Eu Que Bebi de Todo
Aquele Cansaço
PEGUEI UM PARA REPRESENTAR (na Barsa digital 1999)
Alceu
Amoroso Lima: Crítico
literário e pensador católico que sempre se envolveu com a política e as
questões sociais, Alceu Amoroso Lima partiu de uma posição muito conservadora
para chegar ao fim da vida como um intelectual progressista, em luta contra
as transgressões à lei e a censura que o regime militar de 1964 iria impor ao
Brasil. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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O fato é que nós
bebemos como leitores, como espectadores, como qualquer um que se beneficia do
trabalho dos escritores e outros que trabalharam por todos e cada um, daquelas
longas horas trabalhadas. Não bebemos do suor dos que se divertiram nas praias,
nos bares, em todo lugar onde o prazer foi a recompensa somente de quem o teve.
Sempre e por toda
parte aproveitamos o trabalho.
Todos esses livros
que existem no mundo, as peças de teatro, as leis científicas achadas, a
Matemática re-produzida, tudo isso veio dos corajosos que por anos e décadas
nos deram diariamente uma dose de cansaço. Todo o prazer que foi tido ficou no
passado, ao passo que todo cansaço alcançou o futuro. A soma é quase zero.
Quase. O que nos dá futuro ou aptidão é o cansaço, o mourejar contínuo, a luta
diária pela sobre-vivência. Nos programas de computador, nas pontes, nos
prédios, em tudo que nos dá futuro está o cansaço de homens e mulheres dos
quais e das quais o suor escorrido é a água que nos dá de beber e é o sal que
nos alimenta.
A Alceu de Amoroso
Lima e todos os que como ele e outros lutarem para produzir conhecimento novo,
futuro novo, nosso agradecimento.
Vitória, domingo, 27
de junho de 2004.
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