sábado, 11 de fevereiro de 2017


Os Gordos

 

                        Mesmo levando em conta o “gene gordo” os gordos ou obesos deveriam comer pouco; se um nada já engorda, mesmo esse nada é excessivo. Todavia, em geral, os gordos comem muito e nem se dão conta disso. Dirão sempre que comem bem pouquinho e não sabem porque engordam. Sendo o corpo uma contabilidade, mais ou menos apurada, o único modo de não engordar é não demandar, não consumir, e o modo de emagrecer é consumir menos do que é necessário para a manutenção das atividades corporais, a diferença sendo diminuída das reservas, como quem consome o capital.

                        Os gordos não são gordos biológicos/p.2 e sim gordos psicológicos/p.3: É A ALMA QUE É GORDA, até imensa.

                        Mas, o que é o gordo?

                        Os gordos são pessoas fracas, por excelência – vendo um gordo você está vendo o retrato da fraqueza, do temor, da covardia, do receio, da timidez, da pusilanimidade, do acanhamento, do embaraço, da vergonha, da incapacidade de enfrentamento. É porisso que CURAR OS GORDOS de sua doença PSICOLÓGICA/p.3 é curá-los de sua fraqueza, dessa falta de vontade, desse recuo permanente que vai se escorar na superalimentação, como quem varre os problemas para debaixo do tapete.

                        A REFORMA (transitória, o mero primeiro emagrecimento) E TRANSFORMAÇÃO (a reeducação mental) DOS GORDOS em magros passam pela reforma e transformação de suas almas, quer dizer, pelo ensinamento do enfrentamento. Tem de ensinar a encarar, a defrontar, a arrostar, a opor, a contrapor os problemas com soluções ou lutas. As desculpas para não disputar com as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) ou AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações ou mundo) são variadíssimas e por si só renderão muitos livros, numa lista enorme, que vão desde o cinismo até os pseudo-altruísmos.

                        Tomando-se o conhecido índice “peso em quilogramas/(altura em metros)2” = p/A2, cheguei para 1,71 m a 91/(1,71)2 = 31, quando o máximo é 25. Então, não estou falando dos outros, não estou julgando o próximo. Sei de exemplo próprio.

                        Quando você vir um gordo pode saber que ali vai um fraco, deficiente de iniciativas de luta, uma alma RECOLHIDA dentro de si, que tem ou não motivos reais para assim ser, e vice-versa os magros, o que pode ser um índice de contratação (mas, lembre-se, a soma é zero: se os gordos são deficientes em algo, neles é superabundante outra coisa) políticadministrativa governempresarial.

                        A CURA DOS GORDOS (é psicológica/p.3)

1.       Cura das figuras ou psicanálises (é a última, a forma é conseqüência dos demais itens – ela é resultado final);

2.       Cura dos objetivos ou psico-sínteses (os gordos devem escolher METAS DE ENFRENTAMENTO, mas isso não significa ofensa – eles devem buscar resolver os problemas, o que precisa primeiro ser identificado);

3.      Cura das produções ou economias (em que sistema se insere o indivíduo? A cura não pode ser só interior, embora isso seja o principal; ela deve EMAGRECER o ambiente, digamos a casa, da superoferta de produtos excessivamente açucarados e gordurosos);

4.      Cura das organizações ou sociologias (as sociedades nas quais nos inserimos são SOCIEDADES GORDAS, que superestimulam a superalimentação);

5.      Cura dos espaçotempos ou geo-histórias (nitidamente nosso coletivo de produção, vindo da extrema pobreza do passado, é fixado nos abusos alimentares – no Japão, onde os alimentos são raros, a comunidade é ensinada a se contentar com pouco).

Assim sendo, CURAR OS GORDOS, curar suas almas, passa necessariamente por muita conversa com os pacientes, como fazem os homeopatas, de modo a prepará-los para aquele enfrentamento, até com ginástica em academias (mas não para superconsumir calorias e sim para aprender a socar e a apanhar, a bater e a levar). ASSIM SENDO, curar os gordos não é tarefa de médicos e sim de psicólogos. Porisso quase todos os regimes dão errado, exceto aqueles que, no fundo e sem o saber, estão fazendo exatamente isso que estou dizendo.

Há um outro modo, brutal, de solucionar através da dialética, mas não vou abordá-lo aqui.

Vitória, segunda-feira, 07 de abril de 2003.

ONU-Escolas

 

                        No mesmo sentido do artigo-par deste, Escritórios da ONU, é preciso colocar ESCOLAS INTERNACIONALIZANTES, ou seja, que ensinem PSICOLOGIA MUNDIAL (figuras ou psicanálises mundiais; objetivos ou psico-sínteses mundiais, produções ou economias mundiais; organizações ou sociologias mundiais; espaçotempos ou geo-histórias mundiais), em particular ECONOMIA MUNDIAL (agropecuária/extrativismo mundial, industrialização mundial, comercialização mundial, serviços mundiais e bancos mundiais).

                        Daí o movimento pelo Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) mundial, em particular a pontescada tecnocientífica, dentro dela a pontescada científica.

                        Renovação dos currículos, para uma visão global, planetária mesmo, de fundo coletivo humano, sem contar continentes, fronteiras nacionais, divisas estaduais, limites municipais/urbanos.

                        Formação dos professores. Uniformes distintivos, com as cores da ONU, para fazer a transição até o poder planetário.

                        Dificuldade de entrar, de modo a valorizar estar (tanto para o corpo docente quanto para o discente, professores e alunos, e diretores, bem como quadros de serventes) na Escola Azul (digamos, porque essa é a cor padrão da ONU), de pré-primário até pós-doutorado, especialmente primeiro e segundo graus, de mais barata manutenção.

                        Por quê renunciar ao prestígio nacional? Ninguém estaria mesmo renunciando a nada, pelo contrário, estaria de fato prestigiando sobremaneira seu próprio futuro. Lembre-se que a ponte de país a país, através da escola, ensinando numa língua internacional a par da nacional, habilitaria o país sede para novos saltos. A manutenção da escola seria feita pelo país, quando de primeiro ou segundo mundos, ou pelos 110 mais à frente, o que corresponde a dois grupos de 55 deles, de modo que aos EUA caberiam 25 % do esforço, à Europa dos 15 outro tanto, ao Japão 15 % e aos demais proporcionalmente até os 110 da frente. De forma que essa metade, mais adiantada, fornecesse as verbas sem, contudo, interferir (ou tentar obstruir) na (e a) cultura nacional, ao contrário, favorecendo-a e estimulando-a. No terceiro, quarto e quinto graus a pesquisa & o desenvolvimento teórico & prático seriam superestimulados, visando a COMPREENSÃO DO MUNDO enquanto unidade.

                        Vitória, sexta-feira, 11 de abril de 2003.

O Português no Brasil

 

                        Antônio Houaiss publicou O Português no Brasil, 3ª. Edição, Rio de Janeiro, Revan, 1992, no qual fala do que pensava ser falsa separação entre a língua portuguesa falada no Brasil e a língua portuguesa falada em Portugal e antigas províncias, do que discordo amplamente, como já escrevi.

                        O título ensejou que eu pensasse no português, o habitante de Portugal, desde o surgimento deste: “Fernando de Castela toma Coimbra em 1064; seu filho Afonso VI faz de Henrique de Borgonha conde de Coimbra; o filho de Henrique intitula-se rei Afonso I em 1139 e conquista Lisboa com o auxílio dos cruzados estrangeiros em 1147. A soberania consolida-se com a expulsão dos mouros em 1249. Em 1385 sobre ao trono João I, da dinastia Avis”, como nos conta o Almanaque Abril 2002, p. 409.

                        Contemos de 1139, desde Afonso I, até 2003 mais de oito séculos, 864 anos (com mais 36 comemoração de 900 anos, nove séculos, em 2039), de existência diversa dos portugueses. Sendo como sou de descendência italiana e vendo nos portugueses tantas coisas boas e ruins, tantos acertos e tantos descalabros, estou isento de culpas de autopreferência. Esse povo saiu por todo mundo, tendo em 1500 apenas dois milhões de habitantes, agora uns 10 milhões, e de fato conquistou imensas terras, implantando a civilização de fundo português nas Américas, na África, na Ásia. Foi admirável, algo a aplaudir mesmo.

                        Como os portugueses e as portuguesas se misturaram com os outros povos em Portugal mesmo e nas regiões ultramarinas? O que desenvolveram, sob a ótica de chegada e construção, de bom e de ruim? Ora, há aí uma geo-história a ser recuperada. Especialmente do Brasil, que é o maior e mais importante país da comunidade lusófona.

                        Vitória, sexta-feira, 04 de abril de 2003.

O Discurso Vadio

 

                        No mesmo livro de Juremir Machado da Silva, p. 146 e ss, ele entrevistou Darcy Ribeiro, entre agosto de 1989 e janeiro de 1991, antes de o antropólogo brasileiro famoso, fundador e ex-reitor da UnB, Universidade de Brasília, ex-ministro, educador, um dos poucos intelectuais que jamais respeitei, depois senador, falecer, faz alguns anos.

                        Na página 151 podemos ler:

                        “JMS - O senhor acompanha o trabalho de antropólogos brasileiros em evidência: Roberto DaMatta, Renato Ortiz, Gilberto Velho e outros?

                        “DR – Eles correspondem ao que acabei de descrever. Integram a categoria da antropologia vadia. Ajudam o discurso europeu a habitar o Brasil”, negrito meu.

                        De fato, o discurso de quase todo antropólogo, e quase todo intelectual é um discurso vadio, à toa, sem ocupação, dos folgados, dos ociosos que não têm PRESSA DE SALVAÇÃO de ninguém, nem sequer de si mesmos. Estão a serviço de aclamar os estrangeiros, especialmente os europeus, para ver se conseguem migalhas dos seus olhares, quando eles estejam desocupados de outras tarefas mais importantes. É o discurso da nova roupagem da escravidão, inventando e reinventando os motivos para os povos novo-colonizados continuarem a crer nos novo-colonizadores, reintroduzindo as imagens e os conceitos tidos como superiormente críveis e adotáveis por nossas mentes supostas tacanhas e incapazes de perceber a grandeza sem o trabalho vadio de tradução e adequação “às condições brasileiras”. É o trabalho da reevangelização no pior sentido, o de capar os porcos para a engorda socioeconômica pelos estrangeiros – pois tudo começa pela submissão mental e, portanto, pela castração dos pensadores locais que poderiam ousar desafiar o domínio alienígena.

                        Sem dúvida alguma Darcy estava certo, ele que foi sempre um lutador podado e violentado, que foi verdadeiramente um patriota profundo, um brasileiro da mais alta estirpe.

                        Nem chega a ser triste a presença de tais antropólogos. É apenas mais um índice das necessidades de alturas de ultrapassamento do dique de contenção mental que foi erguido em volta de nós por essa vadiagem medonha e amedrontada, que têm medo dos outros e até de suas próprias capacidades. Que nojo!

                        Vitória, sexta-feira, 11 de abril de 2003.

O Dia de 16 Horas

 

                        Naturalmente o dia tem em torno de 24 horas, o que está marcado nos relógios, mas nós devemos rever isso.

                        Os espaçotempos do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral, todos diferentes, foram asfixiados pela pretendida dominância tecnocientífica, coincidindo tragicamente com o de 24 horas da pontescada tecnocientífica, da pontescada científica (ET físico-químico, ET biológico/p.2, ET psicológico/p.3, ET informacional/p.4, ET cosmológico/p.5 e ET dialógico/p.6), em particular o primeiro, o espaçotempo físico-químico, que é dominante.

                        Acontece que nosso tempo é psicológico/p.3, ele não tem 24 horas, pois dormimos oito horas por dia (os bebês mais, 12, os velhos menos, 6 ou 4). Depois, o TEMPO PSICOLÓGICO não corre do mesmo modo para todos, de modo que deveríamos rever o TΨ, tempo psicológico. Ninguém colocou ainda qualquer mídia que nos ensine a administrar o tempo, para cumprimento das tarefas, para estudar aquilo que, como já comentei, é o tempo certo de cada coisa, como dizia minha mãe: “tudo tem seu tempo certo”. Qual é o tempo certo de cada coisa? Em primeiro lugar não sabemos, mas já sabemos que é somente 16/24 = 67 % do que dizem ser. Também há um tempo para alimentação, para escovar os dentes, para defecar e urinar, para tomar banho, para fazer as unhas, para cortar o cabelo, para as mulheres pinturas e outros tratamentos, vestir e calçar: coloquemos aí três horas por dia, sobram (16-3) /24 = 54%. Das 13 x 7 = 91 horas semanais tiremos ainda duas horas de transporte por dia ao trabalho, 5 x 2 = 10, ficamos com 81 horas; oito horas de trabalho por dia, 8 x 5 = 40, restam 41, que divididos por 7 nos dará menos de seis horas em média por dia para sermos nós mesmos, em nossa humanidade DE VIGÍLIA.

                        Então, NOSSOS dias têm no máximo seis horas, e não 24; ninguém nos ensinou a aproveitá-las, pois por errada suposição qualquer um deve saber como proceder melhor. Se a coletividade pretende nos ensinar tudo a respeito de aprendizado do trabalho, quer dizer, do aproveitamento de nós pelos outros, como é que não nos ensina o aprendizado do lazer, o aproveitamento de nós por nós mesmos?

                        Em resumo, temos 6/24, ¼, 25 % do tempo para nós mesmos.

                        Isso quer dizer que uma pessoa de 80 anos viveu em vigília apenas 20 anos para si mesma, não coletivamente. Onde está o tal mundo individualista de que tanto falam?

                        Vitória, segunda-feira, 07 de abril de 2003.

Novamente na Rede

 

                        Veja as coisas curiosas que aparecem na Rede Cognata (leia Rede e Grade Signalíticas, Livro 2), como explicações de frases:

·         Língua = PÁTRIA = SUJEIRA = PORTA, etc.: como quando, freqüentemente, alguém diz “a língua é minha pátria” (acho que o primeiro foi Fernando Pessoa, o grande poeta português). Tradução: língua = 0/NG = PT = PÁTRIA. Mas se L for B = D = J = T, então língua = BRANCA = DENTE = BAMBA = BOMBA.

·         Estrela imorredoura = MODELO PIRÂMIDE

·         Costela de Adão = CRISTAL DO CORDÃO (do ADRN, certamente) = CRISTAL DE ÁTOMOS

·         Velas = BELAS (se V = B = D = J = T = L, etc.) = DEUSES = DUPLAS = DEMÔNIOS = TRAIÇÕES, etc.

·         Anjo da Morte = PIRÂMIDE DO MODELO

·         Sete espíritos =SETE MODELOS

·         Espírito antigo = MODELO PIRÂMIDE

·         Espírito sempiterno = MODELO SOBERANO

No livro Antologia de Vidas Célebres (volume que fala de Hermes, Orfeu, Teseu e Rômulo), São Paulo, Logos, 1960, p. 30, o autor diz: “Porque, antes de Édipo, eles sabiam que a chave do enigma da esfinge é o homem, o microcosmo, o agente divino, que resume todos os elementos e todas as energias da natureza”, colorido meu.

·         Esfinge = MODELO

·         Agente = BOMBA = TEMPESTADE = TORMENTA, etc.

·         Divino = DEUS = DEMÔNIO = DUPLO, etc.

·         Elementos = MODELOS = ESTRELAS = ESPADAS = EXÉRCITOS, etc.

·         Energias = PIRÂMIDES = ANTENAS = SOBERANOS = PEDRAS = PRATAS, etc.

As traduções possíveis são muitas, mas releva que AGENTE DIVINO = BOMBA DUPLA (se V é pseudoconsoante), ou LÍNGUA DUPLA (se L = B). O que entender disso?

Vitória, sexta-feira, 11 de abril de 2003.

Marin Complexo

 

                        No livro citado de Juremir Machado da Silva, p. 221 e seguintes, ele entrevista o filósofo Edgar Morin, no capítulo “Os filhos da incerteza”. Na página 229, eles dizem:

                        “EM – Precisamos mudar nosso modo de pensar. Por isso, defendo a idéia do pensamento complexo, multidimensional e global”.

                        “JMS – O pensamento complexo que o senhor defende não produz também simplificação, dada a vasta gama de elementos envolvidos? ”

                        “EM – O pensamento tradicional cartesiano enfrenta um problema difícil dividindo-o em pequenos pedaços. O pensamento complexo foi bem formulado por Pascal, que disse: ‘Todas as coisas estão ligadas, são causas e conseqüências, mediatas e imediatas, e tudo se associa através de um lado insensível, o mais distante e o mais próximo’”.

                        Na época de Descartes (René, filósofo, matemático e físico francês, 1596 a 1650, 54 anos entre datas) ele colocou a questão dos divisíveis, das separações úteis, didáticas, que não deve ser descartada como inoportuna, apenas insuficiente hoje, quando existe MUITO MAIS gente e gente especializada estudando. É a solução particularista, enquanto a solução de Pascal (Blaise, matemático, físico, filósofo e escritor francês, 1623 a 1662, 39 anos entre datas) é a generalista. Se os pesquisadores tivessem desde o início querido seguir a esta, pouco teriam avançado, porque poucas são as mentes capazes de abarcar muitos elementos, e é porisso mesmo que os problemas têm de ser divididos e subdivididos, para serem atacados pelas mentes mais frágeis.

                        O debate entre simples e complexo, ora a superafirmação de um, ora a de outro, é supérflua, senão perigosa para ambos os lados, mesmo quando um ou outro vença temporariamente. Morin está certo, precisamos assumir nossa responsabilidade de estudar e compreender o complexo, buscando a totalidade pelo ímpeto de totalização, o ato permanente de procurar totalizar. Não se trata só de Descartes, nem somente de Pascal, mas dos dois, de adotar o simplexo, como prega o modelo.

                        Agora, Morin está coberto de razão ao dizer que não é mais possível continuar apenas fragmentando o Conhecimento em pequeníssimas pastilhas, é preciso enfrentar a questão da busca da solução geral, unitiva – queremos o quadro completo.

                        Vitória, segunda-feira, 07 de abril de 2003.