O Trabalho Celestial
Quando Eles Estavam Àtoa
Por os celestiais
não realizarem trabalho braçal eles sempre pareciam nada estar fazendo,
pareciam estar permanentemente àtoa, de folga, gozando a vida, porque os servos
não entendiam o que faziam. Então, quando estavam desenvolvendo as máquinas, ou
Adão construindo os corpos e os artefatos, tudo soava como divino, mágico; e
quando os adâmicos posteriores ficavam desenvolvendo as fórmulas matemáticas,
tal atividade era extraordinária para os servos, os desenhos feitos em toda
parte, em papel, em máquinas, no chão, nas paredes como que em quadros negros.
A Matemática é a
mesma em todo o universo, os gráficos de geometria são os mesmos em toda parte,
porisso os contemporâneos irão entender. Os atlantes devem ser mostrados
fazendo as operações, mas escrevendo em outra língua; quando os estudantes
atuais forem ao cinema, se emocionarão, porque pensarão que tudo aquilo era
real, dado que a Matemática comporta essa realidade chamada abstração. Os
celestiais adultos serão mostrados ensinando às crianças deles num ritmo muito
rápido. Os alunos de matemática (quase todos os seres humanos) de hoje se
identificarão com os grafos supostos antigos e a partir daí quererão estudar
mais.
Os servos não
entendiam patavina.
Os humanos que
vieram depois e se debruçaram mais perto de seus amos e senhores puderam
aprender alguma coisa, que usaram depois na Suméria, chamada Babilônia, nos
milênios e séculos do porvir. Contudo, os servos sapiens passavam longe. Por
dias e meses, por anos e décadas, por séculos e dois mil anos (de 3,75 a 1,75
mil antes de Cristo) os augustos fizeram sua matemática incompreensível diante
dos embasbacados servos e humanos. Esse foi um separador muito pesado, pois os
humanos aprenderam alguma coisa, que vazou para os egípcios e depois para os
gregos, ao passo que os sapiens nunca entenderam absolutamente nada e evitavam
até procurar saber. Desse jeito a matemática foi um separador entre as duas
humanidades desde o princípio.
E foi assim que na
remota Antiguidade ficou um lamento incompreendido de Matemática, compondo as
lendas de uma Idade de Ouro em que os “deuses” estiveram entre nós e praticaram
alta matemática (que, lembre-se, está emparedada com eles, em suas cabeças,
dentro dos sarcófagos postos dentro das pirâmides).
Vitória,
quinta-feira, 01 de julho de 2004.