ritmo de crescimento muito mais razoável de 10 % ao ano, respectivamente 47 e 65 anos. Se não começarmos logo estaremos perdidos.

                            Se as patentes, modelos de utilidade, marcas, direitos autorais, desenhos industriais, programas e outros registros constituem no plano do desenvolvimento o índice preferencial de renovação dos conjuntos, evidentemente o Brasil é renovado DE FORA PARA DENTRO, é totalmente, na proporção média de 90/1, dependente mais que independente. Perguntando de outra forma: se fosse trancada a fonte externa, quando tempo resistiríamos até sucumbir na barbárie?

                            As nacionalidades que não tem pesquisas teóricas e desenvolvimentos práticos são, assim, dependentes mentalmente do exterior, destinadas a seguir modas, a nunca expressar seu autêntico modo de ser. Em termos de conhecimentos altos e baixos ficam sempre defasadas, precisando ser atualizadas de fora. Que gênero de respeito podem ter, nessas condições?

                            Desse jeito o Brasil, o ES e Vitória copiam o exterior, vivendo como papagaios das mentes alheias, vivendo de suas lembranças, de suas emoções, de suas verdades, de suas expectativas em relação ao futuro, de sua geo-história, de suas crenças religiosas, de tudo que vem de fora, técnica e ciência, ideologia e filosofia, religião e teologia, arte e magia, para não falar de matemática. É nisso, principalmente, que somos terceiro mundo.

                            Vitória, sábado, 12 de outubro de 2002.

Montador Racional

 

                            A mesopirâmide (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos, empresas, e AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações, mundos) constitui o que chamei de MONTADOR RACIONAL, surgindo um dominante (em nosso caso o homo sapiens sapiens, HSS) que começa o processo de construção a partir do PAR FUNDAMENTAL, que para nós apareceu mais ou menos há duzentos mil anos, com diferença espacial pequena, pouca distância uma do outro, a EVA MITOCONDRIAL do ADÃO Y, as descendências de ambos se fundindo e fazendo emergir o HSS finalizado.

                            Devemos ver mesopirâmides maiores e menores, nunca exatamente iguais à nossa. Memória, inteligência e controle, do lado do SER, proporcionando determinado acesso à matéria, energia e informação, do lado do TER. Esse par polar oposto/complementar SER/TER, como se dá em cada cenário planetário? Essa tríade (memória, inteligência e controle), cada pólo indo, digamos, de 1 a 100 %, poderiam nos dar um largo espectro de 1 x 1 x 1 = 1 a 100 x 100 x 100 = 1.000.000. Talvez nos situemos na média ou não, ou mais próximo de qualquer extremidade. Aqui, como em tudo mesmo, vale a Curva de Gauss ou do Sino, que é como um ômega (Ω). Uns terão montado mais rápido que nós, outros mais lentamente. Pode ser que alguns já tenham reconstituído a Mensagem geral desde as primeiras centenas de milhões de anos, enquanto outros ainda demorarão bilhões de anos, só conseguindo lá pelo final.

                            E como se parecerá o MR em cada planeta? Como eu já disse, em termos de replicadores, basta que estes existam e levem ao processo de acumulação quando do aparecimento dos corpomentes gêmeos do par fundamental, em nosso caso o/a homulher. Depende do espectro solar, de uma série de fatores, inclusive aquelas que serão localmente consideradas as CNTP’s, condições normais de temperatura e pressão. Isso dá margem a uma quantidade ilimitada de modelações computacionais.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Modelos Moleculares em Museus

 

                            Os americanos têm isso, não é? - de colocarem museus de tudo, no quê estão certíssimos. Não sei se europeus e japoneses os seguem nesse exemplo fundamental, mas pelo menos vemos nos filmes e documentários museus de tudo nos EUA.

                            Nesse todo estão os museus com modelos moleculares.

                            Se não há a grande piscina com o trampolim altíssimo, como as pessoas se sentirão estimuladas a saltar? Não há como realizar grandes saltos de um trampolim de três metros de altura - é até ridículo. Portanto, criando os modelos moleculares na Química e na Física, especialmente na primeira, é possível empurrar as crianças PARA ALÉM, porque ninguém irá produzir o que já existe, pois seria vaiado.

                            Não admira mesmo nada que o Prêmio Nobel seja agora um encontro anual de americanos, mais alguns penetras.

                            Sendo a Química essa extraordinária potência, dividida em Química Orgânica e Química Inorgânica, podemos ter dois supersetores. Podemos falar de Química S18, S19, S20 e S21, compreendendo os séculos, mais uma Química pré-18, que englobaria o resto. Computadores, documentários, maquetes de plantas de fábricas, o que elas produzem, a indústria do petróleo e dos plásticos (inclusive Tupperware e correlatos), as escolas no Brasil e fora, os anos de formação, a grade curricular, os ganhos, as escolas de farmácia e bioquímica, a genética química, o Projeto Genoma Humano, os outros genomas, o ADRN – assuntos não faltarão.

                            E creio mesmo que os estados todos deveriam montar cada um seu espaço, convidando os professores a dar palestras todos os dias, levando os alunos das escolas, recebendo empresários, enfim, fazendo prosperar a Química a níveis estratosféricos.

                            Essa é a diferença entre a prosperidade americana e o atraso geral do mundo, menos de alguns que os copiam de perto: os americanos popularizam, tornam o conhecimento um gosto, uma alegria, um contentamento PÚBLICO, para o povo. Isso é verdadeira democracia, e não aqueles anúncios dela, feitos da boca para fora. Com atos concretos. Isso, sim, nós podemos aplaudir.

                            Vitória, sexta-feira, 11 de outubro de 2002.

Microtransportes

 

                            Há uma piada assim: “Senhores passageiros, aqui quem vos fala é o comandante Jonas. A temperatura a bordo permanecerá nos 21º C, o tempo estimado de chegada é de seis horas e quarenta minutos. O avião comporta três andares, no superior ficando as salas de observação, de passeio, os restaurantes, os bares. No médio ficarão confortavelmente sentados três mil e quinhentos passageiros. No nível inferior está o estádio, o ginásio, piscinas e outros confortos. O avião dispõe de 250 toneladas de combustível. Senhores passageiros queiram afivelar os cintos e permanecerem sentados que eu vou tentar levantar essa merda do lugar”.

                            Enfim, o gigantismo dos objetos é risível.

                            Os meios de transporte eram grandes, obrigatoriamente, porque deviam comportar PELO MENOS o piloto, o motorista, o condutor. Agora, que existem os GPS, os computadores, a telemática, a cibernética, qual a razão disso? Então, lá nas patentes, comecei a pregar a construção de aparelhos pequenos, conduzidos desde longe. Podemos imaginar o tempo em que um lado conduzirá metade e pouco mais do trajeto, enquanto outro receberá com protocolo de passagem, termo de transferência na metade e mais um pouco, durante uma faixa ambos estando no controle, por exemplo, entre Brasil e França.

                            Os meios de transporte só levariam mesmo suas cargas e a computação embarcada, indo a velocidades muito maiores, não pressurizados, quase uma grade voadora, no caso de aviões, com uma cobertura que apenas livre do calor do Sol, lugar somente para as cargas. Trens, caminhões, navios, aviões, o que for, podem ir livres de seres humanos, estes sim, ido em aviões e transportes comuns, sem cargas.

                            Veja só que economias formidáveis seriam geradas!
                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

Língua Final

 

                            No livro de Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia, vol. São Paulo, Paulinas, 2000, na página 622, os autores dizem em duas passagens: “(...) a ‘navalha de Ockham’ abre caminho para um tipo de consideração ‘econômica’ da razão (...)”, e adiante, (...) libertar nosso pensamento da fácil confusão entre entidades lingüísticas e entidades reais, entre os elementos do discurso e os elementos da realidade. Substancialmente, o que Ockham defende é que não devemos atribuir aos sinais, necessários para descrever e comunicar, nenhuma outra função senão a de representação ou símbolo, cujo significado está em assinalar ou indicar realidades diversas deles”.

                            Qual seria a consideração mais econômica da razão?

                            É aquela da solução minimax, conseguindo o máximo de todos os máximos com o mínimo de todos os mínimos na Tela Final, onde ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele, consegue fechar = ACHAR (na Rede Cognata) a Equação do Mundo. Esta é, certamente, a consideração mais econômica de todas.

                            Ora, essa razão mais econômica dentre todas liberta o Ser geral e em especial o ser humano da confusão entre entidades lingüísticas e entidades reais, mostrando a simultaneidade ou fusão dos pares de opostos/complementares, por exemplo, entre real e lingüístico, ou virtual, aquilo que denominei virturreal. Daí que, se Ockham está certo na primeira parte, está erradíssimo na segunda.

                            E essa FUSÃO TOTAL, perfeitíssima, é a Língua Final = PI = UNIVERSAL = PRIMEIRA = EIXO, é aquele mesmo eixo em volta do qual tudo mais gira, aquele Centro = ABSOLUTO, o núcleo mesmo onde todas as essências são existências, e vive-versa. Daí que a Língua Final seja mesmo a Língua Universal.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.