domingo, 4 de novembro de 2018


O Morro dos Ventos Uivantes ...

 

Não sei onde os arquitetos e engenheiros da prefeitura estavam com a cabeça que não esperaram o ano todo para sondar o lugar, mas o fato é que construíram um palanque imenso tipo Woodstock ou Rock in Rio para a realização de shows. Terraplenaram o lugar e fizeram enorme estacionamento, bem como gramaram uma área grande para os roqueiros sentarem. Banheiros, quiosques, pronto-socorro, tinha de tudo.

Logo quando foram fazer a primeira apresentação por ocasião da festa da cidade viram que ventava muito e o vento encanado pelos morros laterais produzia aquele som aterrador, uuuuu, uuuuuu, era de arrepiar.

O MORRO DOS VENTOS UIVANTES

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Parecia coisa construída, mas era natural.

Uuuuuuuuuu, aquela coisa penosa, alma penada mesmo.

Além do incômodo do uivo havia a chateação maior, pois parecia vaia – os músicos estavam tocando e parecia que o público estava vaiando. Não tem coisa pior, qualquer um estremece com isso, qualquer um fica abalado, transtornado. Experimenta, se você não acredita. Demole todo cristão, acaba com o cara mais forte e destemido. Ainda mais que não era vaia que esgotasse o fôlego, que a pessoa precisasse respirar, era contínuo mesmo, ia fundo na alma.

Os músicos que se apresentavam tentaram levar na flauta, tentaram não prestar atenção, botaram chumaços de algodão nos ouvidos, mas não adiantava, além de dificultar ouvir os compassos dos outros. Apresentou-se a segunda, a terceira, a quinta banda no primeiro dia; a fama negativa foi se espalhando. Cada banda terminava a apresentação com alívio e corria para os camarins, procurando fugir o quanto antes daquela cidade.  A muito custo levaram o segundo dia, já quase vazio de público, foi fracasso com grande gasto de dinheiro e o que deveria elevar o prestígio do prefeito levou-o ao fundo, a imprensa montou em cima, tanto pelo fracasso quanto em razão do gasto elevado. No outro dia a mesma coisa, três dias de agonia.

No ano seguinte tentaram colocar tapumes, porém foi ruim, bem ruim, porque agora o uivo-vaia ficava mais fino, mais agudo, chegava a doer os ouvidos, alguns desmaiaram, não sei se de frescura ou imitação, alguns chegaram a sangrar. Foi duro. Colocaram médicos, não adiantou.

No terceiro ano foi ainda pior. Parecia que os morros estavam querendo se vingar, o troço todo desandou de vez.

Nem houve quarto ano, o palco está lá enferrujando, a cobertura está caindo, ninguém quer passar nem perto.

Serra, terça-feira, 26 de junho de 2012.

O Matador do Kraken

 

Como se viu nos filmes, Perseu matou o Kraken e depois foi cerimoniosamente saudado pelos soldados com mesuras e reverências.

O KRAKEN ERA O GODZILA DE ANTIGAMENTE

KRAKEN DOS GREGOS
GODZILLA DOS JAPONESES
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Pelo que se pode avaliar, o Kraken era enorme, não sei se 20 ou 30 metros de altura por 50 a 80 metros de comprimento, é questão de avaliar. Como disse Asimov (e as pessoas de antigamente não raciocinavam) o aumento da temperatura corporal cresce com o cubo do aumento da massa, portanto em si mesmo o Kraken pegaria fogo, a menos que fosse “de sangue frio”, quando deveria ficar muito tempo ao sol para entrar em movimento.

Seria como o “fogão de lenha”, feito de lenha, que pegaria fogo da primeira fez e não teria mais serventia. Na verdade, o “fogão de lenha” tem o nome de fogueira. O “fogão a lenha”, cujo combustível é vegetal seco, esse pode ser usado durante muito tempo até.

Os ficcionistas (da FC, ficção científica, e da fantasia), místicos, julgam-se livres para fazer e dizer seja o que for. Seria poderoso exercício da psicologia-p.3 estudar os romances de todo tipo, a literatura, de modo a ver nas falhas e na pressa do fazer debilidade pessoal coletivamente debilitante, quer dizer, as pessoas escreverem não deveria corresponder a falhas investigativas que, reparadas, poderiam favorecer muito a ciência-técnica.

Afora isso e outras falhas dos livros e séries de TV, o fato é que o Kraken era o bichinho de estimação do dono do Kraken, que um dia chegou à Terra em sua imensa nave espacial perguntando pelo danadinho, tão carinhoso, tão amoroso, tão afeito a afagos e demonstrações de afeto, tão fiel. Que criaturinha doce! Tão pequeno e ao mesmo tempo tão amoroso, como é que pode?

Ele não gostou de saber que tinham matado o pincher zero dele.

Serra, terça-feira, 26 de junho de 2012.

O Discurso que Matou o Senhor K

 

Primeiro foi o discurso de Eisenhower sobre o complexo industrial-militar, de cujas repercussões nunca ninguém falou, nem os geo-historiadores. Como era a vida de Ike antes e depois?

IKE ANTES E CHILIKE DEPOIS (na despedida em 1961: ele esperou estar na porta já saindo)

O complexo militar industrial e a energia nuclear
por Rui Namorado Rosa
É geralmente reconhecido que o termo «complexo militar-industrial» foi introduzido pelo general Dwight Eisenhower no seu discurso de despedida como presidente dos EUA, em 1961.
O discurso de Eisenhower
Três parágrafos do discurso, os mais frequentemente citados, abordam diretamente a questão:
«Essa conjunção de um imenso establishment militar e uma grande indústria de armas é nova na experiência estadunidense.

Curiosamente ninguém investigou o episódio sob a ótica do estremecimento entre o poder supostamente subalterno do complexo IM e o supostamente alterno superpoder do governo (tríplice: Executivo, Legislativo e Judiciário) americano. Foi só aquele discurso e nenhuma iniciativa reparadora para retomada do poder ameaçado ou até retirado, do qual ele reclamava como acintoso, malévolo.

OS DISCURSOS DE K

Discurso de Kennedy sobre Sociedades Secretas
7 de outubro de 2010
Seu discurso pronunciado em 27 ABR 1963, o penúltimo de sua vida, cujo objetivo foi denunciar a atividade criminosa das Sociedades Secretas Sionistas ameaçadoras da segurança mundial que, ante tal denúncia e tal resistência anunciada, advinda do Presidente da grande potência mundial, ao que tudo indica, “providenciaram” o seu ASSASSINATO, ocorrido sete meses depois, em 22 NOV 1963.
“A palavra SECRETO é repugnante em uma sociedade livre e somos um povo intrínseca e historicamente avesso às sociedades secretas. Decidimos, há muito tempo atrás que os perigos de ocultar excessivos e injustificáveis atos pertinentes foram muito mais perigosos do que o perigo que citaram para justificá-los [buscar informações sobre a ordem do caos]. Ainda hoje não há muita oposição à ameaça que são as sociedades secretas e das restrições arbitrárias dessas. Ainda hoje há reduzidos valores garantindo a sobrevivência da nossa nação [a Nova Ordem Mundial quer acabar com a soberania dos países]. Se as nossas tradições não sobrevivem com tudo isso, existe um perigo muito grave de uma necessidade anunciada de se aumentar a segurança, que será aproveitada por aqueles que estão ansiosos por expandir seu significado, chegando até os limites da censura e encobrimento, e eu farei tudo que tiver ao meu alcance para impedi-los, e que nenhum funcionário de minha administração, seja seu grau alto ou baixo, civil ou militar, interprete as minhas palavras nessa noite como justificativa para censurar ou para suprimir a dissenção ou para encobrir nossos erros, nem para reter da imprensa ou do público os fatos que eles merecem ter conhecimento.
Existe uma CONSPIRAÇÃO MONOPOLÍTICA e IMPIEDOSA ao redor do mundo, à qual NÓS NOS OPOMOS, que conta com meios secretos de convertermos à sua causa, para assim, aumentar sua esfera de influência, como a infiltração ao invés da invasão, a subversão ao invés das eleições, a intimidação ao invés da livre escolha, guerrilhas noturnas ao invés de exércitos de dia. É um sistema que conseguiu recrutar uma vasta fonte de recursos humanos e materiais, dentro de uma máquina de alta eficiência, que combina operações militares, diplomáticas, de serviços de inteligência, econômicas, científicas e políticas. Seus planos e a execução dos mesmos não vêm a público, não são publicados; os seus erros se enterram e não aparecem em primeira página [refere-se à conivência da Grande Mídia Sionista mundialmente dominante]; seus dissidentes são silenciados e não abalados; nenhum gasto é questionado; nenhum rumo é inspecionado; NENHUM SEGREDO É REVELADO (ver atuação do Grupo Bilderberg ou Clube de Bilderberg = Nova Ordem Mundial)
Nenhum presidente devia temer a inspeção pública de seu programa, porque dessa inspeção vem a compreensão, vem o apoio ou a oposição, e ambos são necessários. Não estou pedindo à imprensa que apoie a administração, mas peço a sua ajuda na tremenda tarefa de alertar o povo americano, e tenho a inteira confiança na resposta e na dedicação dos nossos cidadãos. Eu não poderia suprimir a controvérsia de seus leitores. Eu lhes agradeço. Essa administração [governo] tem a intenção de ser sincera quanto aos seus erros. Como disse um sábio: “um erro não chega a ser um erro, até que você se recuse a corrigi-lo”. Temos a intenção de aceitar total responsabilidade por nossos erros, e a esperança que vocês nos apontem os erros quando não os percebermos. Em tese, nenhuma administração em nenhum país pode triunfar, e nenhuma república sobreviver, e é por isso que o legislador ateniense Solo decretou que é um crime para qualquer cidadão não recorrer de controvérsia, e é por isso que nossa imprensa foi protegida pela Primeira Emenda, a única imprensa na América especificamente protegida pela Constituição, não primariamente para entreter e divertir, não para acentuar o trivial e o sentimental, não para simplesmente dar ao público o que ele quer, mas para INFORMAR, desvendar, refletir e indicar nossos perigos e nossas oportunidades, para indicar nossas crises e nossas escolhas, para dirigir, moldar, educar e às vezes enfurecer a opinião pública. Isso significa uma amplitude de análises de notícias internacionais. Dessa forma, o mais distanciado não estará distante; se encontrará mais à mão e local. Isto significa uma atenção mais ampla e uma melhor compreensão das notícias, bem como uma melhora nas transmissões e, finalmente, significa que o governo em todos os níveis, deve ter a obrigação de proporcionar a informação mais completa possível, até mesmo além dos limites mais estreitos da segurança nacional. E dessa maneira, na imprensa e nesses arquivadores de acontecimentos humanos, guardiões da consciência e mensageiros das notícias, buscamos a forma e a assistência, confiantes de que com sua ajuda o homem será para o que nasceu ser: LIVRE E INDEPENDENTE. ”
JOHN FITZGERALD KENNEDY
27 ABR 1963
 (JAG: foi morto no mesmo ano, em novembro, 22)

K DEPOIS DOS DISCURSOS

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Kennedy foi o único presidente americano católico, todos os demais e antes e de depois foram ou são protestantes, muitos deles maçons (inclusive o atual, Barak Obama). Como sabemos, a Igreja é contra a maçonaria, tem editos contra ela; a maçonaria se liga (no meu modo de entender) a todas as sociedades secretas do tipo dos Bilderberg, dos Rotary, do Clube de Roma, dos Rosa-Cruz, dos Illuminatti, da Trilateral e, talvez, dos Skull & Bones.


Naturalmente K era, senão fiel servo, pelo menos católico fervoroso. Talvez fosse agir contra as sociedades secretas, que trabalham o tempo inteiro contra a Igreja. Não foi a Máfia (que foi para lá desde a Itália e cujos chefes eram, na década dos 1960, todos católicos dedicados).

Serra, sexta-feira, 22 de junho de 2012.

O Chefe

 

- Gente, não vai dar não.

- O que foi, Washington?

- O que foi, o que foi... O que foi é esse negócio de ser chefe.

- Ué, todo mundo foi, você é o último, agora é a sua vez.

- Gente, me inclui fora dessa.

- Não dá, não, Was. Você tem que assumir.

- Gente, pensa bem, estou no meio do meu projeto, no momento crucial, se eu desviar a atenção vou fazer burrada.

- Problema seu.

- Não, peraí, Mateus, nós vamos ajudar, sim, poder ficar sossegado, Was. Vamos ser totalmente solidários, Was, mas escapar dessa você não vai não. Você é o último do alfabeto, nós somos quase 50 adultos aqui na comunidade... TODO MUNDO passou por isso, não vem, não.

- Porra, gente, quebra essa, alguém que gosta...

- Como, gostar, você acha que nós somos primitivos?

- Não, primitivos, não, estamos na anarquia, sem-chefe, compartilhamento e tal e coisa, mas pelos menos colaborar, alguém me substitui, eu pago.

- Washington, escuta, cara, você quer solapar nossos valores, que é isso de pagar, retornou no tempo?

- Não, gente, mas tô desesperado, não nasci para isso de ser chefe.

- Quem nasceu?

- Bom, ninguém, né, quer dizer, antigamente alguns com complexo de inferioridade nasciam sim, se apoiavam nisso.

- É PORISSO QUE ELES ERAM PRIMITIVOS, NÉ? Acorda, Was.

- Gente, eu não vou aguentar seis meses disso não, vou desabar.

- Washington, a Mara chorou seis meses, mas não abandonou.

No restaurante as pessoas começaram a olhar e a vaiar.

Washington ficou desconcertado.

Falou, olhando ao redor, peitudo.

- O que cês querem? Tem gente que é mais fraca... Eu sou assim, fazer o quê? Questão de mesloquência (riu). Eu compreendo, racionalmente eu sei, entendo perfeitamente, apoio, discurso a favor, mas é a emoção, entendem, é muito difícil. Quem inventou isso de ser chefe?

- Bem, Washington, você sabe, alguém tem de fazer as tarefas de organização, tudo aquilo, você recebeu aulas quando era criança. Qualquer criança sabe, nós fomos treinados para nossa quota de sacrifícios. Você não pode empurrar pros outros, é criancice, você tem de assumir, vá ao psicólogo.

Serra, quinta-feira, 21 de junho de 2012.

O Casamento de Teseu e Ariadne

 

Depois de Ariadne (aranha, em grego) ter fornecido o fio (e a inteligência) que permitiu a Teseu sair do labirinto depois de matar o Minotauro, eles fugiram e se estabeleceram.

A FIRMA DE ARIADNE E TESEU

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Teseu no trampo de pertubar a boa vida do mano-tauro.
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Aridane vai à praia e assusta os banhistas.
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Ariadne, esperta que só ela, colocou o nome dela na frente: Ariadne, Teseu & Filhos, pensando logo em compromissá-lo pelos 35 ou 45 anos seguintes, antes da aposentadoria, se a presidanta Tilma permitisse. Quis casa de véu e grinalda, pura, pura, a safadinha. Pegou Teseu com 25 e devolveu com 60 ou 70 anos todo estropiado.

Isso foi depois.

Ela tecia teias, como aranha que era, mas não era da política.

Antes eles tiveram de casar.

Esse casamento, em si mesmo, foi complicado PORQUE Ariadne não parava de tecer dia e noite: tapetes, cortinas, tricô, crochê, macramê, tramurdiduras completas.

Naturalmente, como não podia deixar de ser, a firma teles foi uma fábrica de tecidos e o CNAE (Código Nacional de Atividades Econômicas) era justamente esse. Começou como MEI (microempreendedor individual), sem necessidade de inscrição estadual, depois passou a microempresa, ME, que tem IE, porém não declara ao estado, declara à federação através do DAS/N, declaração anual do simples nacional. Nessa condição tiveram de contratar contador devidamente inscrito no CRC (Conselho Regional de Contadores). A seguir foi a vez da EPP (Empresa de Pequeno Porte). E foram progredindo sempre.

Isso foi depois.

Antes tiveram de casar.

E ESSE foi o problema, porque como Ariadne NUNCA parava de fiar, ela fiou de tudo e encheu a igreja de coisas de todo tipo.

Fiou para Teseu e os seus padrinhos, para ela e as madrinhas, a sogra e o sogro, para os deuses e deusas, para a mãe (a aranha negra; o pai era falecido, mercê da mãe), as crianças que levaram o rabo do vestido, o padre e o coroinha, os músicos, os anjos dos vitrais, os bancos e as cadeiras, os instrumentos do altar, os carros que ficaram de fora, as árvores e tudo mais num raio de 150 metros. Até as flores receberam algo.

Um mimo.

Teseu, num daqueles momentos de revelação súbita, de epifania, percebeu nitidamente que tinha caído em palpos de aranha.

Serra, terça-feira, 26 de junho de 2012.

No Campo da Tecnociência

 

- Cumpradre, ocê podia mi ajudá?

- No quê, cumpradre?

- Minha matriz num tá funcionando.

- Pru quê, cumpradre? U que ocê quis fazê?

- É uma matriiz de 100 equação por 100 variável, tá tudo bem definidu, mas os parâmetru tão esquisitu.

- Esquisitu como, cumpradre?

- Num sei, apontano umas coisa doida.

- Ocê já testou com falsificações?

- Já e ao inveis de vir dentro das faixas isperada de erru, saiu muito.

- O que ocê tá buscano?

- Se os polipeptídios vão reagir à superoxigenaçaum dentru da câmara hiperbárica.

- Nunca tinha pensadu nisso. Ocê acha que a superoferta de oxigenu vai excitá as molécula?

- Pois intão, óia aqui. Us controli tão tudo nus conformi. Arrepara.

- Di fatu, cumpadre. Tá esquisitu demais. As placa de petri ocê teve cuidadu de limpá?

- Tivi, sim, limpei treis veiz.

- E ocê compensou as lenti do microscópi para o aumentu de pressão devida à superoferta de oxigenu?

- Não.

- Ocê tevi cuidadu de passar pelas limpeza de praxi?

- Isso tivi, mas teve uma hora que eu entrei depressa...

- Vai ver foi issu, as bactéria proliferou de ocê. Combinadu com a descompessaçaum do microscópi foi a conta, produziu os parâmetru erradu. Ocê vai ter de começá tudo do zero.

- Puta merda cumpradre, será?

- Ô, cum toda certeza.

- Seis semana...

- Melhó que as gozaçaum, hem? Negu tá de olhu, querendo pegá a gente de carça baixa.

- Melhó mermo, cumpradre. Brigadu.

- Num tem de quê. Pra quê nois somo cumpradre?

Serra, segunda-feira, 02 de julho de 2012.

Neg-Ação

 

Um sujeitinho muito impertinente.

Inventou de procurar saber quanto tinha sido tirado dos que compraram ações das empresas, isto é, quanto eles haviam perdido com a queda delas no mercado. É investimento, não é? É investimento DE RISCO, não é? Então, por quê reclamar? Todo mundo sabe que pode perder...

Pois bem, esse sacana foi investigar a trajetória de cada uma das 50 empresas que listou primeiro: de onde veio, como evoluiu econômica-financeiramente, o crescimento do valor das ações, qual o montante perdido quando houve a quebra-falência, para que paraísos fiscais os diretores e o presidente transferiram a bufunfa (veja só que petulância!), onde estão vivendo com seu rico dinheirinho surrupiado e assim por diante.

Dá uma raiva!

Se eu pudesse dava uma surra nele.

O crápula foi investigar e entrevistou as pobres velhinhas e os desastrados velhinhos que perderam suas aposentadorias. Para quê velhinhos e velhinhas vão se meter EM MERCADO DE RISCO? Vão passear, vão ver os netos, vão para a Flórida, caramba! Pra quê se meter onde não são chamados?

E, depois, não há nada de mal voltar a trabalhar aos 60, 70, 80 anos, isso até melhora a circulação, dá uns novos tônus, faz sair de casa e esquecer as dores, eles até param de reclamar.

Pra quê tanta gente em casa estiolando?

Vão às ruas, saiam de casa, alegrem-se, é o que digo.

Dar uma surra naquele cabra safado não posso, não tenho forças, ele é mais jovem e eu não saberia bater o bastante, nem de jeito. Posso contratar. É o que vou fazer.

Ele me incluiu na lista, ordinário!

Nem posso ir ao clube de golfe que todos os amigos me param para cumprimentar e perguntar disfarçadamente quanto lucrei... Eu lá vou dizer!

Bem, cada um vai ter de dar 10 mil, x 50, dá 500 mil, coisa bem feita, trabalho de primeira. E os que não estão na lista vão ter de contribuir também, porque há outra lista pra sair e dizem que o governo vai investigar, tem mais gente que precisa da passagem de ida, não é só o corno, tem mais gente na jogada.

Vamos ter de cotizar.

É possível que chegue a 100 mil cada um para limpar o terreno.

Que filho da puta, não sei que pai e mãe põem gente assim no mundo.

Serra, segunda-feira, 25 de junho de 2012.