sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017


Erros Irreversíveis

 

                            Vi em algum lugar anunciarem um livro de Scot Turow, creio, com esse nome: Erros Irreversíveis.

                            Deve ser erro do tradutor, porque erros, como acertos, são sempre irreversíveis, exatamente porque TODOS OS FATOS o são, e erros e acertos são, antes de tudo, fatos. A condição de qualquer coisa notável é ser fato, exceto Deus, que não é notável pelas mentes racionais, mas é fato, condição de todo fato. Entrementes, Deus é notável pelos seus atos produtivos, suas emanações, como diriam os cabalistas, e é daí que, embora não-notável diretamente, é-o pela sua produção.

                            Fatos marcam o tempo para nós, portanto fatos marcam-se como, julgados pelos racionais e suas escolhas, erros e acertos.

                            Me incomoda que as criaturas não tenham cuidado com os enunciados PORQUE, como disse a Clarice Lispector ao seu modo (que se não fôssemos corretos ao enunciar não saberíamos se estaríamos incivilizadamente sentados na mesa ou, civilizadamente, à mesa, na cadeira, junto à mesa), o falar correto é condição de avanço, de crescimento civilizatório.     

                            A vida incivilizada é ruim, não apenas para os de maior visão como para todos, porque fora dela os sentimentos e os pensamentos humanos mais apurados não podem manifestar-se – fica-se sempre rente à lama, como grama que muito se espalha mas não adquire altura.

                            Os tradutores precisam de um pouco mais de cuidado nas traduções e os editores devem cobrar deles providências para obter maior fidelidade à origem, quando não respeito à lógica da língua portuguesa.

                            Vitória, terça-feira, 13 de maio de 2003.

Análise de Compras das Empresas


                            Impresso.

A Riqueza de Dario

 
                            Impresso.

Entre Uns e Outros

 

                            O Wagner Luís Fafá Borges, diretor do CENDI (Clube dos Inventores do ES), presidente do www.Inventar.com.br, está promovendo a sexta Feira de Inventos em Vitória.

                            Saiu n’A Tribuna de hoje informações sobre um certo Dionício, que inventou uma máquina de fazer tijolos ecológicos; tal processo já existia em 1975, quando gravitávamos em torno deste e de outros assuntos na UFES, no processo que estava então surgindo do SOLO-CIMENTO, misturando simplesmente solo e cimento.

                            De qualquer forma ele aprimorou o processo, não sendo mais necessário procurar minas de argila para tirar o raríssimo barro (tanto assim que são minas protegidas) para fazer tijolos e lajotas. Em todo e qualquer lugar que se esteja pode-se fazer, a um preço naturalmente muito menor, dependendo a máquina que, esta, será cara, naturalmente (evidente que ele é capitalista, preza esses valores, e espera enriquecer).

                            Entrementes, a Prefeitura Municipal de Afonso Cláudio, na região serrana do ES, divisa com Minas Gerais, pode comprar a máquina e ceder horas aos pobres e miseráveis ou aos agricultores e pecuaristas, facilitando em muito as construções, barateando-as tremendamente.

                            Ou pode deslocá-la para as regiões próximas e começar a fazer milhares de tijolos por hora (tipicamente a que está mais adiantada faz agora 12 mil/hora). Sendo necessários 45/m2, pode-se fazer 267 m2/hora de parede, um terreno de Linhares tendo em geral 15 x 30 = 450 m2, nos outros lugares em geral 12 x 20 = 240 m2, uma casa inteira em apenas uma hora. Se considerarmos oito horas de trabalho por dia, tirando sábados e domingos, 2 x 52 = 104 dias, mais dez dias feriados, 114 dias, sobram 365 – 115 = 250, x 8 = 2.000 horas e outro tanto de casas. Em seis anos todo o déficit habitacional de AC/ES estaria zerado. Com 30 mil habitantes, a divisão clássica de 30 % de miseráveis e 50 % de pobres, 80 % dão 24 mil habitantes, com famílias de quatro pessoas, seis mil famílias ou luzes, como se dizia antigamente, seis mil divididos por dois mil, seis anos.

                            Não é preciso buscar minas de argila, nem processos complicados: compra-se a máquina, instala-se junto a fonte de energia, se pega terra em qualquer sítio, coloca-se junto o cimento e está pronto.

                            Por comparação veja esses intelectuais, digamos professores de universidades ou certos “filósofos” repetidores como as estações repetidoras de TV. A esse Dionício não queriam deixar ir representar o ES, porque é analfabeto, ao passo que foi e ganhou o primeiro prêmio, como é justo e necessário.

                            E outros, tão inúteis são os intelectuais, que só sabem reclamar sem nada de útil fazer, arrotando sempre de suas supostas alturas, esses que denigrem a imagem do inventor, que fazem eles?

                            Os inventores têm essa utilidade notável, de produzirem coisas que são imediatamente usáveis pela humanidade em geral, pelos brasileiros, pelos capixabas. E os intelectuais?

                            Entre os inventores iletrados e os intelectuais carcamanos vou sempre preferir os primeiros. De longe.

                            Vitória, quarta-feira, 14 de maio de 2003.

Curiosidades da Rede Cognata

 

                            Vou pegar partes de vários livros, traduções feitas com a Rede e Grade Signalíticas, Livro 2, q.v.:

·        De Hernani Donato, Dicionário de Mitologia, São Paulo, Cultrix, s/d, p. 21: “ACUÊ – Também Ecuê, tido pelos afro-cubanos do culto de Abassi como o primeiro homem sobre a Terra, moldado com a seiva de uma grande árvore. Tem como irmão a Mbéri, seguindo as crenças afro-americanas de que os heróis povoadores só podem aparecer em dupla”, negrito e colorido meus. Se V = B (isto é, se a pseudoconsoante é B, como em travesseiro = TRABESSEIRO = TRAVESSA = TRABESSA), então uma tradução válida seria MODELADO COM A CHAVE DE UMA GRANDE CRIADORA.

·        Idem, p. 19: “ABASI – Deus máximo de culto agro-cubano. É a origem da raça, o que espiritualmente ficou no céu orientando ou castigando os terrenos. Por extensão é o supremo poder espiritual. Criou todas as coisas retirando-as da copa ou do oco do tronco de uma grande árvore. Seus filhos Mbéri e Acue foram os primeiros homens”. Mbéri = MODELO e Acuê = T = EQUILÍBRIO. Abasi = CAOS, oco = T.

·        Novamente, p. 19/20: “ABASSI – Entre as tribos negras ocidentais, nos territórios da antiga África francesa, o deus que povoou o mundo. O texto foi recolhido (...)”, e segue, negrito e colorido meus. Ou seja, O DEUS QUE CHAVEOU O MODELO.

·        Li num lugar qualquer (foi falha minha não anotar) que “se plano não for aberto o projeto será fechado”, ou algo assim, cuja tradução seria: SE PI NÃO FOR ABERTO (CRIADO = GERADO) O PLANETA SERÁ MORTO. Mas, se F = S, então fechado = SOLTO.

·        País = HOMEM, nação = MULHER. Por quê essa distinção? Certas coisas da Rede me escapam.

·        Ladainha = ROTINA = LITANIA = RITMO, Ladainha é “S.f. 1. Série de curtas invocações em honra de Deus. 2. enumeração ou relação fastidiosa, lengalenga. 3. Discurso longo e fastidioso”, no Dicionário Michaelis-UOL. Litania inclusive é sinônimo de ladainha. Rotina é “S.f. 1. Caminho habitualmente trilhado e sabido. 2. Uso geral. 3. Hábito de proceder sempre da mesma maneira, sem atender aos progressos”, idem. Ritmo é “S.m. 1. Movimento ou ruído que ocorre com intervalos regulares. (...)”. Veja que a Rede torna todas as palavras aparentadas, assim como a outras: ÁTOMO = COSMOS = ORDEM = ADÃO = COMUM, etc.

·         

Capitais e Nações

 

                            Evidentemente as pessoas não fazem as investigações possíveis, nem sequer as mais necessárias, sobre os bancos de dados.

                            Por exemplo, não temos uma listagem mundial das megalópoles, reconhecidas como tal, ou das metrópoles, ou das cidades grandes e das cidades médias, ou, de baixo para cima, das menores, e de uma série de curiosidades, nem para o mundo nem para cada nação.

                            A população da Argentina era em 2001 de 37,5 milhões, representando o aglomerado de Buenos Aires, capital, 12,0 milhões ou 32 %, quase um terço dos habitantes do país. Por comparação a capital brasileira, Brasília, tinha 2,0 milhões para a população nacional em 2000 de 169,6 milhões ou 1,2 % apenas – o que mostra que numericamente a capital de nosso país não interfere em nada.

                            Quanto o 1 % das cidades significa no contexto geral, em cada país? As capitais dos estados ou províncias são também as maiores cidades? Como se sabe, nos EUA não são as capitais as maiores cidades, pelo contrário, tiveram o cuidado de desvincular. Quanto representam os 10, 20, 40 % de cidades? Quantas cidades caberiam na maior? Quantos habitantes estão nas 10 maiores? E assim por diante, a variação é ilimitada. Quanta representação as cidades têm nos congressos? Qual a mais alta e a mais baixa? Qual é a geo-história das cidades? Dá para fazer um livro imenso, analisando todas as abordagens da questão. O curioso é que não o tenham feito. Para quem já avançou relativamente tanto, a humanidade é ainda bem boboca. Falta um livro de fotos. De computação gráfica, de vias de aproximação das cidades, de tudo que está no modelo.

                            Vitória, sexta-feira, 16 de maio de 2003.

Brasíadas

 

Chamada obra máxima de Camões (Luís Vaz de, 1524/5 a 1580) e da língua portuguesa, Os Lusíadas (de Luso, indicação do povo português, personagem mitológico, suposto filho ou descendente de Baco, primeiro habitante da península ibérica), conta a geo-história dos portugueses desde as supostas origens olímpicas daquele povo. Infelizmente o épico não foi ainda filmado, ao contrário das obras de Shakespeare (Willian, 1564 a 1616), um seu contemporâneo anglo-saxão.

Por homologia, peço aqui a construção de um paralelo do povo brasileiro, naturalmente remontando à vertente portuguesa, mas não só, investindo também nas demais contribuições européias-brancas, americanas-vermelhas, africanas-negras e asiáticas-amarelas, ou seja, reunindo as quatro raízes deste povo-novo, como o chamou Darcy Ribeiro. Poderíamos pegar Os Lusíadas como homenagem aos descobridores (das oportunidades – pois eles não falam de Descobrimento e sim de Achamento) como raiz maior ou principal, juntando-se as outras depois. Dá um belo filme-piloto, com um seriado a seguir.

Um grande escritor poderia fazer, mas talvez seja interessante juntar um grupo inteiro de profissionais. Quem sabe estes reunindo os elementos, aquele compondo a saga, ou trabalhando todos juntos, sob encomenda, mas não ufanista ou orgulhosa e sim honrada e consciente.

Sempre achei que o Brasil vai ser importante no futuro e tenho lá minhas razões para estimular algo assim. Aqui o povo trabalhou muito, mercê das sobre-dificuldades apresentadas por elites tapadas e ignorantes de sua missão histórica, sempre deitadas em berço esplêndido. Isso deve ser retratado.

Vitória, terça-feira, 13 de maio de 2003.