Não
se Move uma Folha se Deus Não Quiser
Esse é o dito popular, que é sempre redução
do pensamento original.
Primeiro, não é querer (na Rede Cognata =
QUEDA = VONTADE = ARBÍTRIO e segue), é desejo (= JÁ = TUDO = TOTAL e segue). O
desejo de Deus é já, não é para depois – o acontecimento, o fato coincide com o
desejo, é instantâneo, no átimo. O querer, já tratei disso, é intermediado pela
construção, digamos de uma bela lapiseira (quando existia a Tchecoslováquia) Toison
D’Or (tosão de ouro, imagino, até porque era amarela).
Se fosse como diz erradamente o ditado
popular, de cada coisinha do universo só acontecer por desejo de Deus, o
livre-arbítrio iria para o lixo, porque todas as vontades humanas dependeriam
de validação, todas elas seriam falsas com relação ao querer (com isso a responsabilidade
iria para o brejo).
O MP
Modelo Pirâmide não é assim, é 50/50 querer/desejo, Natureza/Deus. A
Natureza é a criadora, não é Deus: e ela cria erradamente a partir das
potências perfeitas, da matriz de possibilidades, dos moldes divinos, objetos
variadíssimos que enferrujam, têm tempo de maturação, depois caducam e desaparecem,
desmilinguem. Como Deus poderia criar artefatos imperfeitos? É a Natureza que
faz em erro: Deus apenas interfere quando lhe interessa e mexe um pouquinho
aqui e acolá, SEM TOCAR NO ARBÍTRIO. Essa seria a grande dificuldade para nós,
que só sabemos bulir nas coisas reduzindo a liberdade.
Dos 50 % de Deus podemos tirar que há inamovíveis
postes fincados, em conjunto chamados destino, por onde a Natureza passará,
queira ou não queira, para o jogo permanecer estável. Claro que, se TODOS
quisessem mergulhar no abismo, Deus deixaria, seria a vontade da totalidade dos
racionais.
O que, penso eu, a frase original queria
dizer é que Deus PODERIA interferir e que, se ele quisesse realmente, a folha
não cairia, porque teria outro projeto para ela. E seria assim com tudo, você e
eu, se tivermos utilidade: ele poderia retardar o envelhecimento, obstar a
morte e realizar outras operações milagrosas situadas fora do contrato natural.
Vitória, quarta-feira, 5 de julho de 2017.
GAVA.